TEXTO ÁUREO
“Nada
façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros
superiores a si mesmo.”
(Filipenses 2:3)
VERDADE APLICADA
A verdadeira piedade não combina com a
autoafirmação. O altruísmo é a marca do verdadeiro cristão.
ESCRITURA BASE
“E eis
que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que
farei para herdar a vida eterna?
E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?
E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu
entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o
meu próximo?
E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e
caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se
retiraram, deixando-o meio morto.
E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o,
passou de largo.
E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o,
passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o,
moveu-se de íntima compaixão;
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e,
pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;
E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro,
e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando
voltar.
Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas
mãos dos salteadores?
E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois,
Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.” (Lucas 10:25-37).
INTRODUÇÃO
A característica essencial da verdadeira
piedade é a humildade. É uma das nove qualidades do fruto do Espírito (Gl
5:22). É o maior legado espiritual deixado por Jesus Cristo aos seus seguidores
(Mt 11:29).
Humildade não combina com autoafirmação. E
neste século tão competitivo e egocêntrico, jamais o ser humano se auto afirmou
com tanto ímpeto, seja em sua natureza (antropocentrismo), ou como indivíduo
(egocentrismo).
A parábola do Bom samaritano traduz o coração
e a vontade de Deus quanto a piedade altruísta. O altruísmo por definição é o
antônimo do egoísmo. É a qualidade de se importar sinceramente com o próximo
acima de si próprio.
Cristãos verdadeiramente piedosos são
profundamente humildes, e nesta lição, trataremos da verdadeira natureza deste
fruto do Espírito.
1. A
MOTIVAÇÃO ALTRUÍSTA
O que motiva nossas boas obras? Devemos
responder essa pergunta para nós mesmos, pois sua resposta revelará nosso
coração. O genuíno cristianismo implica no cuidado do próximo mesmo em
detrimento de si mesmo, ou seja, para o cristão de verdade, nada diz respeito a
si mesmo, mas sim ao bem estar do próximo.
A piedade é revelada por uma atitude
sacrificial de amor. “Conhecemos o amor nisto: que ele [Jesus] deu
a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos.” (1 João 3:16).
Os relacionamentos só são sólidos e saudáveis
quando há mútua renúncia e doação.
Esta piedade altruísta é o sustentáculo do
casamento. Não se casa para ser feliz, se casa para fazer feliz. Em qualquer
relacionamento piedoso, nosso anelo deve ser o de fazer as pessoas felizes sem
esperar reciprocidade. No âmbito natural e no conceito deste mundo, parece
injusto, mas a verdadeira justiça está nos princípios do Reino de Deus, e nossa
real recompensa está Nele.
Esta piedade deve nortear todos os níveis de
relacionamento: marido e mulher, pais e filhos, discípulos e mentores, patrões
e empregados, amigos...
“Não
atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é
dos outros.” (Filipenses 2:4).
2. FAZENDO
PARA A PESSOA CERTA
A piedade verdadeiramente altruísta, não
somente faz pelo próximo como também, faz em primazia para a Pessoa certa:
DEUS. A única maneira de não nos frustrarmos pela falta de reciprocidade do
próximo é esperar somente em Deus, fazendo tudo Nele, por Ele e para Ele. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais
outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (1 Coríntios 10:31).
Neste século marcado por um espírito tão
patente de rebelião e insubordinação, a Palavra de Deus nos confronta à
obediência às autoridades, como ao próprio Cristo: “Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e
tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo.” (Efésios 6:5). Se
trabalhamos somente por aumentos e promoções jamais experimentaremos a
excelência. Se nossa dedicação está condicionada ao reconhecimento humano,
jamais veremos a promoção e o favor de Deus. “Viste o homem diligente [dedicado] na sua obra [no seu trabalho]? Perante
reis será posto; não permanecerá entre os de posição inferior.” (Provérbios
22:29).
Cristãos piedosos honram líderes e autoridade
constituídas (Rm 13: 1-2; Cl 3:22; 1 Tm 6:1-2; Tt 2:9)
Os senhores também devem nutrir um sentimento
de serviço aos seus servos (Ef 6:9; Cl 4:1).
