quarta-feira, 23 de outubro de 2013

IMUNIDADE À CONTAMINAÇÃO DO SISTEMA ECLESIÁSTICO



            Introdução
            Nesta lição queremos insistir na possibilidade de harmonia entre o “melhor” do seguimento denominacional e o Reino de Deus. Não há dúvidas de que, assim como já expressamos, o sistema denominacional como o conhecemos, está contaminado pelo espírito de culturas milenares que forjaram a construção ética, política, social e religiosa das sociedades e comunidades. Surge a indagação na alma daqueles que estão inseridos em alguma denominação forte e histórica: “Como posso estar imune à contaminação do sistema eclesiástico sem me insurgir contra ele o renunciá-lo definitiva e deliberadamente?” Acreditamos que nas próximas linhas forneceremos algum equilíbrio para nortear crentes e ministros denominacionais cuja mente tem sido iluminada pelo Evangelho do Reino e a Visão Apostólica.

ESTRUTURAS OBSOLETAS DE GOVERNO ECLESIÁSTICO

Quando falamos em estruturas obsoletas, estamos nos referindo aos extremos do episcopalismo e do congregacionalismo, dentre outros, que sobrepujam a soberania do espírito Santo no corpo de Cristo. Estes sistemas desenvolveram um conceito hierárquico totalmente discrepante e paradoxal às Escrituras, que cria homens soberbos e idolatria à posições eclesiásticas. Nesse sistema, crentes são discipulados nos moldes de uma hierarquia humanista e, por vezes, tirânica. Os interesses de Deus e do Reino são subjugados pelos interesses pessoais de auto-afirmação institucional, ou seja, se deseja mais credenciais de plástico do que a unção do Espírito. É um sistema de patentes, quase militar, uma escada de influência institucional, onde se almeja se tornar gradualmente maior com o propósito de mandar mais. Sabemos que tudo isso não condiz com os princípios contra-culturais do Reino de Deus. A maneira de sobrepujar estes velhos sistemas de pensamento, não uma insurreição revoltosa ou um rompimento radical, e sim, uma verdadeira aliança com o Reino de Deus em Cristo e com toda a sua proposta. (Lc 22:24-27; Fl 2:3-4)
    
CONECTADOS COM O SISTEMA, ALIANÇADOS COM O REINO

Uma conexão é um encaixe flexível e adaptável em que ambas as partes podem interagir, porém, podem se desencaixar quando há desgastes. Já uma aliança é um pacto inquebrável e indissolúvel, estabelecido entre duas partes que deliberadamente aceitaram as condições para uma união definitiva. Nossa relação com o sistema denominacional deve estar sempre no nível de uma conexão, esperando que a mesma seja harmônica; já nossa relação com o Reino de Deus, é a única aliança que de fato jamais pode ser quebrada, pois é aliança com o próprio Rei do Reino, Jesus Cristo, Deus. A conexão com o sistema deve ser levada adiante até que o mesmo despreze arbitrária e deliberadamente a Visão e os propósitos do Reino, é exatamente aí, que somos obrigados a nos posicionar favoráveis à vontade soberana de Deus, seu Reino. Podemos e devemos nos aliançar com homens de Deus no nível de vínculo espiritual, mas a durabilidade dessa “aliança”, está restrita ao nível de compromisso dessa liderança espiritual com o Reino de Deus. Não há aliança espiritual com instituições e organizações humanas, ou denominações, pois esse é um conceito do sistema. As alianças são com Deus e com seus embaixadores do Reino (II Co 5:20).

