A pirataria é, hoje, um dos crimes que mais goza da conivência e “vista
grossa” das autoridades, e ainda assim, é um crime que custa milhões a
empresas, autores, diretores, cantores, conferencistas... A suma da pirataria é
a falsificação de um produto e sua venda a preço absurdamente abaixo do valor e
gastos da produção original.
Já se configura como crime em se tratando de produtos perecíveis, mais
eis o que coloco em questão: “O Evangelho Pirata” em nossos dias, ou seja, a falsificação
da Palavra de Deus.
Na verdade, esta é a característica do produto pirata, ele é idêntico ao
original, mas essencialmente, é falso.
Paulo escreveu: “Porque nós não somos, como muitos,
falsificadores [“piratas”] da palavra de Deus; antes, falamos de
Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus... antes, rejeitamos
as coisas que, por vergonha, se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando [“pirateando”] a palavra de Deus.” (II Coríntios
2:17; 4:2)
A grande nocividade do evangelho pirata, é que está gerando “salvação pirata”.
O evangelicalismo norte-americano exportou para mundo, juntamente com sua
bagagem cultural a ênfase no apelo para o altar, onde as pessoas, reunião após
reunião são encorajadas a vir à frente da tribuna como critério indispensável
para serem salvas. E o problema não é exatamente o convite para o altar, mas a
natureza da mensagem que atraiu as pessoas.
Este convite para a “salvação” tem ocorrido após uma oferta evangelística
errada. Ao declarar: “Venha para frente, pois Deus ama você e tem um plano para
sua vida”, o pregador está barateando a verdadeira natureza do Evangelho e
produzindo falsa salvação. Em nosso século marcado pelo antropocentrismo, o ser
humano sempre quer alguém que o ama, por um único motivo: o ser humano, como
nunca antes na história, se ama também. E é muito interessante para o
egocêntrico ser humano, conhecer alguém que tenha um plano para sua vida, pois
este também tem um plano para sua própria vida, e quer alguém que o possa
ajudá-lo a realizar.
Com isso, não estou dizendo que é errado expor a realidade do sublime
amor de Deus, ou declarar a soberania de seu plano perfeito, mas o âmago do
Evangelho nunca foi este. Podemos sintetizar na carta aos Romanos o
desenvolvimento do Evangelho original.
A introdução do sermão evangelístico basicamente é: “Porque todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus.” (Romanos 3:23) e “Porque
o salário do pecado é a morte...” (Romanos 6:23a). Exposto o fato do
Pecado, aí sim, expõe-se amor de Deus no desenvolvimento do sermão: “Mas
Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós
ainda pecadores.” (Romanos 5:8), e apresenta-se a dádiva de Deus aos
homens: “...mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso
Senhor.” Como receber esta dádiva? Resposta: “...Se, com a tua boca confessares
ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos,
serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz
confissão para a salvação... Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo.” (Romanos 9:9,10,13).
O grande equívoco do início do século XX até aos nossos dias é a ênfase
desta confissão com a boca numa atitude litúrgica que já se tornou uma fórmula
mágica para a salvação. Na verdade, você só pode confessar o creu de todo
coração (Atos 8:37), e só pode crer
legitimamente se ouvir o Evangelho certo. E isso pode até acontecer num
ambiente público, mas não é uma regra bíblica. Pois Jesus prefere assim: “Mas
tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu
Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te
recompensará” (Mateus 6:6).
Nossas igrejas estão repletas de pessoas que fizeram a “oração mágica” do
altar, receberam Jesus como um acessório em suas vidas, mas não estão de fato
salvas. Um evangelho diluído não é evangelho. Outro evangelho deve ser
amaldiçoado (Gálatas 1:8-9). Somente
o verdadeiro evangelho produzirá verdadeira salvação.
Na próxima postagem sobre o EVANGELHO PIRATA (Parte 2), falaremos sobre a
“Salvação Psicológica”. Deus, em
Cristo os ilumine.
Nenhum comentário:
Postar um comentário