A questão do piedoso altruísmo cristão não
somente o que fazemos, mas para quem fazemos. E Deus deve ser o alvo de nossa
devoção, trabalho e dedicação em tudo.
3. QUATRO
ORIGENS DA INIQUIDADE
Parece paradoxal declarar que o mal nasceu no
ambiente do bem. Mas na verdade, aquilo que conhecemos como Pecado, não teve
sua origem na Terra, mas sim, no Céu. Foi no coração de um Querubim (anjo) de
alta patente celestial que brotou o primeiro pecado: ORGULHO. E Palavra de Deus
numa alegoria profética do profeta Ezequiel, nos revela as quatro origens da
Iniquidade em Lúcifer (Ez 28:11-17).
O interessante é que as coisas que geram o
pecado não são pecado, e são: (1) Sabedoria; (2) Beleza; (3) Posição; e (4)
riqueza.
(1) SABEDORIA. “...Tu és o aferidor de medida, cheio de
sabedoria...” (v. 12b)
Sabedoria; esta maravilhosa dádiva de Deus,
que deveria ser uma coroa de honra para benefício do próximo, muitas vezes se
torna, no coração de alguns, a raiz da iniquidade. Mesmo Salomão se viu
envaidecido e embriagado por tudo o que a sabedoria o fez alcançar. Existem
dois tipos de sabedoria, a sabedoria de Deus que é dada, e sabedoria da natural
que é adquirida, e esta última é a que pode corromper. Lúcifer possuía a
sabedoria divina, porém se estribou na própria sabedoria (Pv 3:5).
(2) BELEZA. “Elevou-se o teu coração por causa da tua
formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor...” (v. 17a)
Apesar do conceito grego hedônico de beleza,
cada grupo étnico possui um padrão de beleza peculiar. A beleza não é pecado,
mas o moderno culto à estética e ao “belo” tem desviado cada vez mais a nossa
sociedade da piedade. Essa atitude narcisista está presente em todos os
seguimentos sociais, até mesmo no religioso (Pv
7:10; 1 Tm 2:9). É interessante
ressaltar que ao encarnar, o Cristo não primou por este padrão grego de
estética, frustrando o messianismo como objeto de desejo, pois, “não tinha beleza nem formosura e, olhando
nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.” (Isaías
53:2).
Lúcifer possuía tal beleza, e a mesma o
corrompeu.
(3) POSIÇÃO. “Tu eras querubim ungido para proteger, e te
estabeleci; no monte santo estavas...” (v. 14)
As guerras e conflitos da atualidade e a
desleal competitividade profissional tem um alvo comum: POSIÇÃO. O ser humano
seduzido por sua própria vaidade busca se promover em detrimento da integridade
alheia, e isto no âmbito profissional, acadêmico, artístico, desportivo, e até
religioso.
Como supremo modelo da piedade altruísta,
Nosso Senhor Jesus abdicou de sua posição soberana para se dedicar ao serviço
em favor do próximo. Desceu posições até o mais baixo possível: Da glória
celeste ao ventre de Maria, e daí à condição de filho subordinado ao homem,
depois a funcionário de carpintaria, ao serviço de doze homens e das multidões,
a réu no sinédrio, condenado de cruz, ao sepulcro, e às partes mais baixas da
terra.
Este sentimento de Cristo deve permear o
nosso coração. “De sorte que haja em vós
o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de
Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo,
tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma
de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.”
(Filipenses 2:5-8).
Lúcifer sucumbiu às riquezas que possuía.
(4) RIQUEZA. “...toda pedra preciosa era a tua
cobertura...” (v. 13)
O dinheiro, o vil metal. Cujo amor é
declarado pela Palavra de Deus como a raíz de toda espécie de males (1 Tm
6:10). Assim como sabedoria, beleza e posição, não é pecado possuir dinheiro,
ao contrário, neste plano material, ele responde por tudo (Ec 10:19b). Mas no
mesmo livro Salomão declara: “Quem amar o
dinheiro jamais dele se fartará; e quem amar a abundância nunca se fartará da
renda...” O dinheiro é o ídolo que tenta fazer frente ao Deus verdadeiro
(Lc 16:13) (Eclesiastes 5:10). O dinheiro foi a perdição do apostolo Judas,
tesoureiro do ministério de Jesus (Jo 12:6).
