Introdução
A mensagem do Evangelho do
Reino é uma mensagem essencialmente redentora em seu conteúdo, pois diz
respeito a uma primeira espécie real que fracassou trazendo a morte e o caos
para toda a criação e criaturas, e sobre o Rei que, fazendo-se servo, trouxe
restauração desse estado caótico através de sua obra expiatória, estabelecendo
assim, o Reino que o Criador anelava desde o princípio. O fato é que ao longo
dos séculos o caráter pleno e definitivo desta poderosa obra redentora tem sido
diluído pela teologia, tornando assim a Igreja uma “peregrina intrusa” na
Terra, que é encorajada por essa teologia a não empreender esforços de
conquista aqui, pois anseia por um ideal relativo de céu. Esse escapismo que
tem sido a escatologia predominante a pouco mais de um século, que fala de uma
forma de “arrebatamento invisível” que tirará a Igreja de sua labuta terrena,
produziu uma mentalidade derrotista na Igreja que deveria ser militante,
restringindo a obra da Redenção meramente ao âmbito da alma humana. A Redenção
efetuada por Jesus Cristo, como já dissemos anteriormente, foi completa, tanto
com relação à criação inanimada, como à criatura, “todas as coisas”. (Colossenses
1:20). E especialmente a criatura, tem sido redimida em sua totalidade,
apenas aguardando uma coroação definitiva, que dentre outros aspectos nos
garante um corpo glorificado (I
Coríntios 15:52-58).
A
REDENÇÃO DA IMAGEM DIVINA NO HOMEM
A diferença de uma imagem de TV normal, HD, Full HD ou
ruim e cheia de chuviscos, é a sintonia com o satélite. Se movermos o receptor
exatamente em direção à face do satélite, teremos uma imagem perfeita, e
qualquer desvio dessa posição poderá comprometer a qualidade da imagem. A obra
redentora de Cristo possibilitou ao homem, outra vez mover seu coração em
direção à face do Deus Criador. O primeiro Adão começou a perceber as primeiras
“interferências” na imagem divina em si quando colocou seu “receptor” debaixo
de uma árvore proibida; até então ele não havia perdido a imagem de Deus (Gênesis 1:27), mas ao comer do fruto,
logo ele percebeu que tudo ao seu redor começou a perder a beleza, a vida e
cor, inclusive ele. Era necessário erguer num lugar elevado, uma “antena” de
alta qualidade para restaurar ao homem uma imagem de alta qualidade; mas
somente alguém perfeitamente qualificado poderia erguer essa antena sob a
tempestade da ira de Deus. Quatro mil anos depois de péssima imagem, Jesus
Cristo, no alto do Monte Calvário “fixou” a cruz diante do Pai, e através dela,
para o corpo de Jesus convergiram todos os pecados do homem caído, e
consequentemente, toda ira de Deus recaiu sobre ele, para que a humanidade
fosse restaurada pela fé à imagem divina. Desde a eternidade Jesus nos
predestinou para ser à sua imagem (Romanos
8:29). O que é maravilhoso, é que em breve, a qualidade de imagem dos
filhos de Deus será ainda superior. “E,
assim como trouxemos a imagem do terreno [Adão pós-Queda], assim traremos também a imagem do
celestial [Cristo glorificado].”
(I Coríntios 15:49).
A
REDENÇÃO DA AUTORIDADE DIVINA NO HOMEM
Como já dissemos, o texto áureo da delegação da
autoridade real divina ao homem é Gênesis 1:26 “...Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine...” O substantivo domínio, em sua tradução
original (hebraico) é “RADAH”, que significa: REINO,
SOBERANIA, GOVERNO. Assim, o propósito original do Criador era que o homem
estabelecesse aqui na Terra um Reino soberano e a governasse sob a regência e
as qualidades do céu. Como todas as demais graciosas dádivas da Criação
Original, com a Queda, essa autoridade foi perdida. E assim como todas as
demais dádivas perdidas, a Redenção restaurou também a Autoridade do homem (redimido). O homem redimido possui
autoridade divina sobre (1) o Mundo (I
João 4:5); (2) o Pecado (Romanos
6:14); e (3) o Diabo (Lucas 10:19).
