segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

PATERNIDADE ESPIRITUAL


Ser pai é certamente uma das maiores dádivas que o Supremo Pai celestial concedeu aos seus filhos homens aqui na terra, e eu bem posso dizê-lo, mas, além da alegria e do privilégio o próprio nome pai, conota uma extrema responsabilidade. Não obstante, outro tipo de paternidade se faz ainda mais importante do que a paternidade biológica, a paternidade espiritual, aliás, esta paternidade corresponde a uma verdadeira lei espiritual irrevogável.
Pelo menos três características revelam uma verdadeira paternidade: (1) Amor; (2) Autoridade; e (3) Legado. Se algum pai, seja biológico, ou espiritual negligenciar qualquer destes três princípios, ele certamente tem fracassado em sua missão de ser pai.
Em primeiro lugar, o “ministério” de pai deve estar alicerçado em amor, pois o amor é a essência de todo relacionamento feliz, especialmente no que tange a pais e filhos. Sabemos perfeitamente que a suma designação da pessoa de Deus na dispensação da graça, é a de PAI, pois, através da fé em Jesus Cristo recebemos a adoção de filhos (João 1:12; Gálatas 4:5; Efésios 1:5), e ratificando nossa nova e honrosa condição de filhos, existe outro Poderoso Agente que nos introduz diante do trono de Deus como filhos e não nos permite esquecer nossa filiação, o Maravilhoso Espírito Santo (Romanos 8:14-16; Gálatas 4:6). Todo este cuidado em garantir nossa inclusão na família de Deus (Efésios 2:19), arquitetando este maravilhoso plano antes da fundação do mundo, revela o inexplicável amor de Deus por nós. A verdade primordial é que Deus não tem amor, pois assim, o amor seria mais um atributo de seu caráter, Ele é Amor (I João 4:8), ou seja, o amor não faz parte de Sua natureza, o amor é a Sua natureza. Um pai, portanto, é mais do que um genitor biológico, é uma fonte de amor onde o filho deve poder recorrer em qualquer tempo. Um pai que não ama não é um pai, e o verdadeiro amor deve ser externado com o sublime e liberal ato de dar o seu melhor por seus filhos. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16).
Outro aspecto imprescindível no caráter de um verdadeiro pai, é sua autoridade, sem a qual não existe um referencial de ordem e hierarquia. Na verdade, a autoridade de um pai sobre seu filho, revela seu amor por ele. Deus não exerce autoridade sobre seus filhos simplesmente para se ostentar como um déspota tirano que se gaba de seu poder de influência (aliás, este tem sido o comportamento medíocre de alguns pseudo-pastores). Dois aspectos revelam que a autoridade de Deus é manifestada através de seu amor: 

(1) O amor de Deus não mima. Muitos pais concedem certa “liberdade” aos seus filhos, e chamam esta liberdade de longanimidade; é claro que tal qual o caráter divino, devemos, como pais, procurar ser longânimos, mas que esta não se torne em conivência passiva e irresponsável. Nosso Pai celestial não é assim. Paulo exorta-nos a considerar tanto a bondade quanto a severidade de Deus (Romanos 11:22). Creio que poucas Escrituras bíblicas revelam a autoridade paterna de Deus como o que o texto a seguir:
E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque que filho há a quem o pai não corrija?
Hebreus 12:5-7
Sim, o amor de Deus não mima; mas existe outra característica marcante da autoridade de Deus revelada em seu amor, 

(2) O amor de Deus exige reciprocidade. Na verdade, Deus não está clamando por nosso amor como um pedinte que esmola por atenção, mas a própria essência do amor divino pede, com autoridade escriturística a resposta desse amor. “Amarás, pois, o Senhor, nosso Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder.” (Deuteronômio 6:5) Na verdade este “pedido” de amor, é um clamor de nosso senso latente de responsabilidade, pois, o amor de Deus é extremamente constrangedor (II Coríntios 5:14). Em fim, a autoridade de Deus é um dos atributos que o qualificam como o Pai Supremo dos espíritos dos homens (Hebreus 12:9).
            Por fim, outro fator que revela a natureza de um verdadeiro pai, é o seu legado, ou seja, aquilo que ele pode transmitir aos seus filhos, que possa se perpetuar de geração em geração promovendo bênçãos e uma história ilibada na família. O legado, longe de ser bens materiais, é a herança cultural, moral e espiritual que um pai ‘ministra’ ao seu filho com fim de fazê-lo próspero em sua geração e nas futuras. Todo bom pai se preocupa não somente em “dar coisas” para seu filho, mas prioritariamente em ensinar coisas a ele; ensinar os melhores aspectos de sua cultura familiar, ensinar seus mais nobres atributos morais e acima de tudo ensinar um princípio espiritual seguro e sólido, que reja todas as demais áreas de sua vida (Mateus 6:33; 7:24-29). Um pai que não repassou um bom legado fracassou como pai (mas ainda é tempo de recomeçar). “E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te...” (Deuteronômio 6:6-7).

Procurei apresentar alguns princípios que norteiam a paternidade para, agora, começar a falar sobre a lei da paternidade espiritual. Sim, entendemos que o nosso Deus é o Pai por excelência, e que nosso pai biológico tem um papel crucial e honroso em nossas vidas (Êxodo 20:12; Deuteronômio 5:16; Efésios 6:1-3), quero, porém, me referir agora ao pai espiritual.

O início de nossa caminhada com Deus é marcada por relacionamentos e por ensinos que passam a nos acompanhar durante toda a nossa peregrinação aqui na terra. Em meio a estes relacionamentos e palavras que absorvemos normalmente se destaca alguém que, com sua sabedoria e amor, nos acolhe como um mentor e pai; esta pessoa pode também surgir em momentos cruciais de nosso ministério (não necessariamente no início) para nos servir como fonte de inspiração, consulta e repreensão, sempre contribuindo para nosso crescimento e aprimoramento. Poucos relacionamentos na bíblia expressaram tão bem este princípio como o de Elias e Eliseu.

