Protocolo é saber agir. Protocolo é
conduta certa nos lugares e ocasiões certas. Não existem seminários sobre
protocolo, ele é aprendido instintivamente. Dificilmente você lerá em algum
manual de pré-requisitos que não se deve entrar na sala do chefe por qualquer
motivo. Você não irá encontrar na bíblia uma orientação sobre levantar-se
quando o pastor entrar, ou que tom de voz deve ser usado para se dirigir a uma
autoridade eclesiástica, mas este é um princípio intrínseco na cultura
judaico-cristã e bíblica.
Reconhecendo o Princípio do
Protocolo, José não se apresentou relaxadamente diante da maior autoridade do
mundo em sua época. “Então, enviou Faraó e chamou a José, e o fizeram sair logo
da cova; e barbeou-se, e mudou as suas vestes, e veio a Faraó.” (Gn 41:14).
Você não vai a uma entrevista de emprego com sua pior roupa. Você não vai a um
tribunal de camiseta regata ou de chinelo. Você não vai se apresentar em uma
audiência no palácio com a rainha Elizabeth em trajes esportivos. A jovem judia
Ester alcançou o favor do rei Assuero porque reconheceu a Lei do Protocolo.
Ester se beneficiou do Protocolo para quebrar outro protocolo. Ester precisava
entrar na presença do rei, porém, segundo a lei se uma audiência não fosse
burocraticamente agendada, isso poderia redundar em pena de morte, a não ser
que o rei estendesse seu cetro. Ester estava debaixo de oração e jejum de seus
compatriotas, porém, isso não seria suficiente se Ester não agisse com cautela
(protocolo). Ester se preparou, física, espiritual e emocionalmente durante
três dias. Preparação é um tipo de protocolo indispensável. Ester usou o
protocolo para se apresentar adequadamente, com as mais belas e ricas roupas
que poderia vestir. “...Ester se vestiu de suas vestes reais...” (Et 5:1a). Ester
não entrou de uma vez, ela usou o protocolo ao se pôr “...no pátio interior da
casa do rei, defronte do aposento do rei...” (v. 1b). Diante de tanta beleza e
reverência, o rei não poderia reagir de outra forma: “...ela alcançou graça aos
seus olhos; e o rei apontou para Ester com o cetro de ouro, que tinha na sua
mão, e Ester chegou e tocou a ponta do cetro.” (v. 2). O protocolo escancara a
porta do favor. Ao se preparar para entrar na presença do rei Ester obteve o
seu favor. “...qual é a tua petição? Até metade do reino se te dará.” (v. 3).
Da mesma forma, ao honrar o aniversário do rei Herodes com uma dança especial,
Salomé obteve o seu favor. “...Pede-me o que quiseres, e eu to darei.” (Mc
6:22b). Ao honrar a memória de seu pai Davi priorizando a vontade de Deus,
Salomão obteve o favor de Deus. “...Pede o que quiseres que te dê.” (I Cr 1:7).
Ao reconhecer a linhagem real de Jesus chamando-o de filho de Davi, Bartimeu
obteve o favor do Mestre. “...Que queres que te faça?...” (Mc 10:51).
Protocolo não é, porém somente
vestir-se adequadamente, é também falar adequadamente. Embora Daniel fosse fiel
somente a Deus, ele reconheceu a Lei do Protocolo ao se dirigir ao rei Dário
honrosamente: “...Ó rei, vive para sempre!” (Dn 6:21). Neemias somente alcançou
o favor do rei Artaxerxes porque conhecia a Lei do Protocolo. Neemias usou o
protocolo para iniciar suas palavras diante do rei: “...Viva o rei para
sempre!...” (Ne 2:3a). Neemias usou o protocolo ao não exaltar sua nação em
relação ao império persa: “...o lugar dos sepulcros dos meus pais...” (v. 3b).
Neemias usou o protocolo ao não usar um tom de exigência, como se o rei fosse
obrigado a atendê-lo: “...Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em
tua presença, peço-te...” (v. 5). Neemias usou o protocolo ao dar satisfação do
tempo de sua ausência: “...apontando-lhe eu um certo tempo.” (v. 6b). Neemias
usou o protocolo ao pedir ao rei cartas recomendação para sua viagem: “...Se ao
rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores dalém do rio, para que
me dêem passagem até que chegue a Judá.” (v. 7). Note também que Neemias usou o
protocolo ao pedir uma coisa de cada vez, com tato e cautela. A Lei do
Protocolo foi um dos motivos que fez com que Deus estendesse sua mão para
ajudar Neemias (v. 8c). Protocolo é falar coisas saudáveis: “Favo de são as
palavras suaves: doces para a alma e saúde para os ossos.” (PV 16:24).
Protocolo é falar na hora oportuna: “Como maçãs de ouro em salvas de prata,
assim é a palavra dita a seu tempo.” (Pv 25:11). Protocolo é falar com
reflexão: “O coração do justo medita o que há de responder...” (Pv 15:28a).
Protocolo é falar com brandura: “A resposta branda desvia o furor, mas a
palavra dura suscita a ira.” (Pv 15:1). Protocolo é falar pouco: “Retém as suas
palavras o que possui o conhecimento... Até o tolo, quando se cala, será
reputado por sábio; e o que cerrar os seus lábios, por entendido.” (Pv
17:27-28) Protocolo é falar depois de ter ouvido: “Responder antes de ouvir
estultícia é e vergonha.” (Pv 18:13).
Paulo, seguindo o protocolo esperou
a permissão do rei Agripa para se pronunciar: “...Agripa disse a Paulo:
Permite-se-te que te defendas.” (At 26:1a). Sendo um minucioso observador da
Lei do Protocolo, Paulo, antes de se pronunciar fez sinal com a mão de que iria
se defender. “...Então, Paulo, estendendo a mão em sua defesa, respondeu...”
(v. 1b). Note o protocolo no discurso de Paulo, passo a passo: (1)
Demonstrando-se honrado por estar na presença do rei e poder falar-lhe.
“Tenho-me por venturoso, ó rei Agripa, de que perante ti me haja, hoje, de
defender...” (v. 2); (2) Exaltando a cultura e o conhecimento do rei. “mormente
sabendo eu que tens conhecimento de todos os costumes e questões que há entre
os judeus...” (v. 3a); (3) Pedindo humildemente a preciosa atenção e também a
paciência do rei. “...pelo que te rogo que me ouças com paciência.” (v. 3b);
(5) Ao ter sua condição mental insultada pelo governador Festo, não perdeu o
respeito ao governador e a reverência perante o rei. “...Não deliro, ó
potentíssimo Festo! Antes, digo palavras de verdade e de são juízo.” (v. 25).
Perceba que a Lei do Protocolo possibilitou a Paulo testemunhar de Cristo a uma
autoridade governamental, como o próprio Jesus lhe havia prometido (At 9:15).
“Crês tu nos profetas, ó rei Agripa? Bem sei que crês.” (v. 27) Perceba também,
que Paulo não foi afoito para anunciar a Cristo, e a sua sutileza foi notada
até mesmo pelo rei Agripa. “...Por pouco me queres persuadir a que me faça
cristão!” (v. 28). Agripa ficou tão impressionado com Paulo que quis solta-lo,
e o teria feito se houvesse outro protocolo a ser seguido. “...Bem podia
soltar-se este homem, se não houvera apelado para Cézar.” (v. 32). Protocolo é
saber entrar e saber sair. Protocolo é ser simples como a pomba e prudente como
a serpente (Mt 10:16).
O protocolo é um princípio fundamental.
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