Não resta neste universo nenhuma forma ou fonte de autoridade que não tenha
sido transferida ao Senhor Jesus Cristo, e foi com essa autoridade que ele nos
comissionou e enviou. “...É-me dado todo
o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinais todas as nações...” (Mateus 28:18-19). A Igreja como Agência
do Reino de Deus na Terra, neste tempo do fim, exercerá sua Autoridade Real
sobre todo este sistema corrompido chamado “mundo” (do grego “cosmo”), vivenciará um tempo de
santidade coletiva sem precedentes na história exercendo essa autoridade sobre
a força do pecado, e como nunca antes, destruirá todas as fortalezas das trevas
neste planeta. Esta autoridade, ou poder delegado, consiste na suprema
realidade da habitação de Deus em nós, redimidos (Colossenses 1:27), pois Ele nos enviou seu próprio Espírito para
nos garantir tal poder (Atos 1:8).
A
REDENÇÃO DA COMUNHÃO DIVINA NO HOMEM
A maior dádiva de Deus para o homem era sua inigualável
comunhão. A palavra comunhão (gr. “koinonia”)
significa: intimidade, cumplicidade, amor etc. O tipo de relacionamento entre
Deus e o homem não estava baseado em alguma mediação humana ou ritual, era uma
amizade reverente entre Pai e filho. O primeiro rei, Adão, abdicou desta
maravilhosa dádiva dando ouvidos à Serpente. Adão e toda a espécie humana
perderam esta comunhão paterna com o Criador e Pai. Mas o último Adão, o Rei
Jesus redimiu este relacionamento, tornando outra vez possível este
relacionamento íntimo e glorioso. A Obra Redentora de Cristo Jesus reconciliou
o homem com Deus, “isto é, Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs
em nós a palavra da reconciliação.” (II
Coríntios 5:19). Na verdade, toda a criação foi reconciliada a Deus por
meio daquele poderoso e precioso (I
Pedro 1:18-19) sangue vertido na cruz. “porque
foi do agrado do pai que toda a plenitude nele [o Rei Jesus] habitasse e que, havendo por ele feito a
paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele [do Rei Jesus] reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que
estão nos céus.” (Colossense 1:19-20).
A reconciliação foi completa através das Redenção do Rei.
A
REDENÇÃO DA GLÓRIA DIVINA NO HOMEM
O tipo de comunhão supracitada estava além do mero
testemunho interior do Espírito Santo no espírito do primeiro rei (Adão), na
verdade, Adão era constantemente envolvido por uma experiência de êxtase
indescritível, seus olhos nunca viram alguma manifestação antropomórfica (forma humana) de Deus (I Timóteo 6:16). Perdida esta comunhão
o ponto de contato para ao menos vislumbrar a glória de Deus era a invocação de
seu nome iniciada por Enos (Gênesis 4:26),
pois desde então, todo homem oriundo da “primeira espécie”, foi completamente
destituído da glória de Deus (Romanos
3:23). Moisés desfrutou de uma discreta e diluída fração desta glória no
Monte Horebe (Êxodo 34:29-30), mas o
fato é tudo era apenas lampejos do desejo de Deus de restaurar o homem à sua
glória. Eis aqui a glória do último e glorioso Rei Jesus, o Cristo: Ele
restaura o homem à glória de Deus justificando-o por sua graça e REDENÇÃO. “Porque todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção
que há em Cristo Jesus.” (Romanos
3:23-24). Em Cristo, somos não mais expostos à glória de Deus externamente,
mas esta glória divina é depositada em nós, brilha em nós, e cresce em nós à
medida que absorvemos a imagem de Cristo (II
Coríntios 3:13-18). O Rei Jesus Cristo em nós, esperança da glória definitiva
(Colossenses 1:27), assim, reinamos
em vida por Ele (Romanos 5:17).
Conclusão