Sucedeu, pois, que, havendo eles passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti. E disse Eliseu: Peço-te que haja porção dobrada de teu espírito sobre mim. E disse: Coisa dura pediste. Se me vires quando for tomado de ti, assim se te fará; porém, senão, não se fará. E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho. O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros!...” II Reis 2:9-12

A admiração de Eliseu por seu mentor Elias era excepcional, após ter sido comissionado e convocado por Deus através de Elias, Eliseu jamais o deixou e passou a andar ao seu lado absorvendo sua sabedoria e sua fé. Houve momentos em que Elais até mesmo desejou ir adiante sozinho, mas Eliseu se recusava a deixá-lo (2º Reis 2:2-8). E foi exatamente essa persistência e perseverança de Eliseu em servir que legou a ele o direito de pedir ao profeta Elias qualquer coisa que desejasse. “...Elias disse a Eliseu: Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti...” (2:9a). Observe diligentemente que se abriu diante de Eliseu a oportunidade de sua vida, e sua escolha seria reflexo de seu discipulado aos pés de Elias. Certamente, se Eliseu não tivesse sido previamente bem orientado e doutrinado por Elias ele não teria sido tão espiritual em seu pedido. Isto me faz lembrar de duas ocasiões em que o Senhor abriu oportunidades maravilhosas para que se lhe fizessem pedidos; precisamos saber o que queremos e querer  com entendimento, como Salomão (1º Reis 3:5-14) e Bartimeu (Marcos 10:51).
            
Gostaria que você notasse no texto acima que um dos atributos que o discípulo Eliseu admirava em seu mestre Elias, era o seu zelo fervoroso e consumidor pela nação de Israel, Elias tinha um cuidado “quase sacerdotal” por Israel, Eliseu diante da visão apoteótica da ascensão de Elias ao céu num redemoinho exclamou: “...O Senhor sempre foi como um exército para defender Israel!” (NTLH). Eliseu estava disposto a assumir o papel de defensor do povo de Deus secundariamente à sua missão de defensor dos interesses de Deus, e nisso.
            
Por fim, note também que o primeiro clamor de Eliseu ao contemplar a partida sobrenatural de Elias foi: “...Meu pai, meu pai...”. Este foi o nível de relacionamento entre Eliseu e Elias. Eliseu abriu mão da herança material de pai biológico (I Reis 19:20-21) para receber a herança ministerial de seu pai espiritual (2º Reis 2:9-10).
            
Eis aqui sete chaves espirituais para recebermos a herança de um poderoso ministério:

1-      Esteja disposto a renunciar sua estabilidade social e financeira priorizando os valores espirituais. Eliseu poderia ter aderido a uma próspera e bem sucedida carreira como fazendeiro lavrador, mas optou por labutar como servidor do profeta para herdar o ofício profético. Havia nele um nobre sentimento de renúncia característico da mente de Cristo. Alguém que não esteja disposto a priorizar o Reino de Deus (Mateus 6:33) não está apto a receber uma herança ministerial que exija dedicação e extrema responsabilidade espiritual. Um espírito despojado e renunciador é a marca de um promissor “filho espiritual”.

2-      Esmere-se e seja diligente em servir aquele pai espiritual cujo “manto” você almeja. Eliseu investiu sua vida no mentorado de Elias. Ele “sugava” cada momento que passava ao lado do profeta servindo-o e aprendendo, sua primeira reputação foi de aquele “...que deitava água sobre as mãos de Elias.” (II Reis 3:11). Na verdade, este é um princípio fundamental do Reino de Deus: “Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: - Se alguém quer ser o primeiro, deve ficar em último lugar e servir a todos.” (Marcos 9:35 – NTLH). O próprio Jesus sendo Deus assumiu tem um caráter servidor. “bem como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir...” (Mateus 20:28). 

3-      Rejeite qualquer comentário malicioso de terceiros a respeito de seu pai espiritual. Os três principais canais de comunicação do homem são: (1) visão; (2) fala e (3) audição. São também fortes agentes do pecado; podemos ser concupiscentes no olhar e maledicentes no falar, mas você me perguntaria: “Como nossos ouvidos podem ser agentes do pecado se o ouvir é passivo?” além da visão concupiscente e do falar maledicente, o ouvir pode ser conivente, e isto é pecaminoso. Alguns de nós “emprestamos” nossos ouvidos para os maledicentes e mexeriqueiros, nos alimentando desse veneno espiritual. Deveríamos nos recusar a ouvir qualquer tipo de comentário maledicente sobre homens que Deus ungiu (permaneçam ou não ungidos), especialmente sobre aqueles que são nossa paternidade ou cobertura espiritual. Eliseu não permitiu que os “observadores” fizessem menção do destino de Elias, pois sabia que suas palavras possuíam um tênue tom de sarcasmo (II Reis 2:3). Quando ouvimos ataques verbais sobre um servo de Deus ou qualquer outra pessoa e reagimos com palavras coniventes como: “é verdade!” ou até mesmo “hãham!”, pecamos.     

4-      Esteja o máximo que possível junto de seu pai espiritual, andando ao seu lado e absorvendo sua sabedoria e seus atributos morais positivos. Pessoas são produtos da influência de pessoas. O sábio Salomão escreveu: “Anda com os sábios e serás sábio, mas o companheiro dos tolos será afligido.” (Provérbios 13:20). Eliseu andou ao lado de Elias, e antes de receber seu manto profético, absorveu seu legado espiritual, seu caráter ilibado e sua sabedoria, da mesma forma, se queremos “herdar” o ministério de um homem de Deus, devemos acompanhá-lo bem de perto, lembrando que “a unção que respeitamos é a unção que virá sobre nós”. Não anele apenas o poder e os dons de seu pai espiritual, procure observar e imitar suas qualidades morais mais destacadas, pois certamente foram estas que o projetaram para a grandeza espiritual.

