Como
pregador sinto-me por vezes muito “analítico” no que tange a ouvir a pregação
por outros ministros. Em função disso, embora seja edificado por muitas
mensagens de outros colegas, raramente me sinto inflamado por uma pregação
alheia (me sinto mal com isso). Mas recentemente, fui abençoadíssimo ao ouvir
em um congresso de jovens a mensagem confrontadora de um grande mestre que
provavelmente nem me conhece chamado Ricardo Bitum, falando sobre “retornar ao
altar”. Tal prédica além de incendiar meu coração, me fez refletir: Minha
pregação é mera erudição intelectual ou possui paixão arrebatadora? Sinto-me
desmontado e envergonhado, e gostaria de através desta postagem produzir grave
reflexão em pregadores credenciados e “leigos”. O que você tem pregado gera “certa”
convicção só por ser a poderosa palavra de Deus, ou porque ela inflama seu
espírito também? Sua mensagem quebra e derrete corações duros? Afinal, o SENHOR
afirmou: “Não é a minha palavra como
fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a penha?” (Jeremias
23:29).
A falta de
paixão na pregação é certamente um dos fatores de retenção do avivamento.
Púlpitos cheios de pregadores vazios. Não me refiro, obviamente, ao aspecto
oratório ou eloqüência natural ou adquirida, mas ao fogo consumidor da chamada
e da paixão pelas almas (Jeremias 20:7), inflamado pelo dínamo do Espírito
Santo (Atos 1:8). Palavras ruins não são meramente “palavras mentirosas”, mas
palavras levianamente expostas. E, palavras boas são mais do que a verdade, mas
a verdade que faz o coração ferver. Erudição e paixão é uma combinação possível
e desejável para o pregador do evangelho. O salmista escreveu: “O meu coração ferve com palavras boas... a
minha língua é a pena de um destro escritor.” (Salmo 45:1)
Jeanne Mayo
escreveu:
O avivamento é ventilado quando, nós, cristãos,
comunicamos a mensagem de Cristo com paixão e convicção. O grande ator inglês
William Charles Macready contava a seguinte história: Certa vez, um pregador
proeminente lhe perguntou: “Qual a razão para a diferença entre você e eu? Você
aparece com sua ficção diante das multidões noite após noite e, ainda assim,
elas o seguem onde quer que você vá. Eu, por outro lado, prego a verdade
imutável da palavra de Deus e, ainda assim, não conquisto nenhuma audiência”.
Macready fez uma pausa e, então, olhou profundamente
nos olhos do pregador: “A resposta é bem simples”, ele disse, “posso dizer-lhe
a diferença principal entre nós. Eu apresento minha ficção como se fosse
verdade, e você apresenta sua verdade como se fosse ficção”.
Os homens na estrada de Emaús, em Lucas 24:32a,
entenderiam o que Macready tentava dizer. Jesus tinha acabado de aparecer para
eles e, antes de ir embora, disseram: Porventura não ardia em nós o nosso
coração quando, pelo caminho, nos falava?
O avivamento é impulsionado quando a palavra de
Cristo é comunicada com esse tipo de zelo ardente. A paixão é verdadeiramente a
“energia da alma”. Como D.L. Moody afirmou certa vez: “Ponha fogo em si mesmo,
e o mundo virá para vê-lo queimar!”.
Alguns dizem
mentiras com tão eloqüente paixão que até parecem verdades, e outros que dizem
verdades com alma tão seca que parecem mentiras. Isso está muito ligado à
experiência pessoal de cada um com Deus. O “rei” que está em você precisa morre
ainda este ano para que você tenha um encontro verdadeiro com Deus, pois você
pode estar pregando há mais de “cinco capítulos” de vida, vociferando e
exortando pecadores, mas se a brasa do altar não tocar em sua natureza
pecaminosa e sua inclinação carnal, você não poderá dizer ao Senhor: “...eis-me aqui, envai-me a mim...”
(Isaías 6:1-8).
Como Isaías,
devemos abdicar da monotonia de nossa eloqüência artificial, e tornar nossa
verdade profética apaixonante a partir de uma experiência ardente com Deus.
Enéas
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