O
termo técnico-teológico para o falar em línguas é “Glossolália”; é a fusão de duas palavras gregas: Lalia
= “discurso”, “fala” e glossa = “língua”, “linguagem”.
Ao contrário do “vento” e do “fogo”
(Atos 2:1-4), as línguas estranhas são um padrão para todos os discípulos que
são cheios do Espírito Santo e queiram andar em uma dimensão de fé
sobrenatural, pois as línguas são a principal ferramenta de edificação
espiritual do crente.
“E todos foram
cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme
o Espírito Santo concedia que falassem.”
(Atos 2:4)
Vamos trocar “...conforme o Espírito Santo lhes
concedia que falassem.” Por “...conforme o Espírito Santo lhes concedia a
verbalização inspirada.”
Devemos entender que a “verbalização” é uma atitude pessoal e racional que cabia apenas aos
discípulos, porém, tal verbalização foi inspirada pelo Espírito Santo.
Podemos então concluir com exatidão que o
Espírito Santo inspira
sobrenaturalmente o homem a falar em um idioma desconhecido, mas é o homem que
decide se fala em outras
línguas ou não, externando tal inspiração.
Vamos definir três aspectos fundamentais: (1) Línguas como manifestação do
Espírito; (2) Línguas como sinal
externo do batismo no Espírito Santo; e (3)
Línguas como Dom.
Línguas
como manifestação do Espírito. É uma expressão vocal
inspirada pelo Espírito Santo na qual o crente fala em uma língua que nunca
aprendeu (At 2:4; 1ª Co14:14-15).
Podem ser línguas humanas (At 2:6)
ou línguas desconhecidas na terra (1ª Co
13:1).
Línguas
como sinal externo do batismo no Espírito Santo. O
Espírito do crente se une ao Espírito Santo para louvar e/ou profetizar. Já no
inicio da dispensação do Espírito o Senhor deixou claro que as línguas seriam o
primeiro sinal da plenitude do Espírito Santo na vida do crente. Este foi um
padrão na Igreja Primitiva, e é um padrão para a Igreja em todas as gerações e
épocas (At 10:45-46). Sendo assim,
podemos saber o local e o momento exato em que alguém recebeu o Batismo no
Espírito Santo.
Línguas
como Dom. Na lista de Paulo (1ª
Co 12:4-10) as línguas estão descritas como um dom com dois objetivos
principais:
(1) Línguas
seguidas de interpretação pelo Espírito no culto público para a edificação da
congregação (1ª Co 14:5-6, 13-17).
(2) Línguas
para dirigir-se a Deus em adoração e para auto-edificação.
Obs.:
No culto público, silenciosamente (com concessões); na devoção pessoal, à
vontade.
O
falar em línguas ocorre diversas vezes no N.T.:
Falar em outras línguas – Atos 2:4
Falar em línguas – Atos 10:46; 19:6; 1ª
Coríntios 12:30; 14:5-6, 18
Falar numa língua – 1ª Coríntios
14:2,4,13
Falar em línguas de homens e de anjos –
1ª Coríntios 13:1
Falar em novas línguas – Marcos 16:17
Variedade de línguas – 1ª Coríntios 12:10,28
Línguas – 1ª Coríntios 13:8; 14:22
Uma língua – 1ª Coríntios 14:14,19,26
A
Experiência Pessoal de Paulo
“E Ananias foi, e entrou na casa, e,
impondo-lhe as mãos, disse: Irmãos Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no
caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do
Espírito Santo...”
Atos
8:18a
O objetivo da imposição das mãos de
Ananias em Saulo era que ele fosse cheio do Espírito Santo.
Lucas não relata nenhuma manifestação
da glossolalia neste episódio. É certo, no entanto, que o apóstolo Paulo,
depois da experiência na casa do irmão Judas, na Rua Direita, Paulo falava em
línguas regularmente e freqüentemente desde então. “Dou graças ao meu Deus, porque
falo mais línguas do que vós todos.” (1ª Co 14:18). Se muitos teólogos tradicionais e céticos consideram
as línguas inúteis, então porque o sábio e espiritual apóstolo Paulo era tão
grato a Deus por esta preciosa dádiva. Acerca disso falaremos mais adiante.