5-      Não queira ser o “eco” de nenhum ministério, seja uma voz única e personalizada, você pode ser tão poderoso em Deus quanto seu pai espiritual. Deus não está interessado em levantar e ungir outro apóstolo Paulo, e muito menos outro Pedro ou Moisés, Deus pode lhe dar da mesma unção que estava sobre estes homens, mas unção de Deus repousa sobre indivíduos e não sobre “clones”. Eliseu desejava a unção de Elias e não seus atributos pessoais e de temperamento, além disso, ele não queria apenas a unção de Elias, mas uma porção dobrada dela, e por disso, Eliseu operou em termos quantitativos mais milagres do que Elias.

6-      Não deseje a herança ministerial de alguém para exibi-la como um troféu, faça uso dela para a glória de Deus. Eliseu não se ostentou com a capa de Elias colocando-a imediatamente sobre si, mas se colocou diante do mesmo Jordão que Elias abrira e fez o mesmo. Eliseu revelou com humildade a eficácia do poder de Deus agora estava sobre si, assim, seu ministério tão frutífero quanto o de Elias.

7-      Não queira se comparar a seu pai espiritual, mas não se incomode com as comparações que surgirão inevitavelmente. É inevitável que as pessoas comparem nosso ministério com o de nosso “pai espiritual” em diversos aspectos, na abordagem, na motivação, na paixão, na visão... Afinal de contas estamos com o manto dele, ou seja, a mesma unção que repousava sobre ele, agora repousa sobre nós. Os “...filhos dos profetas que estavam defronte de Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu...” (II Reis 2:15). A despeito de tais comparações, Eliseu nunca se ostentou como o “novo Elias”, mas desenvolveu seu ministério na direção do Espírito de Deus. As comparações sempre são muito perigosas, e precisamos nos guardar delas, aliás, o único a quem devemos realmente imitar e desejar ser comparados é com o Senhor (I Coríntios 11:1; Efésios 5:1).

O apóstolo Paulo deixou um maravilhoso e amplo legado para o jovem pastor Timóteo, ao qual chamou em duas ocasiões de filho na fé (I Timóteo 1:2; II Timóteo 1:2). Paulo precisava deixar um representante idôneo para presidir a Igreja em Éfeso, assim, escolheu alguém idôneo, mas não tão idoso. O jovem Timóteo muito cedo absorveu os ensinos de Paulo de forma a se tornar apto para o ministério pastoral entre os crentes efésios. Paulo compreendia que as profecias acerca do ministério de Timóteo constituíam em uma base sólida para o início de sua trajetória, e apostou nele. “Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia.” (1ª Timóteo 1:18). Note que Paulo estava exortando seu “filho” Timóteo mais ou menos assim: “Sua chamada já está confirmada, agora, haja à altura da promessa!”. Dentre as muitas recomendações de Paulo ao jovem pastor, ele relacionou uma série de atributos imprescindíveis para aqueles que desejam um “manto” no santo ministério da Igreja (I Timóteo 3:1-10). Paulo também motivou o jovem Timóteo acerca de sua suposta inexperiência, pois sabia que em função de sua idade, muitos obreiros mais velhos poderiam desprezá-lo ou recusar lhe estar sujeitos, ao que Paulo escreve: “Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.” (I Timóteo 4:12-13). Perceba que Paulo deixa claro que para que o ministério de Timóteo tivesse credibilidade e não fosse desprezado, era-lhe necessário ser um exemplo para os fiéis em pelo menos seis aspectos: (1) na maneira de falar; (2) na maneira de agir; (3) no amor; (4) na motivação; (5) na fé e (6) na pureza. Além disso, Paulo exorta Timóteo na prática de outros três aspectos fundamentais do ministério: leitura, exortação e ensino (v. 13). Paulo conclui esta parte dizendo que Timóteo não desprezasse seu dom declarando: “...o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.” (v. 14).
Em fim, a paternidade espiritual é um princípio real, patente em toda a narrativa bíblica, e deveria ser mais diligentemente observada e ensinada por nós ministros de Deus.

