A salvação humana operada por Jesus
Cristo está inserida na história e na humanidade. Deus Pai, que é absolutamente
transcendente, envia seu Filho Jesus Cristo para se encarnar e entrar na
dinâmica e realidade humana do tempo e da matéria. O Filho encarnado tornou-se
sinal visível do Pai, da sua graça e da sua salvação. Tornou-se sacramento.
O ser humano por ser simbólico, só pode
compreender pela linguagem, sinais, gestos, palavras que unem a coisa a seus
significados Tal é o sacramento: um sinal que aponta para uma realidade que
está para além da coisa em si. Em se tratando dos sacramentos da fé, o
sacramento é o sinal eficaz da graça de Deus. Eficaz porque é o próprio Cristo
quem atua por aquele sinal.
O Filho Jesus deixou seu sacramento,
aquilo que é sua presença constante na história humana: a Igreja. Porque a
salvação que Jesus Cristo realizou é definitiva e é graça de Deus oferecida a
todos os homens, até a consumação dos tempos, havia a necessidade de que sua
presença fosse sensível e não apenas uma lembrança de um fato passado. Dá-se aí
a importância do símbolo na liturgia cristã.
Infelizmente no contexto de diversidade
religiosa católica e protestante de determinadas culturas, especialmente no Brasil,
os extremos quanto ao sacramento divergem. Os extremos são: a cultura católica
de supervalorização litúrgica num contexto de hiperdulia (grande veneração) e
latria (adoração) dos símbolos cristãos; o segundo extremo é a abdicação
completa da beleza transcendente do rito e do símbolo cristão.
O vertiginoso crescimento do
pentecostalismo no Brasil tem projetado nossa nação no cenário religioso
mundial. Os pentecostais estão hoje inseridos nas mais variadas posições de
eminência na sociedade brasileira. Porém, são justamente os pentecostais que
formam o grupo do segundo extremo da desvalorização sacramental e litúrgica.
Acerca disso temos como exemplo sumo o uso de dois paramentos clericais que são
anatematizados pelos pentecostais brasileiros, a cruz e a gola.
Ao deparar com o Brasil, Portugal o faz
de forma político/religiosa, onde predominava-se a religião Católica trazida
pelos Jesuítas. Eram a descobertas de Deus e, assim, sempre acompanhados por um
padre da ordem dos jesuítas estabelecem aqui uma colônia exclusivamente
católica, e isto por séculos.
Em 1819 iniciou-se a construção de um
templo anglicano no Rio de Janeiro, com aparência externa de residência comum;
e, em 1820 os cultos passaram a acontecer todos os domingos. Reuniam-se ali
estrangeiros de língua inglesa, funcionários de embaixadas, comerciantes,
marinheiros, viajantes de passagem pela cidade. Era uma capela e não uma
congregação protestante como o é ainda hoje. Estava proibido o uso de sinos
para anunciar os ofícios, ou o templo ter uma cruz externa ou torre, e por aí
vão as proibições da Igreja Católica.
Em 1823, Dom Pedro I, contrata
imigrantes protestantes para o desenvolvimento do Brasil colonial e, junto a
estes, um pastor para acompanhá-los. Seu salário era provido pelo Governo
Imperial. Esta primeira “colônia” protestante do Brasil, chega em 1824 e, neste
mesmo ano, a 3 de maio, realiza-se o primeiro culto evangélico em Nova
Friburgo.
Desde então novos grupos de protestantes
se estabeleceram em diversos pontos do império, estabelecendo congregações
evangélicas que se consolidaram no Rio Grande do Sul, onde o primeiro culto é
celebrado em 6 de novembro de 1824, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo,
Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
Em 1827, por iniciativa do cônsul da
Prússia, organiza-se igreja na corte, agrupando evangélicos e alemães, por 10
anos reúnem-se em residências particulares.
Em 1837 alugam uma casa para culto.
Autorizados pelo Imperador Dom Pedro II, iniciaram a construção do templo em
1844, inaugurando-o em 27 de junho de 1845. Para essa construção receberam
donativos do Rei da Dinamarca; do Grão-Duque de Badem; do príncipe Alberto, da
Prússia e da Duquesa de Orleans, esta da Igreja Romana. Na fachada, ostentava,
como ornamento, símbolos evidentes da finalidade religiosa; uma bíblia ladeada
de dois cálices.
