Ao longo de meus anos
de ministério como evangelista, tenho visto um gritante paradoxo ao pregar e
ministrar cura divina às pessoas: um número maior de descrentes alcançam a
cura, mais do que os próprios crentes.
Aprendi que aos
crentes Deus cura por causa da Aliança, e aos descrentes Deus cura por causa da
misericórdia, mas porque algumas vezes a fé dos filhos redimidos de Deus parece
menor do que a dos que estão separados de Deus pelo Pecado?
O Espírito Santo me
revelou a razão disso. A fé do descrente é a “primeira fé”, a medida de fé; ela
é dada por Deus, através da Palavra falada, ao coração que nunca teve contato
com a fé bíblica. Esta fé está pura, sem resíduos psicológicos, filosóficos e
religiosos. É uma fé que nasce de uma semeadura bem sucedida da Palavra de Deus
numa boa terra (o coração – Marcos 4:1-20), e frutifica e germina sem
impedimentos, produzindo aquilo para o que foi enviada (Isaías 55:11).
Infelizmente a verdade
é que no decorrer da carreira cristã, muitos perdem a simplicidade que há em
Cristo Jesus (II Coríntio 11:3). A mente que deveria ser renovada pela Palavra
de Deus (Romanos 12:2), passa absorver sistemas de crença decadentes e
mundanos, que geram complexidade no Evangelho e sucumbem aos apelos da falsa
ciência (I Timóteo 6:20) e das vãs filosofias e tradições (Colossenses 2:8).
Cura Divina é mais do
que uma manifestação carismática do Espírito Santo, é um benefício da Obra
redentora do Calvário (Isaías 53:4-5; I Pedro 2:24), que não pode ser omitida
ou esquecida (Salmo 103:2-3) por crentes e pregadores.
As informações da
mente humana, são como um software obsoleto, contaminado especialmente por três
vírus: (1) FILOSOFIAS; (2) TRADIÇÕES; e (3) RUDIMENTOS.
Definições
específicas:
1 FILOSOFIAS. São
sistemas de crença baseados em informações formuladas social, cultural ou
religiosamente. A filosofia em si mesma não é algo negativo, mas filosofias que
afirmam deter o monopólio da verdade acima da própria revelação bíblica, são
danosas.
2 TRADIÇÕES. São
valores relativos transmitidos de uma geração para outra através, especialmente
da tradição oral. A tradição em si mesma não é algo negativo, mas tradições
(tradicionalismo) que se ostentam sobre as Escrituras são negativas. A boa
tradição é a fé viva dos que já morreram; o tradicionalismo é a fé morta dos
que ainda vivem.
3 RUDIMENTOS. São
informações fundamentais que nos dão a base para uma construção de
conhecimento, das quais devemos avançar mais níveis mais maduros. Rudimentos
são bons, desde que não se ostentem como um fim em si mesmos, e paralisem o
desenvolvimento humano.
“Tende
cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs
sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não
segundo Cristo.”
Colossenses
2:8
Muitas pessoas têm sido
mentalmente escravizadas por ideias erradas sobre o caráter de Deus, e sobre
Sua vontade soberana. Esta cadeia foi edificada por séculos de especulações
céticas e antisobrenaturalistas. A máxima dos “experts em religião” é a velha
expressão filosófica do latim: intellego
ut credam ("Penso para que possa crer"). Essa fórmula nunca funcionou
e nunca funcionará com as coisas espirituais. Contraposta a essa ideia, temos a
declaração de Anselmo de Cantuária baseada na teologia de Santo Agostinho:
credo ut intelligam (“Acredito para que possa conhecer”). Aqui, o elemento
bíblico fé, se amolda melhor.
Um espirito não
recriado e uma mente não renovada não podem aceitar que o Deus transcendente,
possui um elemento imanente chamado unção coletiva, ou seja, o Soberano Deus
que está distante da realidade natural por sua absoluta santidade, emana na
reunião dos redimidos com uma força metafísica capaz de intervir
sobrenaturalmente corrigindo ou alterando leis naturais estabelecidas por Ele
mesmo. A isto chamamos de MILAGRE.
Esta imanência divina,
depois do evento Pentecostes (Atos 2:1-4), não é mais uma manifestação
esporádica, ao contrário, ela é uma realidade contínua no cotidiano dos filhos
de Deus quando estes se congregam (Hebreus 10:25; I Coríntios 14:26).
A verdade é que por
ser um benefício redentivo (comprado na cruz), Cura Divina é parte crucial do
ministério de Cristo entre nós, nos dias bíblicos (Mateus 4:23) e em nossos
dias (Hebreus 13:8), mas para viver essa dádiva na vida ou no ministério, é
preciso um processo de renovação para uma mente superior (I Coríntios 2:16).
Para que isso comece precisamos renunciar a velhos sistemas de pensamento, na
verdade, mais do que passar um antivírus ou instalar um novo software,
precisamos de um novo hardware que comporte o maravilhoso peso da revelação
divina (I Coríntios 2:9-15). A esta mudança de hardware Jesus chamou de novo
nascimento (João 3:3; II Coríntios 5:17).
“Destruindo
os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e
levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo”
II Coríntios
10:5
Velhos pensamentos que
devem ser “presos” e submetidos à obediência de Cristo.