“E disse Sara: Deus me deu motivo
de riso...”
Gênesis 21:6
Em sua penosa condição de mulher
estéril, Sara literalmente não encontrava razão para sorrir. Deus prometera que
seu marido Abraão seria o genitor de raças e povos, e para isso ele precisava
de pelo menos um filho. Como se não bastasse, Sara, além de não poder gerar
filhos por causa de sua esterilidade, ainda era da avançadíssima idade de
noventa anos (Gênesis 17:17) e já
não ovulava mais.
Na verdade, a desesperança de Sara por
sua situação, produziu nela um sentimento de ironia e sarcasmo. Uma atitude
cínica se apoderou de sua vida. Afinal, o pai da fé era seu marido, e Sara não
conhecia a Deus como ele. Sara se tornou amarga e cética.
Foi em uma gloriosa visita de Deus à
Abraão em sua casa, que Sara
teve o estado de sua alma confrontado. Ao ouvir do outro lado da tenda a
promessa de Deus que ela daria à luz um filho em menos de um ano, fez explodir
na alma frustrada de Sara um sorriso escarnecedor.
“Riu-se, pois, Sara no seu íntimo,
dizendo: Depois de velha, e velho também o meu senhor, terei ainda prazer?”
Gênesis 18:12
Esta tem sido a atitude de muitas
pessoas diante da perspectiva das promessas de Deus. É o sorriso sarcástico que
expressa uma postura racionalista e uma mente natural. Afinal de contas, é algo
impossível uma gravidez nessas condições de idade e saúde. Está fora de questão
tal coisa. Este foi um péssimo momento para sorrir. Sorrir desprezando a
promessa divina. Como fizeram os pranteadores hipócritas ao ouvir a perspectiva
sobrenatural de Jesus sobre uma menina morta: “...A criança não está morta, mas dorme. E riam-se dele...” (Marcos 5:39-40).
Sara ainda não encontrara um motivo
certo para sorrir.
Então, ao ouvir o sorriso inaudível do
coração incrédulo de Sara o Senhor Deus declara:
“Acaso, para o Senhor há coisa
demasiadamente difícil?”
Gênesis 18:14
Essa declaração do Senhor acima até nos
remete à milênios mais tarde, quando o anjo Gabriel diz à Maria: “Porque para Deus não haverá impossíveis em
todas as suas promessas.” (Lucas
1:37).
A impossibilidade é o campo de atuação
da fé. As impossibilidades revelam, pela fé, um dos atributos naturais de Deus:
sua Onipotência.
Certo, é bem verdade que Abraão também
titubeou um pouco ao ouvir a promessa (Gênesis
17:17), porém depois que Deus se ausentou, Abraão fortaleceu sua fé
glorificando a Deus como se o filho de Sara já existisse (Romanos 4:18-21).
Esta é a atitude da fé verdadeira. A
partir do momento da concepção da Palavra de Deus, já estabelece a convicção de
que o esperado já foi recebido, e agora, é uma questão de tempo até tornar-se
visível e palpável.
Fé não esperança. A esperança espera, a
fé agarra. A esperança é a atitude interior de quem aguarda o que já conquistou
pela fé.
Assim, a oração da fé não é uma
tentativa de convencer Deus a fazer algo pra mim, e sim um apossar-se da
promessa de Deus declarando-a e confessando-a continuamente (Hebreus 4:14).
O “amém” que conclui a oração deve ter o
mesmo tom e atitude do último brado do calvário: “Está consumado” (João 19:30).
As quatro fases da oração devem ser:
(1) PEDIR;
(2) CRER;
(3) RECEBER; e
(4)
TER.
Senão vejamos o que disse nosso Senhor:
“...tudo o que pedirdes,
orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis.”
Marcos 11:24
O verdadeiro motivo do nosso sorriso
está nas fases iniciais da oração, não nas conclusivas. No texto base deste
sermão, Sara entendeu que somente com um filho nos braços é que Deus lhe dera
motivo certo para sorrir. Isto não é fé. A verdadeira alegria do Senhor se dá
quando eu creio e recebo pela fé. Assim, minha esperança em ter aquilo que cri e
recebi, é misturada com sorrisos de alegria porque já é meu.
O motivo certo para sorrir se dá logo que eu me levanto dos meus joelhos
com uma atitude de vencedor para a glória de Deus.
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