VESTIDOS DA CULTURA ECLESIÁSTICA, REVESTIDOS DA CULTURA DO REINO

Uma das coisas mais belas das denominações é sua diversidade cultural. Cada comunidade cristã pioneira possui características litúrgicas e culturais singulares, formas de expressar seu louvor e adoração, musicalidade própria, formas de expor e pregar a palavra de Deus, maneiras diferentes de mutualidade e interação, maneiras diferentes de se vestir. Em fim, cada um de nós deve se esforçar para nos aculturarmos em nossa denominação, pois esta é uma característica fundamental de que possui uma mentalidade missionária do Reino: a habilidade de aculturação. Sim, devemos nos vestir de nossa cultura denominacional, mas é da cultura do Reino de Deus que devemos nos revestir, e além de nos revestir dessa, a mesma deve ser nossa própria pele, pois uma veste pode ser trocada, mas uma pele não, a não ser que alguém seja uma “serpente”, sua pele será sempre a mesma, o Reino de Deus. (Cl 3:8-17)

O IMPÉRIO RELIGIOSO E O REINO DE DEUS

Deus implantou um Reino na terra, e não um império, e existem diferenças marcantes entre Império e Reino, e a primeira delas é que por trás de impérios sempre há a influência de Satanás, aliás, é ele quem edifica impérios. “Ele [Deus] nos tirou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor.” (Cl 1:13). Homens influenciados por Satanás constroem impérios através de seu carisma pessoal, Jesus movido pelo Espírito edifica um Reino através de sua Igreja (Mt 16:18; Lc 17:21). Jesus não disse: é chegado o império (Lc 11:20); não disse: buscai o império (Mt 6:33); Pedro não disse que somos sacerdócio imperial (I Pe 2:9); na cruz não estava escrito: imperador dos judeus (Mt 27:37); não existe na bíblia livro dos imperadores (1º e 2º Reis); Deus não mandou Samuel ungir um imperador; na coxa do Cavaleiro (Jesus Cristo) não está escrito imperador dos imperadores (Ap 19:16). No império as pessoas se sacrificam e morrem pelo imperador, no Reino o Rei morre pelas pessoas; No império o imperador e sua coorte vivem para ser servidos, no Reino o Rei e seus súditos servem; no império os fins justificam os meios, vale se corromper; no Reino os meios justificam os fins, basta obedecer ao Rei; Construtores de império somente querem dar ordens, e edificadores do Reino somente querem obedecer; Jesus deu pastores para a Igreja (Ef 4:11) e não Igreja para pastores. Jesus ungiu pastores, e não imperadores para dar seguimento na Igreja através de “monarquia hereditária”.


UM GOVERNO EPISCOPAL APOSTÓLICO

De fato, a Igreja é de Deus, mas Ele mesmo estabeleceu um episcopado sobre a Igreja, senão,             vejamos: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos,           para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.” (At 20:28). Mas    note que o modelo neotestamentário de episcopado é aquele que constituído pelo Espírito Santo             mediante uma liderança genuinamente apostólica. O apóstolo Paulo designou Timóteo como Bispo das igrejas de Éfeso (I Tm 1:3), e Tito como Bispo das Igrejas da ilha de Creta (Tt 1:5), e ele mesmo supervisionava à distância essas igrejas, não através do cabresto de um estatuto ou regimento             institucional, mas mediante uma paternidade espiritual apostólica (I Tm 1:2, 18). Paulo não             minava recursos financeiros das Igrejas para se ostentar com seu ofício de apóstolo, mas seus filhos na fé e no ministério percebiam pelo Espírito, seu compromisso de semear ofertas em sua cobertura       apostólica (Fl 4:14-19; I Co 9:6-14; Gl 6:6). O que Paulo esperava de seus discípulos, é que estes      transmitissem a doutrina apostólica do Reino para outros obreiros fieis, preparando-os para conservar este legado (II Tm 1:13). O apóstolo Paulo delegou ao jovem pastor (bispo) da Ilha de     Creta, a autoridade e autonomia para consagrar anciãos que seriam dirigentes das igrejas locais    (Tt1:5), mas este modelo somente passou a vigorar plenamente dessa maneira no segundo           século. Foi justamente a partir daí que os termos bispo e presbítero passaram a designar funções            distintas, pois    dado o           crescimento expansivo da Igreja, a liderança carecia ser descentralizada através             de um            episcopado hierárquico com bispos supervisionando presbíteros, ou seja, o bispo gradualmente, se tornou presidente do corpo de presbíteros; a este era confiada a direção das             igrejas locais, e, àquele a administração da disciplina, porém, ambos exercendo o ofício             pastoral. Na visão eclesiástica de Inácio, o bispo era o símbolo da unidade cristã e o             portador da tradição            apostólica. Clemente dando         ênfase à visão de Inácio declara que os bispos são           os sucessores dos apóstolos. Tal conceito tem suas origens no modelo judaico em dois    aspectos: (1) Sucessão    doutrinária (os bispos receberam o       ensinamento verdadeiro dos             apóstolos, assim como os profetas         de Moisés), e (2) Sucessão de ordenação (os bispos tinham sido designados pelos apóstolos e        seus   sucessores em linha ininterrupta, assim como a             família de Arão). Esse governo judaico-cristão do       episcopado foi bem            sucedido e triunfou         até o terceiro século, trazendo tranqüilidade eclesiástica     e ordem doutrinária,             quando          então começaram os          abusos e desmandos que geraram o     “sacerdotalismo” dos tempos posteriores.

