O cristianismo moderno parece ser mais
emocional ou sensorial do que espiritual. As sensações psíquicas parecem estar
gradualmente usurpando o verdadeiro caráter da fé bíblica. Com isto não quero,
absolutamente, descartar a natureza emocional e os entranháveis sentimentos da
fé.
Outro aspecto terrivelmente danoso à fé
cristã é a persuasão psicológica de uma “experiência salvífica”, ou seja, a
crença meramente intelectual na salvação. Basta apenas acreditar mentalmente
que Jesus Cristo é o Senhor ressurreto, e verbalizar esta crença
ritualisticamente, sem genuína consciência e convicção do Pecado, sem
arrependimento bíblico, apenas uma oração repetida. Após esta oração “mágica” o
pregador indaga: “De acordo com sua confissão, onde está Jesus agora?” Ao que
responde o pecador psicologicamente convencido: “No meu coração!” É
literalmente uma “salvação psicológica”.
O texto bíblico ao qual apelam os
adeptos dessa prática litúrgica evangelical é o seguinte:
“a saber: Se, com a tua boca,
confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou
dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e
com a boca se faz confissão para a salvação.”
Romanos 10:9-10
Uma não muito criteriosa observação
hermenêutica desvincula esse texto do apelo evangélico moderno. O contexto
histórico dessa passagem trata de cristãos romanos no ápice da perseguição do
império à fé cristã, tendo que escolher a quem confessam como Senhor, Jesus
Cristo ou César. A negação de César culminava com a morte do cristão fiel,
porém, sua salvação garantida. Já a negação do senhorio de Cristo livraria o
cristão infiel da morte iminente, mas lhe custaria a terrível perda da Vida
Eterna. Jesus disse: “Quem achar a sua vida perde-la-á; e quem
perder a sua vida por amor de mim acha-la-á.” (Mateus 10:39).
Não descarto o chamado apelo ao final da
pregação, pois eu mesmo o faço, porém, só pode haver uma salvação legítima
quando há um apelo legítimo, e só há um apelo legítimo quando há um Evangelho
legítimo, ou seja, uma apresentação clara e completa da obra salvadora de
Cristo. O ouvinte deve ser minimamente conscientizado dos seguintes aspectos:
(1) O fato do Pecado; (2) A necessidade de Arrependimento; (3) A Fé na Pessoa e
na Obra de Jesus Cristo; (4) A imperativa necessidade da regeneração.
Altares ficarão sempre repletos de
pessoas quando oferecermos a solução de problemas ou a melhoria de vida. Mas
somente os eleitos serão atraídos por uma ordem para se arrependerem. Esta é a
verdadeira Salvação, efetuada num momento e aperfeiçoada cotidianamente pelo
Espírito Santo.
Não barateemos o Evangelho. A salvação é
pela Graça (Efésios 2:8), e não “de
graça”.
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