PRINCÍPIO DO PROTOCOLO


Protocolo é saber agir. Protocolo é conduta certa nos lugares e ocasiões certas. Não existem seminários sobre protocolo, ele é aprendido instintivamente. Dificilmente você lerá em algum manual de pré-requisitos que não se deve entrar na sala do chefe por qualquer motivo. Você não irá encontrar na bíblia uma orientação sobre levantar-se quando o pastor entrar, ou que tom de voz deve ser usado para se dirigir a uma autoridade eclesiástica, mas este é um princípio intrínseco na cultura judaico-cristã e bíblica.
            Reconhecendo o Princípio do Protocolo, José não se apresentou relaxadamente diante da maior autoridade do mundo em sua época. “Então, enviou Faraó e chamou a José, e o fizeram sair logo da cova; e barbeou-se, e mudou as suas vestes, e veio a Faraó.” (Gn 41:14). Você não vai a uma entrevista de emprego com sua pior roupa. Você não vai a um tribunal de camiseta regata ou de chinelo. Você não vai se apresentar em uma audiência no palácio com a rainha Elizabeth em trajes esportivos. A jovem judia Ester alcançou o favor do rei Assuero porque reconheceu a Lei do Protocolo. Ester se beneficiou do Protocolo para quebrar outro protocolo. Ester precisava entrar na presença do rei, porém, segundo a lei se uma audiência não fosse burocraticamente agendada, isso poderia redundar em pena de morte, a não ser que o rei estendesse seu cetro. Ester estava debaixo de oração e jejum de seus compatriotas, porém, isso não seria suficiente se Ester não agisse com cautela (protocolo). Ester se preparou, física, espiritual e emocionalmente durante três dias. Preparação é um tipo de protocolo indispensável. Ester usou o protocolo para se apresentar adequadamente, com as mais belas e ricas roupas que poderia vestir. “...Ester se vestiu de suas vestes reais...” (Et 5:1a). Ester não entrou de uma vez, ela usou o protocolo ao se pôr “...no pátio interior da casa do rei, defronte do aposento do rei...” (v. 1b). Diante de tanta beleza e reverência, o rei não poderia reagir de outra forma: “...ela alcançou graça aos seus olhos; e o rei apontou para Ester com o cetro de ouro, que tinha na sua mão, e Ester chegou e tocou a ponta do cetro.” (v. 2). O protocolo escancara a porta do favor. Ao se preparar para entrar na presença do rei Ester obteve o seu favor. “...qual é a tua petição? Até metade do reino se te dará.” (v. 3). Da mesma forma, ao honrar o aniversário do rei Herodes com uma dança especial, Salomé obteve o seu favor. “...Pede-me o que quiseres, e eu to darei.” (Mc 6:22b). Ao honrar a memória de seu pai Davi priorizando a vontade de Deus, Salomão obteve o favor de Deus. “...Pede o que quiseres que te dê.” (I Cr 1:7). Ao reconhecer a linhagem real de Jesus chamando-o de filho de Davi, Bartimeu obteve o favor do Mestre. “...Que queres que te faça?...” (Mc 10:51) 
            Protocolo não é, porém somente vestir-se adequadamente, é também falar adequadamente. Embora Daniel fosse fiel somente a Deus, ele reconheceu a Lei do Protocolo ao se dirigir ao rei Dário honrosamente: “...Ó rei, vive para sempre!” (Dn 6:21). Neemias somente alcançou o favor do rei Artaxerxes porque conhecia a Lei do Protocolo. Neemias usou o protocolo para iniciar suas palavras diante do rei: “...Viva o rei para sempre!...” (Ne 2:3a). Neemias usou o protocolo ao não exaltar sua nação em relação ao império persa: “...o lugar dos sepulcros dos meus pais...” (v. 3b). Neemias usou o protocolo ao não usar um tom de exigência, como se o rei fosse obrigado a atendê-lo: “...Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te...” (v. 5). Neemias usou o protocolo ao dar satisfação do tempo de sua ausência: “...apontando-lhe eu um certo tempo.” (v. 6b). Neemias usou o protocolo ao pedir ao rei cartas recomendação para sua viagem: “...Se ao rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores dalém do rio, para que me dêem passagem até que chegue a Judá.” (v. 7). Note também que Neemias usou o protocolo ao pedir uma coisa de cada vez, com tato e cautela. A Lei do Protocolo foi um dos motivos que fez com que Deus estendesse sua mão para ajudar Neemias (v. 8c). Protocolo é falar coisas saudáveis: “Favo de são as palavras suaves: doces para a alma e saúde para os ossos.” (PV 16:24). Protocolo é falar na hora oportuna: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” (Pv 25:11). Protocolo é falar com reflexão: “O coração do justo medita o que há de responder...” (Pv 15:28a). Protocolo é falar com brandura: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” (Pv 15:1). Protocolo é falar pouco: “Retém as suas palavras o que possui o conhecimento... Até o tolo, quando se cala, será reputado por sábio; e o que cerrar os seus lábios, por entendido.” (Pv 17:27-28) Protocolo é falar depois de ter ouvido: “Responder antes de ouvir estultícia é e vergonha.” (Pv 18:13).
            Paulo, seguindo o protocolo esperou a permissão do rei Agripa para se pronunciar: “...Agripa disse a Paulo: Permite-se-te que te defendas.” (At 26:1a). Sendo um minucioso observador da Lei do Protocolo, Paulo, antes de se pronunciar fez sinal com a mão de que iria se defender. “...Então, Paulo, estendendo a mão em sua defesa, respondeu...” (v. 1b). Note o protocolo no discurso de Paulo, passo a passo: (1) Demonstrando-se honrado por estar na presença do rei e poder falar-lhe. “Tenho-me por venturoso, ó rei Agripa, de que perante ti me haja, hoje, de defender...” (v. 2); (2) Exaltando a cultura e o conhecimento do rei. “mormente sabendo eu que tens conhecimento de todos os costumes e questões que há entre os judeus...” (v. 3a); (3) Pedindo humildemente a preciosa atenção e também a paciência do rei. “...pelo que te rogo que me ouças com paciência.” (v. 3b); (5) Ao ter sua condição mental insultada pelo governador Festo, não perdeu o respeito ao governador e a reverência perante o rei. “...Não deliro, ó potentíssimo Festo! Antes, digo palavras de verdade e de são juízo.” (v. 25). Perceba que a Lei do Protocolo possibilitou a Paulo testemunhar de Cristo a uma autoridade governamental, como o próprio Jesus lhe havia prometido (At 9:15). “Crês tu nos profetas, ó rei Agripa? Bem sei que crês.” (v. 27) Perceba também, que Paulo não foi afoito para anunciar a Cristo, e a sua sutileza foi notada até mesmo pelo rei Agripa. “...Por pouco me queres persuadir a que me faça cristão!” (v. 28). Agripa ficou tão impressionado com Paulo que quis solta-lo, e o teria feito se houvesse outro protocolo a ser seguido. “...Bem podia soltar-se este homem, se não houvera apelado para Cézar.” (v. 32). Protocolo é saber entrar e saber sair. Protocolo é ser simples como a pomba e prudente como a serpente (Mt 10:16). O protocolo é um princípio fundamental.