Novamente não puderam construir a torre
com cruz ou instalar sinos, como pretendiam. O império seguia a risca as ordens
da Igreja. Era a Igreja do império. Não havia conceito de que cruz era isto ou
aquilo - era colocada nos templos protestantes simplesmente por ser símbolo
cristão. Mas, aqui no Brasil esses primeiros protestantes brasileiros foram
proibidos de usar a cruz aqui em nossas terras.
Após um pequeno esboço histórico,
podemos compreender que ao longo do tempo os cristãos evangélicos daqui do
Brasil - é bom lembrar isto - os ‘crentes’ como eram denominados na época
passam a ver a cruz de maneira pejorativa e, alguns para defender sua ausência
no ambiente de culto até chegam a citar erroneamente Gálatas 3.13 e
Deuteronômio 21.23, forçando o texto para dizer o que ele não diz - sussurram
baixinho entre si... “a cruz é maldita meus irmãos”.
O texto relata que não é a cruz que é
maldita mas, o que for pendurado nela. Jesus se tornou maldito em nosso lugar
e, na cruz, segundo o texto, Ele, despojou (arrancou do domínio) os principados
e potestades e triunfou sobre eles na cruz.
Já há muito tempo em países onde o
catolicismo deixou de citar regras de governo, os cristãos de todos os
seguimentos trouxeram a cruz ‘vazia’ de volta.
As Igrejas pentecostais em todos os
países que tenho conhecimento valem-se do privilégio de ter este símbolo em
seus templos e na sua arte. Nossas Igrejas, nos Estados Unidos, Uruguai,
México, Guianas, Nigéria e outros países de sua extensão se servem do maior
símbolo cristão – A CRUZ.
A GOLA
O uso de vestes especiais por parte dos
oficiais da igreja serve para representar o seu ministério entre o povo. Entre
estas vestes especiais se destaca o colarinho clerical. Este é normalmente o
colarinho de uma camisa ou colete com uma aba branca destacável frente.
Originalmente era feito de algodão ou linho, mas normalmente é feito hoje de
plástico. Às vezes (especialmente na prática católica romana) a aba é fixa com
um colarinho que cobre quase completamente, deixando um quadrado branco pequeno
à base da garganta. Em muitas igrejas e em muitos locais, por não saberem da
origem e do significado, não se aceita o uso de colarinho clerical. Com a
devida orientação os cristãos passarão a entender a conveniência e a
oportunidade do seu uso. O colarinho clerical é uma invenção bastante moderna
(é provável que tenha sido inventado em 1827). Aparentemente, foi inventado
pelo Rev. Dr. Donald McLeod, pastor anglicano. Foi desenvolvido para ser usado
no trabalho cotidiano do ministro (mais prático que a batina). Hoje é usado por
pastores nas diversas denominações Cristãs como presbiteriana (é dito que o
colarinho clerical se originou na Escócia), luterana, metodista, algumas
denominações pentecostais (COGIC) e, também, por ministros Cristãos não
denominacionais.
Os católicos romanos passaram a usá-lo a
partir do Concilio Vaticano II, em substituição a batina, em situações
especiais, essa adoção deve-se aos padres Jesuítas. É usado por todos os graus
de clero: bispos, presbiteros (padres) e diaconos, e também por seminaristas.
Na tradição Oriental, às vezes, os subdiáconos e leitores também o usam.
Significado
O colarinho clerical simboliza que quem
o usa é um servo, pois este colarinho estava ao redor do pescoço dos escravos
no mundo antigo. As pessoas que o usam servem como Ministros de sua Palavra.
Toda a igreja tem compromisso com o testemunho de Cristo no mundo, no entanto,
o pastor compromete-se de modo específico com o Ministério da Palavra. Assim, o
colarinho clerical simboliza esse compromisso pastoral com o anúncio do
Evangelho. O colarinho branco sobre fundo preto envolvendo a garganta é
simbólico da Palavra de Deus proclamada.
Relevância
O uso de símbolos é um sinal e um testemunho vivo de Deus no mundo
secularizado. Pois uma das características do movimento de secularização é o
desprezo por sinais e símbolos religiosos. Para as pessoas o fato de ver um
ministro com o colarinho clerical já é um testemunho de fé. Assim como vendo um
militar lembramos-nos da Lei, e vendo um enfermeiro (a) com seu uniforme branco
lembramos o hospital. Igualmente é válido para os pastores que freqüentam
lugares públicos usar o colarinho clerical.
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