No livro de Atos dos Apóstolos a
experiência de falar em línguas somente ocorre no momento do recebimento do
Batismo no Espírito Santo, pois as línguas são a evidência marcante do mesmo.
Parece, portanto, perfeitamente lógico que no exato instante da imposição de
mãos do discípulo Ananias, Paulo foi batizado no Espírito Santo com a evidência
do falar em línguas.
Paulo desfrutava de uma singular
comunhão com o Espírito Santo através da oração, especialmente da oração em
línguas. Tal comunhão estava refletida em seu profundo anelo por ver a Igreja
desfrutando desta intimidade com o Deus Trino, de sorte que Paulo ministrando a
benção apostólica aos crentes da Igreja em Corinto expressou: “A
graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo
sejam com vós todos. Amém!” (2ª
Co 13:13). A sublime graça de Jesus Cristo já se manifestou em seu
ministério aos homens, Deus Pai já revelou a grandeza de seu inexplicável amor
ao enviar seu único Filho para morrer por nós, mas a comunhão do Espírito Santo
se manifesta hoje para a Igreja, na dispensação da graça, para que todo filho
de Deus possa gozar de estreita e íntima comunhão com a Divindade por sua
terceira maravilhosa Pessoa. Paulo queria que a comunhão do Espírito Santo
fosse uma realidade plena e constante para os crentes, pois ele mesmo
desfrutava desta dádiva graciosa.
O segredo da intimidade de Paulo com o
Senhor era justamente sua vida singular de oração, que incluía longos períodos
de oração em línguas. Além disso, através da oração em línguas Paulo recebeu as
mais profundas revelações doutrinárias que o nutriram espiritualmente para
escrever suas treze cartas e desvincular a fé cristã do judaísmo ortodoxo.
Aliás, todo conhecimento espiritual de Paulo não teve nenhuma espécie origem
acadêmica; ele mesmo considerou todo seu conhecimento intelectual e religioso
como esterco (Fl 3:8); sua ciência
espiritual também não foi adquirida através de ensinos de homens, mas por
revelação direta de Jesus Cristo (Gl
1:11-12).
Os escritos doutrinários de Paulo são
notoriamente caracterizados por sua compreensão de mistérios espirituais que
somente poderiam ser absorvidos por meios divinos, o próprio Paulo escreveu
acerca disso: “pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério
de Cristo, o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens,
como, agora, tem sido revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e
profetas.” (Ef 3:4-5).
A principal característica espiritual
de Paulo era sua profunda compreensão e conhecimento dos tempos, os escritos
paulinos revelam que ele não estava deslocado no tempo, tanto em relação à sua
própria vida e ministério, quanto à dispensação dos tempos da Igreja. O
Espírito Santo revelou a Paulo o tempo oportuno que Deus escolhera para
restaurar todas as coisas em Cristo.
“descobrindo-nos o mistério da sua vontade,
segundo o beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em
Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que
estão nos céus como as que estão na terra.”
Efésios
1:9-10
Paulo está aqui declarando que o
mistério da vontade agora está revelado à Igreja de forma tão clara e
cristalina, como jamais esteve, nem mesmo nos tempos de profetas como Moisés e
Elias. Ele escreve que esta soberana vontade de Deus sempre foi preparar uma
ocasião ideal para a manifestação do Filho Deus, no qual todas as coisas seriam
congregadas. Este “tempo perfeito” ou “chronos
pleroma” era bem conhecido por Paulo, que depois de uma veemente exortação
aos romanos sobre amor, vigilância e pureza, alertou: “E isto digo, conhecendo o
tempo...” (Rm13:11).
Outro aspecto em que Paulo estava
profundamente instruído e preparado era com relação à batalha espiritual e o
papel da Igreja do Senhor na mesma, e a grande chave desta visão profética
sobre o reino espiritual era justamente a oração no Espírito (em línguas): “orando
em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito...” (Ef6:18).
Acerca da origem das revelações de
Paulo na glossolalia estudaremos mais a frente.
Continua...
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