O PRINCÍPIO DA HONRA


A honra é a chave mestra para se entrar em qualquer ambiente. Quem sabe honrar sempre será bem recebido e ouvido com prazer. A honra é uma das leis mais importantes dos relacionamentos. Dos dez mandamentos, os quatro primeiros tratam de honrar a Deus e os demais seis de honrar o próximo. Jônatas honrou a Davi, e em ocasião oportuna Davi retribuiu tal honra ao seu filho Mefibosete. Davi honrou a Hirão, rei de Tiro, pelo que Hirão honrou ao seu filho Salomão depois de sua morte fornecendo-lhe matéria prima para a construção do templo. A honra pode determinar a longevidade ou a morte prematura. Um dos mandamentos é: Honra teu pai e tua mãe, para te vás bem e tenhas os seus dias prolongados sobre a terra (Êx 20:12; Ef 6:2-3). Muitos sujam seu próprio nome por não honrarem seus compromissos. Muitos destruíram sua vida conjugal por não honrar seu casamento como ordena a bíblia (Hb 13:4). Os presídios são simplesmente o confinamento de pessoas que desonraram o seu semelhante, seja matando, roubando, defraudando ou enganando. Saber honrar é saber viver. Saber honrar é saber entrar. Saber honrar é saber permanecer. Saber honrar é saber crescer.
            A história também deve ser honrada. Só pode ser honrado pela história quem honra a história. Elias honrou a história quando reconheceu não ser melhor do que seus pais. Honrar a história é respeitar os cabelos brancos. Honrar a história é honrar a face do idoso (Lv 19:32). Nazaré teria sido impactada pelo ministério de Jesus se soubessem honrar o profeta de casa (Mt 13:57).
            Paulo dedicou os sete primeiros versículos do capítulo treze da carta aos romanos para ensinar a Lei da Honra. Paulo nos exorta a honrar toda autoridade aqui na terra, pois toda autoridade existente foi constituída por Deus (seja por sua vontade soberana ou por sua vontade permissiva). Em tese, o versículo dois diz que quem não honra a autoridade não honra a Deus, e esta desonra trará condenação. Honrando as autoridades não precisamos temê-las, pois se nós as honramos seremos honrados por elas. “...Faze o bem, e terás louvor dela.” (v. 3c). A bíblia nos ensina que ministros de Deus devem ser honrados. Quem honra os ministros de Deus será honrado por Deus. Você sabia que as autoridades da terra são [relativamente] ministros de Deus em nosso favor, ainda que algumas delas não saibam disso? Você sabia que um policial é um ministro de Deus para o nosso bem? Assim como delegados, presidentes, governadores, prefeitos, deputados, vereadores, senadores, guardas também o são. “Porque ela [a autoridade] é ministro de Deus para teu bem...” (v.4a). Você sabia que se desonrarmos as autoridades terrenas, devemos temê-las, porque desonrando-as estamos sujeitos ao seu castigo, com respaldo das Escrituras Sagradas? “...Mas, se fizeres o mal, teme, pois [a autoridade] não trás em vão a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal.” (v. 4b) A honra às autoridades não deve ser por conveniência, e sim com o coração reto (v. 5). Paulo encerra dizendo que a cada um deve ser tributado uma honra distinta (v. 7). Ninguém trata a todos de igual modo. Se você diz que honra a todos igualmente, você não é um sábio, mas sim um tolo. Você não trata o marido de sua vizinha da mesma forma que ao seu marido. Você não lava as peças íntimas dele, não leva a toalha para ele após o seu banho, não tira suas meias quando ele chega do trabalho. Esta honra você reserva somente para o cabeça da casa. Ainda que você honre um mendigo, você não o chamará de “Vossa Excelência”. Em um júri você não chama o juiz de “meu amigo”. Você não irá se dirigir a um graduado cardeal católico dizendo: “E aí padre?!”, ou ao Papa com “Olá senhor Papa!”. Existem designativos distintivos para referir-se a diversas classes de autoridades para honrá-las. Ao Presidente da República, o Ministro do Estado, o Chefe do Gabinete Militar da República, o Consultor Gral da República, os Presidentes e Membros das Assembléias Legislativas, os Governadores e Vice-Governadores dos Estados, Prefeitos, Senadores, Deputados, Embaixadores, Cônsules, Juízes, Generais, Marechais e outros, nos dirigimos como “Vossa Excelência” (V.EXª.) ou “Excelentíssimo Senhor”.. Aos funcionários Graduados, Organizações Comerciais e Industriais e Particulares em Geral, tratamos de “Vossa Senhoria” (V.Sª.) ou “Ilustríssimo Senhor” (Ilmoº. Sr.). Para Cardeais usamos “Vossa Eminência” (V.EMª.) ou “Eminentíssimo Senhor”, assim como para Arcebispos e Bispos usamos “Vossa Excelência Reverendíssima” (V.Exª.Revmª) ou “Excelentíssimo Senhor”. Ao Papa nos dirigimos como “Vossa Santidade”, já que ele prefere assim! Aos Reitores de Universidades nos dirigimos como “Vossa Magnificência” ou “Magnífico Reitor”. Para Reis, Rainhas e Imperadores usamos “Vossa Majestade” (V.M.), já para Príncipes e Princesas usamos “Vossa Alteza” (V.A.). Para líderes eclesiásticos (Igreja Evangélica) devemos tratá-los por suas designações específicas: Pastor, Presbítero, Bispo... Não podemos, porém, ainda que tenhamos uma posição honorífica, nos honrar mais do que honramos ao próximo. “...preferindo-vos em honra uns aos outros.” (Rm 12:10b). O Rei Dário honrou a Mardoqueu (Et 6:6). Jesus honrou seus discípulos (Jo 13:1-20; Lc 22:30). Obreiros dedicados e bem recomendados devem ser recebidos em honra (Fl 2:29). Pastores e líderes cristãos que administram sabiamente e trabalham integralmente no ministério da pregação e do ensino, devem ser especialmente honrados (I Tm 5:17).
            A habilidade de saber honrar distingue o tolo do sábio. Pessoas sem nenhuma instrução podem alcançar grande sucesso por saber honrar. Pessoas, até mesmo eminentes, podem ser amaldiçoadas por não saber honrar. Mical sendo uma princesa não soube honrar a Davi como novo rei de Israel (II Sm 6:20-23). As humildes e “desprezíveis” servas do antigo rei, Saul, honraram o novo rei Davi (6:22).
            Até mesmo o temperamental pescador e apóstolo Pedro aprendeu a Lei da Honra. “Honrai a todos...Honrai o rei [governante da nação]” (I Pe 2:17).
            Certa vez, Paulo por ignorância, desonrou uma autoridade religiosa de sua nação, ao ser informado de que se tratava de um sumo sacerdote, logo se retratou dizendo: “...está escrito: Não dirás mal do príncipe [líder] do teu povo.” (At 23:1:5).
            O reconhecimento do Princípio da Honra pode evitar grandes catástrofes. Davi sentiu-se ultrajado pela recusa de Nabal e honrá-lo, isso despertou o “tolo” que havia em Davi (todo homem tem dentro de si um rei e um tolo). Quando Davi veio com seus homens para derramar sangue inocente (“...mesmo até um menino.” – I Sm 25:22), Abigail, esposa de Nabal que conhecia a Lei da Honra, fala ao “rei” que havia dentro de Davi, nos dando uma lição de reverência, humildade e sabedoria com a qual encerramos esta parte: “Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, e desceu do jumento, e prostrou-se sobre o seu rosto diante de Davi, e se inclinou à terra. E lançou-se a seus pés e disse: Ah! Senhor meu, minha seja a transgressão; deixa, pois, falar a tua serva aos teus ouvidos e ouve as palavras da tua serva...” (vv. 23-31).
               Aprenda a honrar. Isto é de Deus.

