A base sustentadora de toda operação, dom e
ministério, é o amor. Na verdade a função essencial do Espírito Santo é
derramar o inexplicável amor de Deus em nossos corações, para que andemos em
amor, “...o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo
que nos foi dado.” (Rm 5:5b).
Ao iniciar suas orientações apostólicas sobre
o uso dos dons espirituais, Paulo esclareceu aos crentes da Igreja em Corinto
que o amor é base e o “elemento
introdutório” na busca dos dons espirituais. “Sigam o caminho do amor e busquem
com dedicação os dons espirituais...” (1ª Co 14:1a – NVI) Note que a trilha espiritual que devemos seguir
na busca dos dons é a “estrada do amor”. Se nos enveredarmos por outros
caminhos, tudo será vão (1ª Co 13:1-3).
Infelizmente, muitas são as pessoas que buscam os dons espirituais com
interesses mesquinhos e egoístas, aliás, dois motivos ilícitos na busca dos
dons são: (1) a fama que pode ser
gerada pelo aspecto sensacional dos dons (At
8:18-24), e (2) a avareza de
usar dádivas divinas com interesse comercial (2ª Tm 6:5).
Na verdade, todos os dons espirituais possuem
um caráter altruísta, ou seja, sua utilização é em benefício alheio e sem
“bônus” próprio. Exercemos os dons para abençoar as pessoas, porque as amamos
com o amor de Jesus.
Imagine que os dons, ministérios e operações
divinas, são meros tijolos de um grande edifício que está sendo gradualmente
erguido. Perceba que sem esses tijolos espirituais, a estrutura do prédio pode
continuar de pé. Porque? Porque o fundamento ou alicerce do edifício espiritual
é que sustenta toda essa grande estrutura. Mas qual é o fundamento sobre o qual
a vida espiritual está edificada? Medite na escritura abaixo:
“para que Cristo habite, pela fé, no vosso
coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes
perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o
comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que
excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.”
Efésios
3:17-19
Note que para se referir ao amor, Paulo se
utiliza de duas terminologias diferentes, um termo agrícola e um termo
arquitetônico, arraigados e fundados em
amor. Assim, Paulo declara que o fator de sustentação de todo aspecto da
vida espiritual, inclusive os dons, é o amor, assim, nosso principal objetivo
ao orar em línguas, é desenvolver o amor de Deus em nós. Portanto, oramos em
línguas baseados nos amor e em busca do amor, do contrário, “ainda
que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como
o metal que soa ou o sino que tine.” (1ª Co 13:1). Ainda no texto de Efésios 3:17-19, repare que somente
estando arraigados e fundados em amor, poderemos, como Igreja, desfrutar de
três maravilhosas dádivas eternas:
1- A
revelação em unidade. “...poderdes perfeitamente compreender, com
todos os santos...”
2- As
dimensões da vida espiritual. “...qual seja a largura, e o comprimento, a
altura, e a profundidade...”
3- A
experiência com o amor de Cristo. “...e conhecer o amor de Cristo, que excede
todo entendimento...”
4- A
plenitude de Deus. “...para que sejais cheios de toda plenitude de Deus.”
Todos podem e devem orar em línguas?
Um elo, ou vínculo é aquilo que interliga as
coisas, promovendo a unidade. Qual é o vínculo que harmoniza toda a dimensão da
espiritualidade cristã? “E, sobre tudo, revesti-vos de amor, que é o
vínculo da perfeição.”
Antes de concluir este estudo, gostaria de
esclarecer duas questões:
Em primeiro lugar, ao contrário do que
ensinam alguns mestres mais conservadores, o orar em línguas é uma dádiva para
todos os crentes em Jesus Cristo. Alguns gostam de utilizar isoladamente o
texto de 1ª Coríntios 12:30: “...Falam
todos diversas línguas?...” Paulo não se refere aqui às línguas para
edificação, que são uma dádiva para todo discípulo de Jesus nascido de novo,
ele está falando sobre um dos nove dons do Espírito Santo, a variedade de línguas. Paulo
escreveu ainda: “Eu quero que todos vós faleis em línguas estranhas...” (1ª Co 14:5). Observe comigo três
aspectos: (1) Quando ele disse
todos, isso inclui você também (At 2:39;
At 10:34). (2) Ele não desejaria
tal coisa se o mesmo não fosse uma promessa confirmada (2ª Co 1:20). (3) A
escritura de Paulo está no cânon sagrado porque é inspirada pelo Espírito Santo
(2ª Pe 1:20-21), portanto, o desejo
de Paulo aqui, expressa o desejo do Espírito Santo.
Em segundo lugar, devo dizer também que a
despeito de alguém compreender esta dádiva ou não, ou de recebê-la em vida ou
não, sua salvação não está ligada a nenhum dom, operação ou ministério, ela é
uma graciosa dádiva que nos foi dada pela fé (Ef 2:8-9), portanto, à despeito de alguém falar em línguas ou não,
se este alguém nasceu de novo (2ª Co
5:17), ela irá morar no céu, e assim, seja tradicional ou pentecostal, pode
louvar a Deus dizendo: “Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável.”
(2ª Co 9:15). Somente lamento que
muitos estejam perdendo uma maravilhosa dádiva de edificação e fonte de poder
espiritual que já lhes pertence.
Com equilíbrio e ortodoxia bíblica, podemos
experimentar a mesma dimensão espiritual que experimentaram os apóstolos e os
crentes primitivos. Não podemos separar as Escrituras do poder de Deus, tão
pouco, podemos negligenciar a genuína experiência religiosa da alma em função
da supervalorização de uma religiosidade meramente intelectual e racionalista.
As línguas são para
hoje, são para você.
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