O início de meu ministério como pregador
se deu como itinerante, ou seja, eu não tinha um púlpito fixo para pregar. Este
tempo maravilhoso durou cinco anos, ministrando em grandes congressos,
conferências e algumas cruzadas. Uma agenda frenética todo final de semana e
algumas campanhas de meio de semana. Depois, em 2005, fui enviado pelo meu
pastor para dirigir a minha primeira igreja. Mesmo como pastor local, ainda
atuava intensamente como evangelista, mas agora, minha visão sobre o trabalho
abnegado de um pastor estava aberta.
Penso que todo evangelista e pregador
itinerante deveria ter uma experiência como pastor de igreja para compreender a
mente pastoral e vivenciar o dia a dia do povo para quem prega. Assim, pregadores
itinerantes evitariam muitas tolices.
Da mesma sorte, todo pastor de igreja
poderia ter sua experiência itinerante para compreender as necessidades e
demandas deste ofício.
Cada um destes trabalhos no Reino tem
sua grandeza e importância, nenhum deles é, absolutamente, mais importante do que
o outro.
Pastores deveriam entender que precisam
de evangelistas periodicamente para revitalizar sua igreja e também “descansar
um pouco” (se é que isso é possível) de sua árdua rotina de pregações semanais.
Pastores devem abençoar evangelistas com boas ofertas por seu ministério
diferenciado aos santos.
Por sua vez, evangelistas deveriam
entender que precisam de pastores para os orientarem e corrigirem, e é claro,
para lhes ministrar ofertas de amor. Evangelistas não devem extorquir igrejas
cobrando por seu ministério (Mt 10:8),
isto tem manchado a Igreja.
Hoje, perto de completar quinze anos de
ministério da Palavra (em 2015), dos
quais cinco foram somente como evangelista e os últimos dez como pastor de
igreja, tenho buscado a sabedoria e o equilíbrio bíblico para o ministério. Muito
embora eu saiba que tenho muito a aprender, aprendi com o Espírito Santo muitas
coisas preciosas que têm elevado meu ministério a padrões de excelência e
piedade.
Jamais deixei de ser um evangelista, ou
de atender convites de outras igrejas e colegas de ministério, mas de forma
esporádica, devido às atribuições pastorais. Confesso que por alguns meses,
devido ao descomprometimento de alguns pastores com as necessidades de um
evangelista, fechei pequenos valores de oferta para pregar, mas isto passou
rapidamente a não me cair bem. Senti-me profundamente ferido em minha consciência,
e persuadido pelo Espírito Santo a confiar somente na provisão divina.
Por conta de ter me tornado um pastor de
igreja, percebi algo estarrecedor. Alguns pastores colegas que outrora me
convidavam para seus eventos e congressos todos os anos, passaram a me ver como
concorrente, não digo isto somente pelo fato de terem fechados suas portas ao
meu ministério que os abençoou tremendamente com salvação, curas, profecias, e
crescimento da igreja. Mas digo isto pela atitude de indiferença e muitas vezes
de aversão de alguns. Este parece ser um problema não tratado em muitos
pastores, a insegurança com relação à sua própria chamada. Eles acreditam que
alguém pode agradar mais com sua pregação e “roubar” membros. Que tolice! O
rebanho é de Jesus, e cada pastor tem as ovelhas designadas pelo Sumo Pastor
Jesus. Mas é claro que isso não paralisa um ministério levantado por Deus,
muitas outras portas se abriram e se abrirão.
Outro sentimento que me inquietava no
início de meu ministério pastoral, era a diferença na manifestação dos dons
quando eu pregava para a minha igreja local e quando saía como evangelista.
Notei que fora da minha casa eu pregava seguido de muitos sinais de cura,
libertação e profecias, já pregando na igreja que pastoreava, estes sinais
também ocorriam, porém, numa escala bem menor do que fora. Então compreendi
dois princípios bíblicos: (1) O Profeta em sua própria casa não tem honra
(Mt 13:54-58), e (2) Os dons
operam segundo a necessidade dos ministérios (I Co 12:7, 11). Este segundo me chamou mais atenção. Cada um dos
cinco ministério (Ef 4:11) é especialmente
dotado de alguns dos nove dons (I Co
12:8-10) espirituais. Como pastor e profeta ministrando em minha igreja, os
dons predominantes em meu ministério sempre foram a palavra de sabedoria, a palavra de ciência, o discernimento de
espíritos e a profecia. Já como evangelista os dons que predominam são os dons de cura e o dom da fé. Embora todos
estes dons podem se manifestar de forma aleatória em qualquer um dos
ministérios segundo a vontade de Deus.
Os dons de cura, por exemplo (a manifestação que mais me empolga), eu
os ministro de uma maneira como pastor e de outra como evangelista (todo pastor deveria buscar e operar nos dons
de cura). Como evangelista, gosto de após pregar, ministrar cura e dar
oportunidade para que pessoas testemunhem que receberam. Normalmente, pregando
fora de minha igreja, as pessoas me recebem como evangelista, e têm essa expectativa
e fé neste tipo de manifestação. Além disso, a mensagem é curta e tenho mais
tempo de ministrar assim. Já como pastor, também sempre ministro cura, porém,
os testemunhos ocorrem durante a semana e em minha caixa de e-mail. Isso porque
devo dar tempo suficiente e maior para a edificação da Igreja pelo ensino da
Palavra. Ministro segundo a necessidade da mensagem inspirada e pregada, e
também ministro cura “por atacado” como dizia o lendário Smith Wigglesworth, e
as vezes com imposição de mãos. Tenho comprovado que a simples pregação da
Palavra (o Evangelho do Reino) tem o
poder de curar enquanto é ouvida (Sl
107:20; Lc 7:7).
Ao longo dos anos tive alguns conflitos
interiores em relação à minha chamada e ministério, pois não entendia porque
sendo eu um evangelista inflamado e apaixonado por este ministério, fui
direcionado por Deus para estabelecer uma igreja. Por várias vezes planejei
deixar a igreja com um sucessor e me dedicar somente ao ministério
evangelístico. Hoje compreendo que o Senhor quer que eu concilie ambos, e eu
recebi paz em meu espírito, pois amo o rebanho de minha igreja como nunca, e
sei que não os deixarei. Ao mesmo tempo estou alegremente atuando como
evangelista e abrindo cada dia mais a minha velha agenda itinerante.
Uma das revelações mais claras em meu
espírito para me nortear e trazer esta paz foi a passagem bíblica de II Timóteo 4:5, em que o apóstolo Paulo
dá uma orientação ao jovem pastor Timóteo, que era pastor sênior (bispo) das igrejas de Éfeso:
“Tu, porém, sê sóbrio em todas as
coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre
cabalmente o teu ministério.”
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