Depois do advento do polêmico e extravagante evangelista norte-americano
Billy Sunday, surgiu um novo conceito acerca do ministério do Evangelista.
Sunday foi pioneiro no ministério profissional de mega cruzadas que reuniam
pastores e igrejas em mobilizações em que se utilizavam os modernos recursos
midiáticos e elevados investimentos financeiros. Somando as altíssimas ofertas,
o glamour que marcava suas cruzadas, e sua influência carismática sobre as massas,
Billy Sunday se tornou um verdadeiro “astro” do evangelicalismo.
Temos visto em nossos dias
uma explosão de pregadores itinerantes, jovens fervorosos encantados com a
perspectiva das multidões e da fama. E a bem da verdade, está intrínseco na
própria natureza do homem este desejo por afirmação e reconhecimento, portanto,
o “sonho dourado” de jovens pregadores itinerantes não deve ser frustrado por
uma piedade descontextualizada e intolerante, porém, devemos sim, encontrar um
modelo bíblico deste ministério de apoio à Igreja local.
Comece indagando o
seguinte: Este atual ministério itinerante como conhecemos hoje, está de acordo
com a instituição e a prática dos ministérios cristãos? Que tipo de benefício
efetivo o atual ministério itinerante tem promovido para o Corpo de Cristo?
Na história da comunidade
cristã dos primeiros três séculos, três classes de ministros empreendiam
viagens itinerantes como pregadores oficiais da Igreja Cristã, eram eles:
apóstolos, profetas e evangelistas; pastores e mestres tinham um caráter mais
local, ou seja, supriam a Igreja com sua presença constante.
Os apóstolos eram
ministros pioneiros, que além estabelecerem igrejas por toda parte,
edificavam-nas com seu modelo doutrinário herdado dos doze primeiros apóstolos;
eram grandemente reverenciados pelos cristãos e normalmente atuavam nos demais
ministérios.
Os profetas, tal qual no
Antigo Testamento, não eram ministros “do templo”, mas exortadores itinerantes
que encorajavam a Igreja em momentos de desalento, além de predizerem
acontecimentos sociais, políticos e religiosos.
Este é um momento muito
especial para a Igreja de Jesus Cristo. O Espírito de Deus tem restaurado a
vigência dos cinco ministérios bíblicos em nossa época, especialmente o
apostólico e o profético. Genuínos apóstolos têm estabelecido e alicerçado a
Igreja do Senhor trazendo outra vez a harmonia da Doutrina Apostólica. E os
profetas cristãos da atualidade têm contribuído para um despertar da Igreja, com
suas mensagens contundentes e cheias de autoridade espiritual. Mas é outro
ministério que se caracteriza pelo seu caráter intrinsecamente itinerante, o
Evangelista.
Pode-se conceber nessa
dispensação um apóstolo que se fixe em uma igreja local (Sede) após ter
estabelecido algumas igrejas, também não é raro vermos pastores locais atuando
como profetas para sua própria congregação; porém, não é imaginável, nem nos
primórdios do cristianismo, e nem na atualidade, um evangelista com ministério
geograficamente fixo. O Evangelista é o genuíno pregador itinerante, e o
genuíno pregador itinerante deve ser um Evangelista.
Surge a questão: Os
pregadores itinerantes da atualidade têm desenvolvido que tipo de ministério?
Indago isto, pois nos parece que alguns dessa geração de itinerantes, “criaram”
uma espécie de modelo alternativo de obreiro, que não parece apostólico,
profético, e muito menos evangelístico. E esta discrepância diz respeito à
PROPÓSITO, MENTALIDADE e MENSAGEM. Mas é a mensagem que revela com clareza o
propósito e a mentalidade do pregador. A pregação de um Evangelista deve
refletir um propósito sincero de expandir com altruísmo o Reino de Deus,
cooperando com pastores e igrejas através de seus dons e carisma; sua pregação
deve refletir também uma mentalidade madura em relação ao Reino e a Igreja de
Deus.
Ao avaliar o ministério de
um pregador itinerante por sua mensagem, podemos considerar os seguintes
critérios: (1) Uma mensagem entusiasta oriunda de um coração inflamado pelo Espírito
Santo e pela compaixão pelas almas; (2) Uma mensagem bíblica e marcada pela
consciência e concisão doutrinária; (3) Uma mensagem marcada por uma forte
convicção do pecado por parte da audiência; (4) Uma mensagem agraciada pela
manifestação de dons espirituais; e (5) Uma mensagem cristocêntrica (Cristo no
centro) e que aponte para a obra redentora do calvário. Isto é um típico
pregador itinerante nos moldes bíblicos.