O MINISTÉRIO APOSTÓLICO DA IMPOSIÇÃO DE MÃOS


Existe uma doutrina bíblica fundamental na fé cristã, é a imposição de mãos. Alguns a ignoram em nível de estudo, mas deveria ser um tema à ser dominado, pelo menos pelos pentecostais. O entendimento sobre a imposição de mãos é tão importante quanto a doutrina dos batismos, a doutrina da ressurreição dos mortos e a doutrina escatológica do juízo final.

“Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina dos batismos, e da imposição de mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno.”
Hebreus 6:1-2

            Note que o escritor aos hebreus exorta à igreja hebréia, não a se esquecer da doutrina da imposição de mãos, mas sim a conhecê-la profundamente, no afã de priorizar outros aspectos “mais importantes” da fé. Porém, tal exortação se dirige àqueles que dominam o assunto, o que não é uma realidade em muitos casos.
            A igreja perdeu a noção do poder que está investido neste ato profético.
            Quem haveria ser o herdeiro de José por tradição era o primogênito Manassés, Jacó, porém, impôs sua mão direita (a mão da primogenitura) sobre Efraim, ao que José protestou, pois sabia o significado da benção do patriarca através da imposição da mão direita. “Vendo, pois, José que seu pai punha a sua mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi mau aos seus olhos; e tomou a mão de seu pai, para a transpor de sobre a cabeça de Efraim à cabeça de Manasses. E José disse a seu pai: Não assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe a tua mão direita sobre a sua cabeça. Mas seu pai o recusou, e disse: Eu o sei, filho meu, eu o sei; também ele será um povo e também ele será grande; contudo, o seu irmão menor será maior que ele, e a sua semente será uma multidão de nações. Assim, os abençoou naquele dia...”
            Pais e avós abençoarem seus filhos e netos não é mera tradição religiosa ou uma cultura social restrita aos hebreus, é um princípio espiritual poderosíssimo que foi abandonado em nossa geração.
            Ao sairmos pelas ruas, contemplamos seres humanos tão dignos como nós, assentados à beira da calçada mendigando, nos becos e bares se drogando e alcoolizando, nas esquinas se prostituindo e outros morrendo. Será que eles são meramente um “produto do sistema”, que não tiveram grandes oportunidades na vida? Este pode ser um aspecto básico da origem do problema, “a ponta do iceberg”, mas um outro fator pode estar envolvido. Será que essas pessoas foram abençoadas pelos pais na tenra idade? Será que se inclinaram para que seus pais lhes impusessem as mãos e invocassem as bênçãos do Deus da Igreja de Cristo sobre eles? Não creio!
            Vamos compreender a dimensão do entendimento de Jacó acerca deste ato:

“Depois chamou Jacó a seus filhos, e disse: Ajuntai-vos, e anunciar-vos-ei o que vos há de acontecer nos derradeiros dias...Todas estas são as doze tribos de Israel; e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a sua benção.”
Gênesis 49:1, 28

            O patriarca Jacó não somente os abençoou como uma tradição hereditária, ele entendia que sua benção impetrada com fé e sabedoria, seria um fator determinante para o futuro de seus doze filhos.
            Certos pais iracundos amaldiçoam tanto seus filhos em seus momentos de explosão emocional, que tornam seus filhos alvos das investidas do diabo. Crianças, adolescentes e jovens precisam ser incentivados pelos pais com palavras de benção, pois sua formação está intrinsecamente ligada não somente ao ambiente em que crescem, mas principalmente ao que ouvem. Um futuro devastado deve-se em essência, muitas vezes, ao desânimo de palavras amaldiçoadoras. “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo.” (Cl 3:21).
            Deus investe seu poder e autoridade espiritual sobre certos homens e mulheres, para que estes estejam aptos a abençoar. Dada a importância fundamental e profética da imposição de mãos, não devemos permitir que pessoas que não estejam devidamente ungidas e autorizadas, imponham as mãos sobre nós como ato espiritual, pois, “...sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior” (Hb 7:7). O maior aqui, na perspectiva do Reino, é aquele que recebeu uma unção confirmada para ministrar. Melquisedeque estava devidamente autorizado a ministrar (abençoar) a Abraão, pois a unção do sacerdócio estava sobre ele, e o sacerdote era maior do que o profeta.
            Alguém pode ser ungido com sabedoria simplesmente através da imposição de mãos? Deixe este jovem ministro lhe responder. SIM!

“E Josué, filho de Num, foi cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre ele as suas mãos.”
Deuteronômio 34:9

