Existe
uma doutrina bíblica fundamental na fé cristã, é a imposição de mãos. Alguns a
ignoram em nível de estudo, mas deveria ser um tema à ser dominado, pelo menos
pelos pentecostais. O entendimento sobre a imposição de mãos é tão importante
quanto a doutrina dos batismos, a doutrina da ressurreição dos mortos e a
doutrina escatológica do juízo final.
“Pelo
que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição,
não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em
Deus, e da doutrina dos batismos, e da imposição de mãos, e da
ressurreição dos mortos, e do juízo eterno.”
Hebreus
6:1-2
Note que o escritor aos hebreus exorta à igreja hebréia, não a se esquecer da
doutrina da imposição de mãos, mas sim a conhecê-la profundamente, no afã de
priorizar outros aspectos “mais importantes” da fé. Porém, tal exortação se
dirige àqueles que dominam o assunto, o que não é uma realidade em muitos
casos.
A igreja perdeu a noção do poder que está investido neste ato profético.
Quem haveria ser o herdeiro de José por tradição era o primogênito Manassés,
Jacó, porém, impôs sua mão direita (a mão da primogenitura) sobre Efraim, ao
que José protestou, pois sabia o significado da benção do patriarca através da
imposição da mão direita. “Vendo, pois, José que seu pai punha a
sua mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi mau aos seus olhos; e
tomou a mão de seu pai, para a transpor de sobre a cabeça de Efraim à cabeça de
Manasses. E José disse a seu pai: Não assim, meu pai, porque este é o
primogênito; põe a tua mão direita sobre a sua cabeça. Mas seu pai
o recusou, e disse: Eu o sei, filho meu, eu o sei; também ele será um povo e
também ele será grande; contudo, o seu irmão menor será maior que ele, e a sua
semente será uma multidão de nações. Assim, os abençoou naquele dia...”
Pais e avós abençoarem seus filhos e netos não é mera tradição religiosa ou uma
cultura social restrita aos hebreus, é um princípio espiritual poderosíssimo
que foi abandonado em nossa geração.
Ao sairmos pelas ruas, contemplamos seres humanos tão dignos como nós,
assentados à beira da calçada mendigando, nos becos e bares se drogando e
alcoolizando, nas esquinas se prostituindo e outros morrendo. Será que eles são
meramente um “produto do sistema”, que não tiveram grandes oportunidades na
vida? Este pode ser um aspecto básico da origem do problema, “a ponta do
iceberg”, mas um outro fator pode estar envolvido. Será que essas pessoas foram
abençoadas pelos pais na tenra idade? Será que se inclinaram para que seus pais
lhes impusessem as mãos e invocassem as bênçãos do Deus da Igreja de Cristo
sobre eles? Não creio!
Vamos compreender a dimensão do entendimento de Jacó acerca deste ato:
“Depois
chamou Jacó a seus filhos, e disse: Ajuntai-vos, e anunciar-vos-ei o que vos há
de acontecer nos derradeiros dias...Todas estas são as doze tribos de Israel; e
isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles
abençoou segundo a sua benção.”
Gênesis
49:1, 28
O patriarca Jacó não somente os abençoou como uma tradição hereditária, ele
entendia que sua benção impetrada com fé e sabedoria, seria um fator
determinante para o futuro de seus doze filhos.
Certos pais iracundos amaldiçoam tanto seus filhos em seus momentos de explosão
emocional, que tornam seus filhos alvos das investidas do diabo. Crianças,
adolescentes e jovens precisam ser incentivados pelos pais com palavras de
benção, pois sua formação está intrinsecamente ligada não somente ao ambiente
em que crescem, mas principalmente ao que ouvem. Um futuro devastado deve-se em
essência, muitas vezes, ao desânimo de palavras amaldiçoadoras. “Vós,
pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo.” (Cl
3:21).
Deus investe seu poder e autoridade espiritual sobre certos homens e mulheres,
para que estes estejam aptos a abençoar. Dada a importância fundamental e
profética da imposição de mãos, não devemos permitir que pessoas que não
estejam devidamente ungidas e autorizadas, imponham as mãos sobre nós como ato
espiritual, pois, “...sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo
maior” (Hb 7:7). O maior aqui, na perspectiva do Reino, é aquele
que recebeu uma unção confirmada para ministrar. Melquisedeque estava
devidamente autorizado a ministrar (abençoar) a Abraão, pois a unção do
sacerdócio estava sobre ele, e o sacerdote era maior do que o profeta.
Alguém pode ser ungido com sabedoria simplesmente através da imposição de mãos?
Deixe este jovem ministro lhe responder. SIM!
“E
Josué, filho de Num, foi cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha
posto sobre ele as suas mãos.”