Não perca as próximas
postagens sobre Evangelismo e o Ministério do Evangelista. Deus em Cristo o
abençoe.
CINCO PERFIS DE EVANGELISTAS
Assim como existem
diversas categorias de médicos para especialidades distintas, pneumologistas,
oftalmologistas, ortopedistas... Certamente não podemos esperar que um dom
ministerial dado por um Deus Criativo, seja restrito; existe uma diversidade no
ministério do EVANGELISTA. Uma das coisas mais empolgantes no ministério dos
evangelistas, é que cada um desses fervorosos pregadores do evangelho, possui
uma característica singular, e é justamente essa singularidade ministerial que,
bem administrada pela Igreja Local, renova a espiritualidade e a paixão do povo
por Deus e por sua obra. Igrejas que adotam um perfil único de evangelista
tendem a ficar estagnadas, pois se suprirão em um aspecto e ficarão carentes e
outros.
Gostaria de enumerar cinco
ramos diferentes do ministério evangelístico que ao longo dos séculos têm
trazido revitalização e entusiasmo à Igreja, são cinco “perfis” de pregadores
do evangelho que precisam ser discernidos piedosa e sabiamente pelo pastor e
pela igreja; são eles: (1) Evangelistas Avivalistas; (2) Evangelistas de Cura;
(3) Evangelistas Pioneiros; (4) Evangelistas Proféticos; e (5) Evangelistas
Pastores.
1- EVANGELISTAS AVIVALISTAS
Convencionalmente, o termo avivalista na cultura eclesiástica moderna,
parece ser aplicado exclusivamente a evangelistas mais eloquentes e que operam
os dons espirituais, porém, é muito mais do que isso. Ao longo dos anos, o
Espírito Santo tem ungido de forma especial pregadores do evangelho que
carregam em si um peso de responsabilidade com um “senso geográfico”, ou seja,
estes evangelistas são comissionados com uma graça diferenciada para atrair
para Deus a população de uma comunidade, uma cidade, ou até uma nação inteira.
O Evangelista Avivalista é uma classe de ministro muito versátil, pois nele
operam os dons de cura, o espírito pioneiro, os dons proféticos, e também
habilidades pastorais. Este tipo de evangelista, portanto, é dotado de um
perfil apostólico.
Como fervoroso pregador do evangelho e entusiasta visionário apostólico,
o Evangelista Avivalista forma discípulos nos moldes de Jesus, com visão não
meramente denominacional, mas com a perspectiva do Reino de Deus.
Nestes dois milênios de dispensação da Igreja, o Espírito Santo nos legou
o privilégio de contemplar, extasiados, o ministério estrondoso de grandes
avivalistas, dentre eles, vale a pena ressaltar o jovem Evan Roberts do País de
Gales. Roberts, incendiado por uma vida poderosa de oração e por uma visão
divina de avivamento nacional, ateou fogo em seu país. Os relatos do avivamento
galês são chocantes e quase inacreditáveis do ponto de vista sociológico (ver
biografia na postagem do blog:
http://pastoreneasvozprofetica.blogspot.com.br/2011/07/evan-roberts-o-avivalista-gales.html).
O evangelista avivalista
tem somente um anelo e uma motivação: o reavivamento da Igreja local e o
avivamento da comunidade. Assim, ele empreende esforços tanto no despertar dos
crentes para uma vida espiritual mais profunda, santificada e socialmente
relevante, como na salvação e conversão dos perdidos em uma área geográfica
determinada por Deus.
2- EVANGELISTAS DE CURA
Este ramo de Evangelista despontou por ocasião do ministério do lendário
ministro de cura Oral Roberts. Foi na década de cinquenta que estes poderosos
pregadores se popularizaram, especialmente pela divulgação do famoso periódico
A VOZ DA CURA nos Estados Unidos, e de grandiosas cruzadas em tendas, além
disso, foram eles (em especial Oral Roberts) os pioneiros do tele-evangelismo.
A ênfase da pregação e do ministério desses Evangelistas é o poder curador de
Deus. Dentre as principais Doutrinas expostas por eles se destacam: a cura
divina como dádiva inclusa na obra expiatória do calvário (Is 53:4-5; Mt
9:5-7); o papel fundamental da fé na ministração e recebimento da cura (Mc
10:52; At 14:9); a crença de que a cura divina é sempre a vontade de Deus (Mt
8:2-3); a cura divina mediante a simples recepção da Palavra (Sl 107:20; Lc
7:7); a crença de que é a vontade de Deus curar todas as pessoas (Mt 10:1; At
10:38). Estes Evangelistas de Cura são conhecidos por sua absoluta ira contra
toda sorte de doenças e enfermidades, eles empreenderam uma fervorosa série de
campanhas de avivamento, marcados pela ênfase na cura dos corpos enfermos.