Muitos casamentos falem pela busca de mais
dinheiro. Muitas famílias se destroem pela busca de mais dinheiro, muitas
empresas quebram pela busca de mais dinheiro.
A busca pelo dinheiro não pode nos privar
daquilo que é o melhor da vida: a família, os filhos, a contemplação. (Ec 2:24;
9:9).
As incontáveis riquezas que Lúcifer possuía
corromperam seu coração.
4. LIBERTOS
DA VANGLÓRIA E DA AUTOPROMOÇÃO
Sim, o homem como nunca antes está de
vangloriando e se auto promovendo. Você já teve a deprimente e constrangedora
experiência de conversar com alguém que somente conta vantagem, que laureia
seus próprios méritos e realizações? Nada pode ser tão pequeno. O homem piedoso
e altruísta está sempre preocupado em celebrar as qualidades e conquistas
alheias. “Nada façais por contenda ou por
vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si
mesmo.” (Filipenses 2:3). Este cristão também não inveja e não se deixa
levar por vanglórias de outrem para também se vangloriar. “Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros,
invejando-nos uns aos outros.” (Gálatas 5:26).
Em nosso século midiático e refém das redes
sociais as pessoas encontraram sua tão sonhada plataforma de autopromoção. Cada
tolo pensamento “tem que ser publicado”. Publicidade é a palavra de ordem.
Claro que não podemos negar que se constitui uma ferramenta extraordinária de
evangelização e edificação; afinal, imagine o apóstolo Paulo de posse de
instagram, facebook e whatsapp!
Há tantas coisas que não edificam, e o nosso
compromisso cristão deve ser com a edificação, e não com tolices e
futilidades. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para
promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem.” (Efésios 4:29).
Ler também Efésios 5:3-4.
O piedoso e altruísta não exagera a
publicidade em si, mas em sua fé. Em 1904, no maior reavivamento nacional da
era moderna, no País de Gales, o maior nome do mover foi o jovem Evan Roberts
de 23 anos, que se negava a estar em fotografias e entrevistas, temendo usurpar
a glória de Deus como autor do avivamento. Em nossa era isso seria muito
extremo, mas poderíamos, no mínimo ser menos personalistas e performáticos na
publicidade. Nosso modelo como sempre é Jesus. “Mas Jesus, ... afastou-se dali. Muitos o seguiram, e a todos ele curou.
Advertindo-lhes, porém, que o não expusessem à publicidade.” (Mateus
12:15-16 - VRA).
Os próprios irmãos de Jesus o instigavam para
se tornar mais emblemático nas “redes sociais”, e ele não repudiou de todo a
ideia, mas disse: “Ainda não é chegado o
meu tempo” (Mateus 7:3-6). Não se promova porque todos o fazem, promova
quando você estiver cheio da coisa certa, e no tempo certo para não ser mais
um.
CONCLUSÃO
Eis a razão de nossa geração ser tão profana
e irreligiosa. Os valores de Deus foram substituídos por valores humanistas. O
livre curso da iniquidade esfriou a caridade no coração humano (Mt 24:12). O
homem agora se ostenta e usurpa a posição de “centro do Universo”.
Mas nós, a Igreja, precisamos nos voltar para
a Palavra de Deus e para o supremo modelo de Cristo Jesus.
Nosso “EU” deve ser definitivamente
crucificado para que vivamos plenamente a Vida de Cristo, em todo o seu poder,
virtude e influência. Somente a Igreja, como comunidade altruísta, tem o poder
de transformar esta sociedade ególatra, egocêntrica e egoísta. Vamos renovar
nossas mentes e nos transformar para transformar nossos contextos.
“Então
disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si
mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me.” (Mateus 16:24).
QUESTIONÁRIO
1.
DEFINA
ALTRUÍSMO.
2. EM QUE IMPLICA O VERDADEIRO CRISTIANISMO?
3. COMO JESUS SE POSICIONOU EM RELAÇÃO À SUA
PUBLICIDADE?
4. CITE AS QUATRO ORIGENS DA INIQUIDADE.
5.
PARA
QUEM DEVEMOS FAZER E NOS APRESENTAR? JUSTIFIQUE.
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