Deuteronômio
34:9
A unção para liderar o numeroso povo de Israel estava sobre a vida de Josué,
pois a unção que estava sobre Moisés foi transferida para o ministério de
Josué.
Lembro-me muito bem quando eu era um pregador itinerante, fazendo sempre a obra
com minha esposa, pastora Gisele, ministrando em grandes congressos. Estávamos
revestidos da unção de evangelistas-profetas, até que, no mês de agosto de
2006, o nosso pastor (Deiró de Andrade) impôs as mãos sobre nós, e naquele
mesmo instante veio sobre nós uma unção que não esperavamos, a unção para o
ministério pastoral. Pelo fato de termos entendido e crido nisto, temos
desenvolvido com muita graça este ministério desde então.
Nunca subestime a oração e a imposição de mãos de um verdadeiro ministro de
Deus, é um ato profético poderoso.
Mas como você pensa que posso relacionar este ato com o ministério apostólico?
A relação é óbvia. É um mandamento do senhor Jesus aos que ele enviou.
“...Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura...e porão as
mãos sobre os enfermos e os curarão.” (Mc 16:15, 18 b).
As mãos de um ministro ungido são o ponto de contato entre o homem e as bênçãos
de Deus. Há um fluxo de poder espiritual que emana no ato da imposição de mãos,
por isso, Jesus outorgou o seu poder curador aos discípulos mediante a
imposição de mãos, embora eu entenda que em uma reunião de grandes proporções,
não seria possível impor as mãos sobre todos os enfermos, daí cremos
exclusivamente no poder curador da Palavra de Deus. “E, chegada a tarde,
trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, coma sua palavra,
expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos.” (Mt
8:16)
O ministério de Jesus despertou nas pessoas o entendimento e a confiança no
esquecido ministério da imposição de mãos, que estava restrito aos sacerdotes
que somente impunham as mãos sobre os bodes da expiação. A fama de Jesus foi
tão difundida que um religioso, “pastor” de uma sinagoga, procurou o Mestre
para ter sua filha ministrada. “E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha
está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para
que sare e viva.” (Mc 5:22-23).
Em sua cidade de criação, Nazaré, aconteceu um fato paradoxal, Jesus, aquele
que pode todas as coisas, segundo o evangelista Marcos “...não pôde...”
fazer muito (v. 5 a), pois ali, a ausência de fé era admirável ao
próprio Jesus. “E estava admirado da incredulidade deles...” (Mc
6:6). Alguns, porém, que estavam doentes, ficaram e creram no ministério de
Jesus, e mais uma vez as mãos do Senhor entraram em ação. “E não podia
fazer ali obras maravilhosas; somente curou alguns poucos enfermos,
impondo-lhes as mãos.” (Mc 6:5). Note que o ato da imposição de
mãos requer não somente fé de quem impõe as mãos, mas também de quem é
ministrado.
Como eu disse anteriormente, quando se separa e consagra alguém para o santo
ministério, a imposição de mãos é o método neo-testamentário, diferente do
Antigo Testamento, em que o óleo era derramado sobre a cabeça do escolhido.
Hoje o óleo é usado para ungir (mediante imposição de mãos) aqueles que estão
enfermos. “E expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com
óleo, e os curavam.” (Mc 6:13). A unção com óleo é também um
ministério apostólico, e não pode ser banalizado. Muitos movimentos
carismáticos e pentecostais têm feito do óleo um artigo supersticioso cultural,
unge-se tudo. É uma autêntica “lambuzeira!” Entendemos que qualquer pessoa ou
até certos objetos possam ser ungidos em qualquer ocasião desde que seja por
inspiração e ordem direta do Espírito Santo, mas pelas pessoas devidamente
instituídas por Deus. Mesmo porque, o ato do ungir é restrito às pessoas
ministerialmente e espiritualmente autorizadas da Igreja, como disse Tiago: “Está
alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele,
ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o
Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.”
(Tg 5:14-15).
Devemos nos guardar destes aventureiros que gostam de “ungir” as pessoas por aí
aleatoriamente, pois este ato apostólico e profético está biblicamente restrito
aos ministros oficiais da igreja (presbíteros/bispos/anciãos/pastores). O
advento do evangelho trouxe uma inimaginável (à cultura judaica) liberdade
ministerial e litúrgica às mulheres, que passaram a atuar ativamente na obra de
Deus, porém, não há menção bíblica doutrinária de mulheres ungindo pessoas. Não
podemos, porém, ser liturgicamente inflexíveis, pois, há exceções emergentes e
delegações de ministros autorizados que porventura não estejam presentes.
Qualquer um pode ministrar a cura divina pela fé, mas somente ministros da
Igreja podem ungir, este é o padrão escriturístico.
