São
raros os registros históricos de glossolalia antes do século XIX. Isto se deve
ao fato de que os historiadores, em sua totalidade cessacionistas (os que
acreditam que as manifestações carismáticas foram restritas ao 1º século da
Igreja), omitiam de suas obras as evidências reais de profecias e línguas
estranhas, que eram descritas por eles como “excentricidades passageiras de
crentes imaturos”.
Outro motivo é que os casos de
glossolalia foram muito raros após o terceiro século até o período da Reforma
Protestante, já que o advento da Igreja Católica Romana, com seus dogmas
heréticos, lançou a cristandade em uma era de densas trevas espirituais.
A glossolalia somente voltou a ganhar
registros significativos, quando os ventos do Espírito voltaram a soprar com
grande ímpeto à partir dos séculos XVIII e XIX.
Até o terceiro século, além dos
registros da Bíblia Sagrada, temos apenas seis registros dignos de crédito, os
quais trataremos à seguir.
Um certo reverendo Frederic William
Farrar (1831-1903), que era historiador e Deão da Catedral de Canterbury, na
Inglaterra, pesquisando os registros históricos da Igreja Primitiva, descobriu
a visita secreta de um príncipe britânico da Coorte Romana a uma reunião entre
os cristãos, na qual em um dado momento, segundo ele, “línguas estranhas foram
ouvidas”. E ele continua relatando assim: “As palavras que pronunciavam eram
elevadas, solenes e cheias de significação misteriosa. Não falavam a sua
própria língua, mas pareciam que falavam toda qualidade de idiomas, embora não
se pudesse dizer se pudesse dizer se hebraico, grego, latim ou persa. Isso se
deu com uns e outros, segundo o impulso poderoso que operava na ocasião”.
Outro registro ocorreu no segundo
século, através de um movimento espiritual liderado por um homem chamado
Montano (Montanismo). Este movimento surgiu na Turquia visando um reavivamento
na Igreja, que estava esfriando a ponto de extinguir os dons espirituais tão
comuns no primeiro século. O mais conhecido adepto do Montanismo foi
Tertuliano, um dos pais da Igreja.
O fundador Montano não possuía nenhum
cargo eclesiástico. Juntamente com três mulheres da alta sociedade, andavam
pelas cidades pregando a santificação e a preparação para a segunda vinda de
Cristo. Manifestavam-se línguas estranhas, interpretação de línguas, revelações
e profecias. Nas profecias, o Senhor falava através das mulheres na primeira
pessoa: “Eu, o Senhor...”
O bispado da Ásia Menor, em concílio,
condenou o Montanismo em meados de 160 dC, não exatamente pelas línguas
estranhas, mas pelo poder de mobilização do dom de profecia que vaticinava
contra a frieza espiritual e o formalismo da liderança eclesiástica.
Após a morte de um de seus mais
proeminentes líderes, Tertuliano, a falta de respaldo bíblico nas doutrinas dos
montanistas fez com que os avivalistas caíssem em exageros e algumas heresias,
culminando com o fim do movimento.
Por incrível que pareça, o terceiro
registro provém de um anticristão chamado Celso, um filósofo pagão que
repudiava ardentemente os cristãos. Este relatou em um de seus discursos no
segundo século (176 dC) que os seguidores de Cristo falavam em línguas estranhas.
E ele continua e afirma que os cristãos são “estranhos” e “fanáticos”, e que em
suas reuniões “falavam palavras ininteligíveis para as quais uma pessoa
racional não consegue encontrar significado”. Ele dizia: “São línguas muito
obscuras”.
Gostaria de observar com você o
seguinte fato, mesmo sendo um ávido antagonista ao cristianismo, o filósofo
Celso sabia que aquelas línguas não eram meramente um fenômeno natural.
Outra citação refere-se à Igreja
pastoreada (na França) por Irineu, um dos pais da Igreja. Na Igreja do bispo
Irineu os dons espirituais estavam em plena atividade. Irineu relata assim:
“Temos em nossas igrejas irmãos que possuem dons proféticos e, pelo Espírito
Santo falam toda classe de idiomas”.
Chegamos ao quarto século, o advento da
igreja católica romana, que “congelou” o movimento do Espírito Santo que havia
na Igreja original (a Primitiva). Eu, como ministro pentecostal, não gostaria
de vivido naquela época de cultos frios ao invés de cultos dinâmicos e
avivados, e no lugar de ministros “labaredas de fogo”, ministros “iceberg”.
Porém, ainda assim, há registros de
manifestações carismáticas no quarto século. O fundador do primeiro mosteiro,
Pacômio, falava em grego e latim sem nunca ter estudado estas línguas, e isto é
um fato sobrenatural, dado a dificuldade de ambas.
Também
no quarto século, Agostinho, bispo de Hipona, afirma: “Faremos o que os
apóstolos fizeram quando impuseram as mãos sobre os samaritanos, pedindo que o
Espírito Santo caísse sobre eles: esperamos que os convertidos falem em novas
línguas”.
Após o quarto século cessaram os casos
de glossolalia e a manifestação dos dons espirituais, que somente voltaram a
tona à partir da Reforma Protestante em 31 de Outubro de 1517 com o “lendário”
Martinho Lutero, que segundo historiadores, falava em línguas estranhas, além
de manifestar os demais oito dons espirituais.
Finalmente, após muitos reavivamentos
históricos, surge no começo do século XX, em uma ruazinha sem expressão de Los
Angeles chamada Azuza Street, o mover do Espírito Santo mais forte, bíblico e
duradouro de que se tem notícia, o Movimento Pentecostal.
A enciclopédia Britânica declara que a
glossolalia reaparece nos avivamentos cristãos de todas as épocas. No diário de
Thomas Walsh, um dos primeiros pregadores de John Wesley, oito de Março de
1759, encontra-se este registro: “Esta manhã, o Senhor deu-me uma língua que eu
não conhecia, elevando a ele a minha alma de uma maneira maravilhosa.”
John Wesley, evangelista inglês do
século XVIII e pai do Metodismo relata: “Cerca das três horas da manhã,
enquanto nos encontrávamos em oração fervente, o poder de Deus veio
poderosamente sobre nós, de tal maneira que, muitos caíram para o chão... e
irrompemos numa voz: Nós te louvamos ó Deus, nós reconhecemos que tu és Senhor!”
Dwigth L. Moody, evangelista e
professor americano do século XIX relata: “Pedi-lhes (aos amigos reunidos) para
virem falar comigo, e ali derramaram seus corações em oração pára que eu
recebesse a plenitude do Espírito Santo. Veio uma grande fome a minha alma. Não
sabia o que era e comecei a clamar como nunca antes havia feito. Sentia que não
tivesse este poder não queria viver, nem podia continuar o meu trabalho... só
posso dizer que o Senhor se revelou a mim, e tive uma experiência tal do seu amor,
que por fim tive que pedir-lhe que tirasse de mim a Sua mão”.
Você deve estar dizendo: “Mas nestes dois últimos relatos de
Wesley e Moody não se menciona línguas estranhas”. Sim, é verdade, e talvez
esta seja a experiência constante em sua busca por Deus, um sempre “quase
batizado no Espírito Santo”. Tente imaginar as experiências de Wesley e Moody,
certamente eles sentiram as línguas espirituais fluindo em seu interior, mas
nas ocasiões relatadas, não as verbalizaram.
Devia colocar as fontes patristicas das citações
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