Evidentemente que o grande foco desse maravilhoso dom operado nestes ministros
é atrair a atenção dos pecadores e convertê-los, o que se torna mais simples
quando há sinais, especialmente curas (At 8:6-7; 28:8-10). Evangelistas de Cura
se utilizam pelo menos quatro formas básicas para conduzir as pessoas à cura:
(1) Em muitas reuniões eles ungem as pessoas doentes uma a uma lhes impondo as
mãos (Mc 6:5, 13). (2) Em sua maioria, os Evangelistas de Cura “instigam” a fé
das massas somente pela Pregação ou Palavra da Fé (Mt 8:16; Lc 4:36; Gl 3:5).
(3) Outro meio pelo qual ondas de cura são liberadas sobre as massa, é a
virtude do Espírito do Senhor Jesus que flui desses ministros ungidos (Nm
11:16-17; Lc 6:19; At 5:15-16). (4) Por fim, um meio muito comum de cura divina
era através de se tocar, ou de pontos de contato com Evangelistas de Cura
ungidos (Mt 14:36; Mc 3:10; 5:28; At 19:11-12).
Os Evangelistas de Cura foram também pioneiros na promoção da verdadeira
vida abundante, com hábitos saudáveis de alimentação e atividade física; a
máxima desses pregadores é: “Deus não é responsável por nossa saúde, Ele é
responsável por nossa cura”.
Dentre estes poderosos Evangelistas devemos destacar, além, é claro, do
proeminente Oral Roberts, a extravagante e dramática Kathryn Kullman, uma
tremenda mulher de Deus que possuía um genuíno ministério do Espírito Santo,
conduzindo milhares de pessoas à curas extraordinárias apenas convidando o
Espírito Santo para fazê-lo; como não falar do controverso William Brahman que
se tornou o “pai” e um inspirador de uma geração de ministros curadores,
inclusive de T.L. Osborn. Podemos fazer menção também de John Lake, Smith
Wigglesworth, John Alexander Dowie, Maria Woodworth-Etter, A.A. Allen, Benny
Hinn e outros (ver o blog A VOZ DA CURA: http://avozdacura.blogspot.com.br/).
No Brasil, nomes destacados foram: Celso Lopes, Luíz Schiliró, Manuel de Melo,
Davi Miranda, e uma nova geração que hoje, está operando em um nível de poder
curador jamais visto.
3- EVANGELISTAS PIONEIROS
Começar do “zero”, lançar alicerces sólidos para estabelecer igrejas,
consolidar frentes evangelísticas estáveis. Estes são alguns aspectos
fundamentais do ministério de um Evangelista Pioneiro. O apóstolo Paulo, que
aliás, é um dos mais completos evangelistas que já viveu, foi um grande
pioneiro, ele pregava o evangelho em uma cidade, estabelecia uma igreja ali,
discipulava por um curto espaço de tempo a liderança pastoral que assumiria em
sua ausência, e depois partia para outra cidade e recomeçava o processo. Na
verdade, a despeito de permanecer ou não em certo lugar para treinar obreiros,
o Evangelista Pioneiro com suas poderosas e persuasivas campanhas de
evangelização e avivamento, sempre deixam para trás um sem número de
convertidos prontos para engressar no ceio de uma congregação (igreja) local.
Uma das maiores denominações pentecostais foi fundada por um grande Evangelista
Pioneiro, o Bispo Charles Harrison Mason, que incendiou o Sul dos Estados
Unidos pregando o evangelho e curando os enfermos. Outro poderoso Pioneiro é o
argentino Carlos Annacondia, que tem se constituído dentre os evangelistas,
como o maior apoiador da igreja local no mundo; suas cruzadas de cura e
libertação têm transtornado cidades, deixando milhares de almas convertidas aos
cuidados dos pastores. E o que não dizer de Billy Graham, que também tem sido
braço direito de pastores e líderes cristãos ao redor do mundo nas últimas
décadas.
Precisamos de mais desses ministros com espírito de desbravamento e
conquista de territórios. Estes são os Evangelistas Pioneiros.