A mesma cautela deve haver em relação àqueles que oferecem a unção,
principalmente os que a oferecem como artigo de comércio: “Venha receber a
unção no culto da unção com óleo!!!” Tiago orienta: “...Chame os
presbíteros...” Note que os presbíteros são normalmente chamados, mas
não se oferecem (há exceções).
Visto que o texto diz: “...orem sobre ele...”, logo, não se exige
ungir o local da doença, e sim, o doente, e podemos entender por “sobre ele”
que a oração com imposição de mãos sobre a cabeça é a alternativa mais
coerente, e da cabeça, a unção do Espírito Santo pode perfeitamente envolver
todo o corpo (Sl 133).
Bom é lembrar também que o óleo utilizado neste rito, não possui nenhum poder
medicinal, e muito menos místico, mas é, sim, um ponto de contato de fé por ser
um símbolo escriturístico e proféticodo Espírito Santo e seu poder. A cura não
está no óleo, e também não está na imposição de mãos em si, mas na fé, pois, “...oração da
fé salvará o doente, e o Senhor o levantará...”
Através da imposição de mãos, Deus outorga dons aos seus servos, dons
espirituais e dons ministeriais. Não foram raras a ocasiões em que Deus me usou
para ministrar dons a pessoas por intermédio das minhas mãos, da mesma forma,
um dia Deus usou as mãos de um ministro para que eu recebesse o ministério
profético.
Paulo desejava ardentemente chegar à Roma e visitar sua jovem Igreja, e ele
escreveu dizendo: “Anseio vê-los, a fim de compartilhar com vocês algum
dom espiritual...” (Rm 1:11a - NVI) Não creio que o termo “compartilhar”
aqui, seja simplesmente “demonstrar seus dons”, mas sim, dividir com eles o
mesmo dom, para posteriormente eles também pudessem ministrar a
outros.
Ora, se não fosse assim, porque Paulo teria dito à Timóteo: “...despertes
o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos.” (2ª
Tm 1:6).
É fabuloso como a bíblia se aplica a praticidade do ministério cristão hodierno.
Toda experiência espiritual e litúrgica da Igreja Primitiva pode e deve ser
reproduzida na Igreja do século XXI. Lembro-me que em meados do ano de 2003, eu
ministrei uma mensagem profética a um jovem problemático da igreja, dizendo-lhe
que ele receberia o dom da profecia, e ao mesmo tempo que eu profetizei, eu o
ministrei dizendo: “Receba-o agora!” Ele caiu sob o poder do Espírito e,
daquele dia em diante processou-se na vida daquele rapaz uma transformação
espiritual e ministerial inquestionável, e hoje me alegro ao vê-lo como um
jovem pastor de igreja. Este é um entre outros casos semelhantes da minha
experiência carismática pessoal. Mas você talvez pergunte: “É possível alguém
receber um dom assim, com uma profecia e uma ministração imediata?” O apóstolo
Paulo responde: “Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por
profecia, com a imposição das mãos do presbitério.” (1ª Tm 4:14).
Note outro aspecto. Este tipo de dom não deve ser rejeitado (“Não
desprezes o dom que há em ti...”), se assim acontecer com você creia e
passe a agir à altura do que você recebeu. Use o seu novo talento com graça e
sabedoria.
Um episódio interessantíssimo ocorreu em Samaria quando um grupo considerável
de pessoas receberam em seus corações a fé cristã por intermédio da pregação
apostólica do diácono evangelista Filipe:
“Os
apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a
palavra de deus, enviaram lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por
eles para que recebessem o Espírito Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha
ainda descido, mas somente eram batizados em nome de Jesus.) Então, lhes
impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.”
Atos
8:14-17
Este não é mais um texto histórico isolado e sem significação teológica e
doutrinária, mas é, sim, uma demonstração do ministério apostólico da imposição
de mãos. Note que o diácono Filipe, apesar de ser ungido para o ministério
evangelístico com uma unção direcionada à libertação (exorcismo), e a restauração
física miraculosa de coxos e paralíticos (At 8:7), não estava
ministerialmente “habilitado” para ministrar o batismo no Espírito Santo aos
novos convertidos que acabara de ganhar.
Não é um fato incomum em meu ministério este sinal acompanhando a pregação da
palavra. Em 90% das igrejas em que ministro, chamo à frente aqueles que desejam
ser batizados no Espírito Santo, e nunca me decepcionei com um resultado
negativo, pois fui ungido para especificamente para este fim dentre outros.
Para mim é muito gratificante quando alguém telefona para mim diz coisas como:
“Pastor, todas as vezes que falo em línguas estranhas lembro-me do senhor, por
isso estou ligando!”. Penso que esta é uma experiência que qualquer crente
cheio do Espírito Santo pode ministrar por fé, mas existem ministros
singularmente capacitados para fazê-lo, pois é um ministério apostólico, e este
dom não está à venda (At 8:18-24).
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