Existe no âmago de cada indivíduo uma
necessidade latente de aceitação. Isso pode ser algo equilibrado gerando uma
atitude positiva para com o próximo, ou pode ser algo nocivo gerando uma
necessidade patológica de atenção e bajulação. Mas em ambos os casos, se houver
uma resposta negativa como a rejeição,
o resultado será um conjunto de traumas emocionais e sociais como medo,
insegurança, ressentimento, baixa autoestima, e outras coisas piores.
A rejeição é uma síndrome social
extremamente nociva ao ser humano, e tem produzido uma série de desajustes
sociais irreversíveis. O bullyng, por exemplo, é uma das anomalias sociais que
tem causado dano inimaginável a adolescentes e até universitários, tudo isso,
fruto de formas de rejeição em casa como falta de atenção e carinho, ou abusos
físicos e emocionais.
A
psicologia define rejeição da seguinte maneira:
Nas relações
interpessoais, é processo pelo qual se considera alguém uma pessoa destituída
de valor, incompatível com determinada categoria ou inadmissível como objeto de
sentimentos de afinidade ou vinculação. A rejeição raramente é absoluta ou como
tal reconhecida, manifestando-se antes de maneira indireta: críticas excessivas
à pessoa rejeitada, comparações tendenciosas, falta de atenção pela presença ou
palavras da outra pessoa e outras demonstrações de hostilidade.
Poucas narrativas dos Evangelhos ilustram
um caso de rejeição tão bem como João
8:1-11. A mulher adultera foi rejeitada de todas as formas possíveis,
dentro do evento narrado e certamente em sua trajetória de vida não narrada.
Vale a pena meditar sobre isso:
Como foi a infância dessa mulher?
Como foi seu relacionamento com seus
pais, se é que ela os teve?
Como foi sua educação?
Que tipo de adolescente ela foi?
Que tipo de casamento lhe foi imposto?
Seu marido lhe era fiel, e se era,
porque não foi trazido, bem como o outro adultero?
Como era seu relacionamento com as
mulheres da comunidade?
Com que tipo de olhar os homens da
comunidade a olhavam?
Em cada uma das indagações acima
podemos supor uma forma rejeição que a poderia ter marcado profundamente, e
Jesus sabia disso.
Diante dos religiosos que a trouxeram
arrastada, Jesus teve uma atitude de indiferença, mas em seu íntimo, Jesus se
compadecia profundamente dela. O texto sagrado narra: “...Mas Jesus, inclinando-se,
escrevia com o dedo na terra.” (v. 6b).
Considerando a relevância das
Escrituras e o significado de cada uma das palavras e gestos do Senhor, não
posso crer que aquilo foi apenas uma demonstração de descaso de Jesus. Gosto de
acreditar que ele estava escrevendo na terra os pecados de todos, tanto dos
acusadores, como os da mulher. Mas eis o glorioso detalhe!
Há um texto no Antigo Testamento que
fala sobre “pecados escritos” de
forma terrível: “O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro, com ponta de
diamante, gravado na tábua do seu coração e nos ângulos dos seus altares.”
(Jeremias 17:1).
Perceba, a descrição dos pecados do
povo na Antiga Aliança foi entalhada no coração de pedra dos homens não
redimidos, e nas pontas de seus altares idólatras. Ou seja, não poderiam ser
apagados.
Mas eis que o Bendito Redentor escreve
pecados para nos convencer deles, mas escreve com seu maravilhoso dedo criador,
o mesmo dedo que escreveu as tábuas da Lei; e agora, Ele não escreve pecados em
pedra, mas na terra, pois o vento do Espírito os pode apagar. Aleluia!
É na Redenção que Jesus que Jesus
assumiu toda a condenação humana e as consequências do Pecado Original. Na
cruz, Jesus foi nosso Substituto legal na sentença que era contra nós (Colossenses 2:13-15), isso inclui
MORTE, MISÉRIA, DOENÇA, MADIÇÃO, e também REJEIÇÃO. Sim, a rejeição também foi
expiada pela Obra Redentora de Cristo no Calvário.
“...não tinha parecer nem formosura; e,
olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos. Era
desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores, experimentado
nos trabalhos e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado,
e não fizemos dele caso algum.”
Isaías 53:2-3
Lembre-se, Isaías 53 é um texto de
Redenção e Expiação. Seu conteúdo profético narra os sofrimentos do Messias (Jesus
Cristo) em substituição da raça humana pecadora. Todo o estado de juízo e peso
descrito por Isaías 53 revela as coisas que Jesus assumiu em nosso lugar para
que tivéssemos que carregar, e em especial o texto acima descreve a forma como
o Senhor “se fez rejeitado”. Sim, o
Regente do Universo, o Filho Primogênito de Deus, o Rei dos reis; ele aceitou
ser rejeitado como sacrifício expiatório, para que cada um que Nele crer e para
Ele viver, seja aceito como o melhor da criação.
A Redenção substitutiva é a porta de
entrada para a aceitação; mas com os traumas de uma vida de rejeição Jesus
trata de maneira progressiva.
Como Jesus trata do estado de rejeição
humana?
1.
Ele ignora e reprova a atitude
daqueles que nos desprezaram.
“...Mas
Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.” (v. 6b)
2.
Ele iguala todos os homens debaixo da
realidade do Pecado.
“...Aquele
que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.”
(v. 7b)
3.
Ele restaura a nossa reputação e valor
humano.
“...Mulher...”
(v. 10b) gr. Guinai = “mulher pura”; “mocinha”
4.
Ele não imputa pecado ao penitente e
retira a condenação.
“...Nem
eu também te condeno...” (v. 11a)
5.
Ele nos ativa e nos dá novo senso de
propósito (v. 11b)
“...vai-te...”
6.
Ele nos chama para a responsabilidade
de uma nova vida Nele.
“...e
não peques mais.” (v. 11c)
Conclusão
Se você entregou sua vida a Jesus, foi
salvo e nasceu de novo, renuncie de uma vez por todas esse estúpido sentimento
de inferioridade e baixa autoestima. Você é o melhor de Deus! Você não é mais
produto de uma vida de rejeição e abusos; agora você é uma nova criatura,
conhece a razão e o propósito de sua existência, e sabe sua importância nos
planos de Deus e no seu Reino.
Tenha sido você rejeitado(a) em seu casamento, vida profissional,
seguimento acadêmico, família, por filhos, pais, amigos, ou até mesmo irmãos.
Não importa, levante a cabeça creia e aceite a obra de Cristo em seu favor. A
raíz da rejeição estava em você, mas agora você não é mais rejeitado, você é
ACEITO, por Deus (II Coríntios 5:17-19) e por si mesmo.