Podemos
definir a mente como o arquivo dos conceitos, informações, imaginação e
memórias que norteiam nossa vida, estabelecem nosso caráter e determinam o
nosso destino. Toda a reconstrução dos propósitos divinos para o homem diz
respeito a uma desconstrução de mentalidades iludidas pelo sistema mundial;
desconstruir velhos paradigmas e construir novos. Quando mudamos a nossa mente,
mudamos a nossa vida. Satanás não está interessado em possuir, destruir ou se
apoderar de nossas “coisas”, ele deseja se apoderar de nossas mentes, para
tanto, ele ataca nossas coisas para afetar a nossa mente. Satanás não tinha o
menor interesse pela família, terras, os animais, bens, e a saúde de Jó, o que
ele queria era a mente de Jó (Jó 2:4-5).
Tocando nas coisas, o Diabo conseguiu entrar na mente da esposa de Jó, assim
passou a controlar seu comportamento e conseqüentemente, sua vida, mas a vida
de Jó continuava influenciada pelo Reino de Deus (1:20-22), porém, não controlada e totalmente submetida, pois estava
sujeita ao medo (3:25-26).
Se
desejarmos viver esta vida do Reino na totalidade dos propósitos divinos e na
plenitude da revelação do Filho de Deus, precisaremos pensar como príncipes,
filhos do Rei. Precisamos de uma mente real, ou, de uma MENTALIDADE REAL. Não
pensarmos como religiosos, nem tão pouco como “crentes”, mas pensarmos como
novas criaturas, pois isto é o que realmente importa (Gálatas 6:15). Este processo é um milagre do Espírito Santo em nós,
porém, tem uma participação nossa através da absorção da revelação das
Escrituras e de atitudes espirituais decisivas.
i-
RENOVANDO O ENTENDIMENTO ORIGINAL
O entendimento original
é o entendimento da mente original,
ou seja, a mente de Adão antes da Queda. A mente de Adão possuía um alinhado e
aguçado senso de propósito, ele não “vivia por viver”, mas vivia guiado por seu
propósito divino para cumprir o seu destino profético. Enquanto ele estava
submetido à Palavra revelada de Deus, ele estava cumprindo o seu propósito
divino e rumando ao seu destino profético, quando abraçou uma “teologia”
alternativa, sua mente iniciou um processo de deterioração e buscas intuitivas
pela Verdade. É por isso que o homem se ressente de uma falta de sentido na
vida, e a filosofia nasceu no ápice deste anseio humano por propósito. O homem
não tem conseguido responder as cinco indagações que permeiam sua existência:
(1) Quem sou eu?; (2) De onde eu venho?; (3) Porque eu estou aqui?; (4) O que
eu posso fazer?; e (5) Para onde eu vou? O homem não conhece a vontade de Deus
porque não conhece a si mesmo, e não conhece a si mesmo porque não conhece a
Deus, mas ao nascer de novo dá início a um novo processo: “...transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2). O início deste processo
se dá quando oferecemos a Deus o nosso corpo como um culto deliberado e
contínuo (Romanos 12:1). Note no v.
2 “renovação”.
O prefixo “re” remete-nos à idéia de “tornar à”, “voltar para”, assim, o termo
renovação do entendimento significa: “retorno
da mente ao entendimento original”. Isto é um evento e um processo; começa
com o novo nascimento que nos credencia a entrar no Reino (João 3:3), e tem seguimento com a formação progressiva de Cristo
Jesus, o Rei, em nós (Gálatas 4:19; II
Coríntios 3:18). Por isso, nascer de novo não basta,
é preciso crescer, ou seja, amadurecer na mente.
ii-
DESTRUINDO OS IMPÉRIOS DA MENTE
À partir do evento da
Queda do primeiro Adão, as fortificações de defesa da mente humana começaram a
ruir, ficando imunes aos ataques do sistema mundial corrompido e controlado
pelo Inimigo do Deus Criador e de sua criação. O que tem havido desde então é uma
invasão de valores relativizados e ignorância espiritual, que edificaram
portentosas fortalezas e impérios na mente do homem. Estes impérios são o
acúmulo de culturas pagãs oriundas de civilizações históricas como Babilônia,
Grécia, e Roma. Isto implica em dizer que, no que o psicanalista Carl Jung
conceituou como o “inconsciente coletivo”,
o gênero humano na civilização moderna está permeado pela cultura destas
civilizações ancestrais que ruíram politicamente, mas subsistiram em seu
espírito. Estes impérios da mente devem ser destruídos, e o único poder capaz
de fazer isto é a influência do Reino de Deus (Daniel 2:42-25). Para isto a Igreja, agência do Reino de Deus não
precisa empreender métodos carnais pois “...as
armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para
destruição das fortalezas.” (II
Coríntios 10:4). A destruição dessas fortalezas segue dentre outros os
seguintes passos: (1) destruição dos conselhos filosóficos; (2) destruição da
altivez humana; (3) conduzir à força todo entendimento à obediência do Rei
Jesus. O problema do homem moderno não é o Pecado, pois este problema foi
sanado pelo Cordeiro de Deus (João 1:29),
o maior problema do homem moderno é a ignorância causada pelo “deus deste
século” (II Coríntios 4:4). Como
Igreja, o povo do Reino, precisamos entender que Jesus era a luz do mundo
enquanto estava no mundo (João 9:5),
agora, como Ele mesmo declara, nós somos a luz do mundo (Mateus 5:14). Ignorância é, literalmente TREVAS, assim como
conhecimento é literalmente LUZ. “Porque
Deus, que disse que das trevas resplandece a luz, é quem resplandeceu em nossos
corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus
Cristo.” (II Coríntios 4:6). As
armas da luz (Romanos 13:12; Efésios
6:10-20) destruirão todas as fortalezas das trevas ainda resistentes na
coletividade da mente humana antes da Vinda do Rei Jesus (Atos 3:19-21).
