A
Igreja moderna está cheia de jargões e terminologias religiosas que nada têm
haver com as Escrituras. A diversidade de credos e crendices denominacionais
gerou uma verdadeira miscelânea religiosa no corpo de Cristo.
Mas
Deus, à partir da Reforma Protestante, começou a restaurar sua Igreja ao seu
crescimento à estatura de Cristo, e desde então, muitas verdades que se
perderam no terceiro século da Igreja, vêm sendo gradualmente restauradas, até
que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão
perfeito, à medida da estatura completa de Cristo. (Efésios 4:13).
E
se há uma crendice que deve ser erradicada e uma verdade que deve urgentemente
ser restaurada, é a verdade sobre a POSIÇÃO DO CRISTÃO, em CRISTO.
Afinal,
agora em Cristo, somos ainda considerados “pecadores”, ou Nele somos justos?
A
pseudo piedade, ou piedade equivocada tem levado cristão verdadeiros à viverem
na pronúncia dos velhos jargões calvinistas: “somos totalmente depravados”,
“somos miseráveis pecadores”, ou, na melhor das hipóteses, “somos pecadores
redimidos”.
Há
duas referências bíblicas para “respaldarem” esse conceito errôneo: Romanos
7:24; e I Timóteo 1:15.
“Miserável homem que eu sou! quem me livrará
do corpo desta morte?”
Romanos 7:24
“Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a
aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais
eu sou o principal.”
1 Timóteo 1:15
No
primeiro texto de Romanos, Paulo está fazendo uma transição de realidades
antagonistas do capítulo 7 para o capítulo 8. No sétimo capítulo Paulo expressa
a desventurosa realidade do homem que está debaixo da Lei, vivendo um
excruciante conflito entre a Lei moral de Deus e natureza caída. Do contrário,
Paulo estaria se declarando um homem carnal e escravo do pecado (7:14), além de
estar se auto justificando de não ter controle sobre si (7:17). Mas não é esse
o caso.
Paulo
está reproduzindo a miséria do homem que busca se justificar pela Lei (7:24), e
absolutamente não pode subjugar sua natureza carnal (7:28).
Mas
oitavo capítulo, Paulo traz a revelação da nova Lei, a Lei do Espírito de Vida
em Cristo Jesus, que nos livra da Lei do Pecado e da morte (8:2). Portanto,
Paulo não se considerava um “miserável homem” após a revelação da Graça, pois
não faria sentido nenhum considerar-se miserável e ao mesmo tempo dizer: “...somos
filhos... somos herdeiros, herdeiros de Deus de Deus e coerdeiros de Cristo...”
(8:16-17). Isso não parece um estado de miséria!
No
segundo texto de I Timóteo, Paulo não alude um estado presente, pois o próprio
contexto mostra que ele está narrando seu estado passado de ignorância como o
“principal” perseguidor da Igreja de Cristo. Na verdade, no termo: “dos
quais eu sou o principal”, o original grego do termo “eu
sou” é eghó íme, que
não especifica o tempo verbal, portanto, poder ser traduzido tanto como “eu
sou”, como também “eu fui”. E considerando o contexto imediato anterior e
também posterior, podemos afirmar que Paulo declara: “Cristo Jesus veio ao mundo, para
salvar os pecadores, dos quais eu fui o principal.”. À propósito, no
versículo 13, que introduz o argumento, Paulo enfatiza seu estado anterior: “A
mim, que dantes fui blasfemo, e perseguidor, e injurioso; mas alcancei
misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade.”
Paulo
não se considerava mais um “pecador”, e sim um justo em Cristo, pois ele mesmo
escreveu: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós,
sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo
seu sangue, seremos por ele salvos da ira.” Romanos 5:8-9. Ou seja,
primeiro ele diz que nossa condição de pecadores vigorou até à morte expiatória
de Cristo. E segundo, ele afirma que estamos livres da ira de Deus, pois pelo
sangue, fomos justificados, ou seja, feitos justos.
Ao longo de todas as cartas do Novo
Testamento, o povo de Deus é chamado de muitas coisas. Eles são os “eleitos” (I
Pedro 1.1), “irmãos fiéis” (Colossenses 1.2), “amados” (I João 2.7), “filhos de
Deus” (I João 3.2), a “nação santa” (I Pedro 2.9) e, sobretudo, são chamados de
“santos”.
Claramente
ausente dessa lista está o termo “pecadores”. Não há um lugar que eu conheça em
que o povo de Deus, a igreja, seja coletivamente chamado de “pecadores”. Além
disso, um argumento pode ser feito de que não há um exemplo no Novo Testamento
em que um crente é referido como um “pecador”.
Um
réu acusado de roubo, quando é absolvido [ou redimido] pelo juiz, não dirá de
si mesmo que é um “ladrão redimido”, pois quando o martelo é batido pelo meritíssimo,
justa ou injustamente, o então réu é declarado INOCENTE. Deus é um Juíz Justo,
e nosso julgamento não foi uma fralde, pois Jesus cumpriu a justiça divina
assumindo nossa culpa e nos imputando Sua própria justiça. Assim, se Deus nos
fez justiça, não podemos nos declarar “pecadores redimidos”.
“Àquele [Jesus Cristo] que não conheceu pecado, [Deus, o Pai] o fez pecado por nós; para que nele [em
Jesus Cristo] fôssemos feitos justiça de
Deus.”
2 Coríntios 5:21
O
texto sagrado acima é um escândalo para qualquer jurista, cujo senso de justiça
comum está baseado em sua razão e lógica humana (Provérbios 17:15). E de fato,
é um escândalo, o escândalo da graça. Deus transferiu toda culpa da humanidade
corrompida para a conta de seu Filho perfeito, Jesus Cristo; e transferiu toda
essa justiça de seu Filho perfeito para a conta da humanidade corrompida, e
deixa como único critério para fazer vigorar este veredicto, a fé do penitente.
Loucura! Aleluia!
Eu
não sou um miserável!
Eu
não sou um pecador!
Eu
sou justo!
Não
pelas minhas obras de justiça (Tito 3:5), mas pela minha fé.
Este
é o Evangelho da Graça, a Justiça de Deus revelada, a loucura da pregação (I
Coríntios 1:21).
“Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele
[DEUS] que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.”
Romanos 4:5
EM
CRISTO, NÃO SOMOS PECADORES, SOMOS JUSTOS AOS OLHOS DE DEUS. E AOS SEUS OLHOS O
QUE VOCÊ? ESPERO QUE O MESMO QUA AOS OLHOS DE DEUS!