4- EVANGELISTAS PROFÉTICOS
Há uma categoria de Evangelista que parece estar “acima de qualquer
suspeita”, são homens veementes, inconformistas, confrontadores, e expõem como
poucos ministros o fato e a realidade do Pecado humano. São os Evangelistas
Proféticos, homens que parecem consumidos por um zelo divino pela alma eterna
dos homens e pelo estado espiritual da Igreja. Apesar de não ter feito parte da
Era da Igreja, João Batista foi o precursor do Reino de Deus, e neste sentido
ele foi um anunciador das boas novas da remissão dos pecados pelo
arrependimento (Marcos 1:4-5), ou seja, o profeta João Batista foi um poderoso
Evangelista Profético. Suas grandes campanhas no deserto atraíam multidões de
pecadores que se arrependiam e eram por ele batizados no Rio Jordão. A pregação
de João Batista era incisiva e tocava em pontos nevrálgicos da religiosidade formalista
e das desigualdades e decadências sociais de sua época (Lucas 3:10-14).
Estes Evangelistas estão representados em nosso século em vozes
proféticas como a do saudoso e lendário Leonard Ravenhill que também incendiou
corações e promoveu grandes despertares na Inglaterra, e em muitos países do
mundo, seu legado de Evangelista Profético foi herdado da influência de outro
grande atalaia: A.W. Tozer. Hoje em dia, estas vozes conservam este legado
através do Missionário norte-americano Paul Washer, que tem causado grande
impacto com sua pregação cristocêntrica e repleta de penetrantes denúncias
contra o atual estado da Igreja nos EUA e no mundo.
Tais pregadores não podem jamais se calar, pois eles conservam o
equilíbrio e a proclamação do amor e do juízo de Deus. (ver blog:
http://oprofetico.blogspot.com.br/)
Os Evangelistas Proféticos estão em plena atividade.
5- EVANGELISTAS PASTORES
A chamada da grande comissão é abrangente, ou seja, não diz respeito
apenas a pregar, mas também a discipular os novos convertidos, ensinando-os na
doutrina dos apóstolos. Jesus disse: “...Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho...” (Marcos 16:15) e “...ide, ensinai todas as nações...”. A pregação
e o ensino são coisas absolutamente distintas, aliás, Jesus possuía o tríplice
ministério do Evangelista: Ensinar, Pregar e Curar. “E percorria Jesus toda a
Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e
curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.” Perceba que ensinar
possui um caráter mais interno, ou seja, restrito a algum ambiente religioso
(sinagogas), já pregar tem um caráter mais externo (nas vilas ao ar livre).
Ambos são importantes, mas são os pastores que possuem mais habilidades e
talentos espirituais para o ministério “indoor”. Há, no entanto, uma classe de
evangelista que tanto prega o evangelho em cruzadas e campanhas fora do âmbito
congregacional (templo), como ensina dentro do mesmo. Eles possuem uma
capacidade de serem pastores, porém fazendo a obra de evangelistas. O apóstolo Paulo
exortou ao jovem pastor da Igreja em Éfeso, Timóteo: “...faze a obra de um
evangelista, cumpre o teu ministério.” (II Timóteo 4:5).
Nossa geração tem sido marcada pelo surgimento do fenômeno da
“mega-igreja”, que parece positivo para uns e negativo para outros, porém,
diga-se a verdade: os pastores dessas mega-igrejas se tornaram influentes e
poderosos Evangelistas Pastores, que têm empreendido estratégias arrojadas e
visionárias na difusão do Evangelho do Reino, penetrando em seguimentos da
sociedade outrora alheios à realidade da Igreja, como o entretenimento, a
comunicação e a mídia. Dentre estes grandes Evangelistas Pastores destacam-se o
famoso pastor sul-coreano David Young Sho, idealizador da igreja em células e
líder da maior igreja do mundo. E o nome mais eminente da atualidade o Pastor
midiático TD Jakes.
Estes ministros polivalentes têm sido usados por Deus para trazer grande
crescimento ao corpo de Cristo e expansão ao Reino de Deus.
Evidentemente que existem “subclasses”
de evangelistas no corpo de Cristo, a diversidade de temperamentos,
personalidades e dons propicia isto. Os Evangelistas supracitados não obstante
praticarem o evangelismo pessoal esporadicamente, são mais efetivos e eficazes
na comunicação em massa, enquanto outros parecem ser mais frutíferos na
evangelização de pessoa por pessoa. Sejamos, porém francos, não é sábio um ou
outro tipo de proclamador do Evangelho se declarar maior ou mais nobre por
praticar uma faceta de evangelismo em grupos de rua, nas casas, por cartas,
telefone, individualmente ou em massa. O ide é para todos, mas o ministério
público não!
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