A RENOVAÇÃO DOS VELHOS ODRES

Como já dissemos, Deus não deseja destruir as denominações, e sim renová-las neste final de dispensação, para enviar-lhe o vinho novo do Espírito Santo. Esta é uma palavra profética: “Antes que eu volte minha noiva desfrutará do vinho novo, mas para isso, criarei novos odres e renovarei os velhos. Aqueles que não quiserem renovação de seus odres, simplesmente não beberão desse vinho do Meu Espírito, e aqueles que se opuserem com força serão cortados da minha mesa. Eu farei ruir o velho sistema, mas não destruirei as denominações; eu destruirei os impérios humanos e definitivamente farei sobressair o Meu Reino sobre toda a Terra. Haverá um breve período de tribulações e rejeição dos meus eleitos, mas Eu os pouparei e os farei reis e sacerdotes do Meu Reino. Os novos odres já foram criados por Mim e já estão prontos para receber, e alguns já receberão o vinho novo; agora, pelo ministério de meus apóstolos e profetas estou renovando os velhos odres, e estes desfrutarão de tempos jamais experimentados, nem mesmo por seus antepassados pioneiros. Este é um tempo de renovação, e toda a minha Igreja, cada um de meus redimidos, deve se engajar no processo de renovação. Ninguém deve ficar alheio, pois se ficarem, alguns perderão o vinho, e outros perderão a verdadeira Vida. Não temam em andar apalpando, pois eu os conduzirei neste tempo por revelação para a Recriação e Renovação de Odres Espirituais.” (Inspiração profética de 09/05/12 – Enéas Ribeiro).

Conclusão

O Senhor tem elevado seus apóstolos e profetas neste tempo a um nível de revelação espiritual jamais experimentado desde os dias de Paulo no deserto da Arábia e João na Ilha de Patmus. Nada do que o Espírito tem revelado vem em confronto com as Sagradas Escrituras, ao contrário, está trazendo luz a muitas coisas outrora ocultas. Não precisamos empreender esforços humanos e intelectuais para desencadear algum tipo de revolução religiosa, Deus está sabia e soberanamente conduzindo sua Igreja para a edificação do Reino de Deus. A queda dos impérios não é nossa responsabilidade ou nosso “ministério”. Deus nos presenteou com a honra de sermos seus embaixadores, e edificarmos seu Reino na Terra, mas somente a Ele cabe a deposição dos soberbos e a derrocada dos impérios (Dn 2:21). A Restauração de todas as coisas está diante dos nossos olhos (At 3:21). Não esteja cego. Receba em seu conhecimento espírito de sabedoria e revelação, e receba iluminação para os olhos do seu entendimento (Ef 1:16-19).


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