iii-
RECEBENDO A MENTE DO REI
Todo este processo de
desconstrução e demolição mental tem um único objetivo: uma poderosa reconstrução
mental. Quando estas fortalezas de culturas pagãs são destruídas, dão terreno
para a construção da mentalidade real em nós, e isto porque somos dotados da
própria mente do Rei para: (1) Cumprirmos nosso propósito e destino profético
no Reino; (2) Governarmos e estabelecermos o governo do Rei na Terra; (3)
Influenciarmos as mentes imperiais escravas com a mentalidade real; (4)
Compreendermos e aplicarmos os valores restaurados do Reino para este tempo;
(5) Como embaixadores do Reino viver um estilo de vida apostólico; (6)
Compreendermos e anunciarmos o Evangelho do Reino. Estes aspectos da mente real
são exatamente produtos da Mente de Cristo no homem recriado. As Escrituras nos
revelam que há três espécies de homens: (1) o homem natural (I Coríntios 2:14); (2) o homem carnal (3:1); e (3) o homem espiritual (2:15). O homem natural é o produto da
linhagem do 1º Adão, cuja compreensão das coisas e, sua cosmo-visão, são apenas
captados pelos sentidos naturais: visão, audição, paladar, tato, e olfato (Efésios 2:1-3). O homem carnal é
justamente aquele que experimentou a salvação e o até nasceu de novo, porém,
não cresce, pois sua vida é guiada pela velha natureza carnal e adâmica (Romanos 8:5-8). O homem espiritual absorve a realidade do
Reino de Deus que está sendo restaurada em nosso tempo; e não é de se estranhar
que estas verdades restauradas sejam tão estranhas aos carnais à ponto dos
mesmos rechaçarem esta revelação, pois “...o
que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” (I Coríntios 2:15). Então, como
poderíamos definir esta mentalidade real? É simplesmente a MENTE DO REI JESUS
em nós, com a qual podemos conhecer a mente e os propósitos originais do
Criador. “Porque quem conheceu a mente do
Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.” (I Coríntios 2:16).
iv-
PENSANDO NAS COISAS DO REINO
O foco de nossa mente e de nossos pensamentos revela
a dimensão e realidade de nossa devoção, prioridades, caráter, desenvolvimento
e futuro. Somos o que pensamos, falamos o que pensamos, vivemos como pensamos.
Nosso coração deve conter os pensamentos que Deus espera que contenha. Aquilo
que permeia na maior parte do tempo os pensamentos do seu coração, isto é seu
“deus”. “Porque onde estiver o vosso
tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mateus 6:21). Como homens e mulheres nascidos de novo à imagem do
Último Adão, Jesus Cristo, temos, sim, uma nova mente; mas esta nova mente deve
ser cultivada e conservada com pensamentos selecionados. Os pensamentos do
Reino são suficientemente virtuosos para tornar nossa mente poderosa. “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o
que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, se há algum
louvor, nisto pensai.” (Filipenses
4:8). Esta capacidade de “pensamento real” provém de Deus, e não meramente
de nossa intelectualidade (II Coríntio
3:5). O pensamento real é um pensamento de unidade (Filipenses 2:2); são pensamentos retos (Provérbios 12:5). Os que dedicam seus pensamentos às coisas da
desta Terra, estão equivocadamente aprisionados a ela, mas os que conservam
seus pensamentos nas coisas do Reino dos céus, estes recebem o poder de atrair
os Céus para a Terra (Mateus 6:10).
“Portanto, se já ressuscitastes com
Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra
de Deus. Pensai nas coisas
que são de cima e não nas que são da terra.” Você pode perguntar: Por
quê? As Escrituras continuam e respondem: “porque
já estais mortos [para a mentalidade terrena do Pecado], e a vossa vida [ressurreta e gloriosa] está escondida [no céu] com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a
nossa vida, se manifestar [por ocasião de sua Segunda Vinda], então, também vós vos manifestareis com ele
em glória [na terra].” (Colossenses
3:1-4 / ênfases do autor []).
Conclusão
Na mente se desenvolvem todos os processos da
vida e da realidade humana. Nossa mente é produto tanto do inconsciente
coletivo condicionado ao longo das gerações, como das influências sofridas ao
longo da vida. A mente natural não regenerada está aprisionada a uma “realidade
virtual” maligna que chamamos de SISTEMA. Este sistema que foi claramente
reproduzido no cinema pelo filme Matrix, de forma inversa e distorcida
evidentemente, mas destacando a grande prisão global na qual o homem se
encontra. O convite do Reino de Deus é para que sejamos libertos dessa “matrix”
(Colossense 1:13) que envolve a
política, a economia, o entretenimento e a mídia, os negócios, a família, a
educação, e a própria religião. O Reino de Deus é a Realidade Absoluta que já
está à nossa disposição (Lucas 17:20-21),
que destrói as fortalezas da matrix em nossa mente (II Coríntios 10:3-5). Abramos nossos corações para compreendermos
que a boa, agradável e perfeita vontade do Criador não é que sejamos escravos
deste sistema, mas que sejamos transformados pela renovação da nossa mente, mas
para isso, precisamos apresentar nossos corpos plenamente no altar de Deus como
um culto da razão (Romanos 12:1-2).
Pois a única coisa realmente racional que o homem cerceado pode fazer é se
entregar completamente e sem reservas ao Único e Verdadeiro de Deus na Pessoa
de Jesus Cristo para ter os olhos abertos e a mente restaurada. Este é um tempo
de Restauração total.
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