            A unção para liderar o numeroso povo de Israel estava sobre a vida de Josué, pois a unção que estava sobre Moisés foi transferida para o ministério de Josué.
            Lembro-me muito bem quando eu era um pregador itinerante, fazendo sempre a obra com minha esposa, pastora Gisele, ministrando em grandes congressos. Estávamos revestidos da unção de evangelistas-profetas, até que, no mês de agosto de 2006, o nosso pastor (Deiró de Andrade) impôs as mãos sobre nós, e naquele mesmo instante veio sobre nós uma unção que não esperavamos, a unção para o ministério pastoral. Pelo fato de termos entendido e crido nisto, temos desenvolvido com muita graça este ministério desde então.
            Nunca subestime a oração e a imposição de mãos de um verdadeiro ministro de Deus, é um ato profético poderoso.
            Mas como você pensa que posso relacionar este ato com o ministério apostólico? A relação é óbvia. É um mandamento do senhor Jesus aos que ele enviou. “...Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura...e porão as mãos sobre os enfermos e os curarão.” (Mc 16:15, 18 b).
            As mãos de um ministro ungido são o ponto de contato entre o homem e as bênçãos de Deus. Há um fluxo de poder espiritual que emana no ato da imposição de mãos, por isso, Jesus outorgou o seu poder curador aos discípulos mediante a imposição de mãos, embora eu entenda que em uma reunião de grandes proporções, não seria possível impor as mãos sobre todos os enfermos, daí cremos exclusivamente no poder curador da Palavra de Deus. “E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, coma sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos.” (Mt 8:16)
            O ministério de Jesus despertou nas pessoas o entendimento e a confiança no esquecido ministério da imposição de mãos, que estava restrito aos sacerdotes que somente impunham as mãos sobre os bodes da expiação. A fama de Jesus foi tão difundida que um religioso, “pastor” de uma sinagoga, procurou o Mestre para ter sua filha ministrada. “E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva.” (Mc 5:22-23).
            Em sua cidade de criação, Nazaré, aconteceu um fato paradoxal, Jesus, aquele que pode todas as coisas, segundo o evangelista Marcos “...não pôde...” fazer muito (v. 5 a), pois ali, a ausência de fé era admirável ao próprio Jesus. “E estava admirado da incredulidade deles...” (Mc 6:6). Alguns, porém, que estavam doentes, ficaram e creram no ministério de Jesus, e mais uma vez as mãos do Senhor entraram em ação. “E não podia fazer ali obras maravilhosas; somente curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.” (Mc 6:5). Note que o ato da imposição de mãos requer não somente fé de quem impõe as mãos, mas também de quem é ministrado.
            Como eu disse anteriormente, quando se separa e consagra alguém para o santo ministério, a imposição de mãos é o método neo-testamentário, diferente do Antigo Testamento, em que o óleo era derramado sobre a cabeça do escolhido. Hoje o óleo é usado para ungir (mediante imposição de mãos) aqueles que estão enfermos. “E expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.” (Mc 6:13). A unção com óleo é também um ministério apostólico, e não pode ser banalizado. Muitos movimentos carismáticos e pentecostais têm feito do óleo um artigo supersticioso cultural, unge-se tudo. É uma autêntica “lambuzeira!” Entendemos que qualquer pessoa ou até certos objetos possam ser ungidos em qualquer ocasião desde que seja por inspiração e ordem direta do Espírito Santo, mas pelas pessoas devidamente instituídas por Deus. Mesmo porque, o ato do ungir é restrito às pessoas ministerialmente e espiritualmente autorizadas da Igreja, como disse Tiago: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.” (Tg 5:14-15).
            Devemos nos guardar destes aventureiros que gostam de “ungir” as pessoas por aí aleatoriamente, pois este ato apostólico e profético está biblicamente restrito aos ministros oficiais da igreja (presbíteros/bispos/anciãos/pastores). O advento do evangelho trouxe uma inimaginável (à cultura judaica) liberdade ministerial e litúrgica às mulheres, que passaram a atuar ativamente na obra de Deus, porém, não há menção bíblica doutrinária de mulheres ungindo pessoas. Não podemos, porém, ser liturgicamente inflexíveis, pois, há exceções emergentes e delegações de ministros autorizados que porventura não estejam presentes. Qualquer um pode ministrar a cura divina pela fé, mas somente ministros da Igreja podem ungir, este é o padrão escriturístico.
            A mesma cautela deve haver em relação àqueles que oferecem a unção, principalmente os que a oferecem como artigo de comércio: “Venha receber a unção no culto da unção com óleo!!!” Tiago orienta: “...Chame os presbíteros...” Note que os presbíteros são normalmente chamados, mas não se oferecem (há exceções).
            Visto que o texto diz: “...orem sobre ele...”, logo, não se exige ungir o local da doença, e sim, o doente, e podemos entender por “sobre ele” que a oração com imposição de mãos sobre a cabeça é a alternativa mais coerente, e da cabeça, a unção do Espírito Santo pode perfeitamente envolver todo o corpo (Sl 133).
            Bom é lembrar também que o óleo utilizado neste rito, não possui nenhum poder medicinal, e muito menos místico, mas é, sim, um ponto de contato de fé por ser um símbolo escriturístico e proféticodo Espírito Santo e seu poder. A cura não está no óleo, e também não está na imposição de mãos em si, mas na fé, pois, “...oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará...”
            Através da imposição de mãos, Deus outorga dons aos seus servos, dons espirituais e dons ministeriais. Não foram raras a ocasiões em que Deus me usou para ministrar dons a pessoas por intermédio das minhas mãos, da mesma forma, um dia Deus usou as mãos de um ministro para que eu recebesse o ministério profético.
            Paulo desejava ardentemente chegar à Roma e visitar sua jovem Igreja, e ele escreveu dizendo: “Anseio vê-los, a fim de compartilhar com vocês algum dom espiritual...” (Rm 1:11a - NVI) Não creio que o termo “compartilhar” aqui, seja simplesmente “demonstrar seus dons”, mas sim, dividir com eles o mesmo dom, para posteriormente eles também pudessem ministrar a outros.        
            Ora, se não fosse assim, porque Paulo teria dito à Timóteo: “...despertes o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos.” (2ª Tm 1:6).
            É fabuloso como a bíblia se aplica a praticidade do ministério cristão hodierno. Toda experiência espiritual e litúrgica da Igreja Primitiva pode e deve ser reproduzida na Igreja do século XXI. Lembro-me que em meados do ano de 2003, eu ministrei uma mensagem profética a um jovem problemático da igreja, dizendo-lhe que ele receberia o dom da profecia, e ao mesmo tempo que eu profetizei, eu o ministrei dizendo: “Receba-o agora!” Ele caiu sob o poder do Espírito e, daquele dia em diante processou-se na vida daquele rapaz uma transformação espiritual e ministerial inquestionável, e hoje me alegro ao vê-lo como um jovem pastor de igreja. Este é um entre outros casos semelhantes da minha experiência carismática pessoal. Mas você talvez pergunte: “É possível alguém receber um dom assim, com uma profecia e uma ministração imediata?” O apóstolo Paulo responde: “Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.” (1ª Tm 4:14).
            Note outro aspecto. Este tipo de dom não deve ser rejeitado (“Não desprezes o dom que há em ti...”), se assim acontecer com você creia e passe a agir à altura do que você recebeu. Use o seu novo talento com graça e sabedoria.
            Um episódio interessantíssimo ocorreu em Samaria quando um grupo considerável de pessoas receberam em seus corações a fé cristã por intermédio da pregação apostólica do diácono evangelista Filipe:

“Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de deus, enviaram lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em nome de Jesus.) Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo.”
Atos 8:14-17

            Este não é mais um texto histórico isolado e sem significação teológica e doutrinária, mas é, sim, uma demonstração do ministério apostólico da imposição de mãos. Note que o diácono Filipe, apesar de ser ungido para o ministério evangelístico com uma unção direcionada à libertação (exorcismo), e a restauração física miraculosa de coxos e paralíticos (At 8:7), não estava ministerialmente “habilitado” para ministrar o batismo no Espírito Santo aos novos convertidos que acabara de ganhar.
            Não é um fato incomum em meu ministério este sinal acompanhando a pregação da palavra. Em 90% das igrejas em que ministro, chamo à frente aqueles que desejam ser batizados no Espírito Santo, e nunca me decepcionei com um resultado negativo, pois fui ungido para especificamente para este fim dentre outros. Para mim é muito gratificante quando alguém telefona para mim diz coisas como: “Pastor, todas as vezes que falo em línguas estranhas lembro-me do senhor, por isso estou ligando!”. Penso que esta é uma experiência que qualquer crente cheio do Espírito Santo pode ministrar por fé, mas existem ministros singularmente capacitados para fazê-lo, pois é um ministério apostólico, e este dom não está à venda (At 8:18-24).

A UNÇÃO APOSTÓLICA NOS QUATRO MINISTÉRIOS


E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.” Efésios 4:11

  Em sua vídeo aula sobre o Tabernáculo, o evangelista internacional Benny Hinn comparou os cinco ministérios da Igreja com os cinco dedos da mão, como à seguir: o dedo mínimo representa o dom de mestre que consegue por ser pequeno, penetrar nos segredos mais minuciosos das Escrituras e revela-las; o dedo anelar representa o dom de pastor, que tem a responsabilidade de conservar a aliança entre Cristo e suas ovelhas; o dedo maior representa o ministério do evangelista que por ser o mais longo tem um alcance maior no que tange ao globo terrestre; o dedo indicador representa o profeta que com este dedo em riste vocifera: “Assim diz o Senhor!” e o dedo polegar representa o ministério apostólico, pois é o único dedo que tem alcance para tocar os outros quatro dedos, assim como o ministério apostólico pode abarcar os outros quatro ministérios bíblicos.
            Eu creio que na atual dispensação, os ministérios de profeta; evangelista; pastor e mestre têm uma unção apostólica, pois Jesus inaugurou uma “era apostólica”.
            PROFETAS. Os profetas sempre exerceram uma influência significativa na vida religiosa e política do povo de Israel. Grandes avivamentos foram desencadeados mediante a mensagem incisiva e contundente destes homens que gozaram de uma intimidade singular com Deus. Três principais características expressam a distinção do profeta entre os “homens comuns”:
1-      Suas palavras eram respaldadas por Deus. “E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir (porque eles são casa rebelde) hão de saber que esteve no meio deles um profeta.” (Ez 2:5)
2-      São intocáveis para Deus. “Não toqueis nos meus ungidos e não maltrateis os meus profetas” (Sl 105:15)
3-      São confidentes de Deus. “Certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.” (Am 3:7)
Nas dispensações passadas, representavam a Deus no ministério e eram ungidos, os reis; os sacerdotes; os juizes e os profetas, porém, os mais destacados foram os profetas, embora todos tivessem sua importância.
Assim como existem semelhanças entre o profeta no Antigo Testamento, existem também diferenças. Em seu livro intitulado: Títulos e Dons do Ministério Cristão, o professor Estêvam Ângelo de Sousa assim escreveu: “É quase certo que alguns pensam em um profeta do A.T. à maneira do que julgam ser um profeta em nossos dias. Pensam talvez em um homem de joelhos, com os olhos fechados, a proferir, sob o impulso do Espírito Santo, uma mensagem predita ou de advertência. Este conceito, entretanto, não corresponde ao profeta nem do A.T nem do N.T.
O mais certo é pensar em um homem sentado a uma mesa, a escrever a mensagem que Deus lhe vai colocando na mente, ou mesmo ditando para outro escrever, como no caso de Jeremias e Baruque (Jr 45), etc., falando ao povo, convocando especialmente para determinadas ocasiões. Outras vezes falando ao rei, às autoridades de seu país, em audiências obtidas propositadamente; e ainda transpondo as fronteiras do seu país, andando léguas e léguas, levando impressa em sua mente a mensagem de Deus, a outros povos; à semelhança de um estadista, um emissário, com a autoridade para denunciar as transgressões dos reis, dos príncipes e povos, a exortá-los ao arrependimento e à conversão a Deus, como faz em nossos dias, um pregador do Evangelho, movido pelo Espírito Santo.”
Perceba aqui, que, o profeta do passado possuía as credenciais do pregador da atual dispensação. Devemos, porém, distinguir o Ministério de Profeta do Dom de Profecia.
            Muitos se intitulam “profetas”, sem ter a menor familiaridade com as Escrituras, o que constitui-se como um paradoxo, pois o verdadeiro profeta destaca-se como um “oráculo de Deus”, o profeta “borbulha” a palavra de Deus pois está cheio dela. Não são todos no corpo de Cristo que podem exercer o ofício de profeta, pois nem todos estão biblicamente preparados para isso. Este é o Ministério Profético, “E ele mesmo deu uns para...profetas...” (Ef 4:11).
            Como um profeta, eu sei que o desejo de Deus é que todos profetizem. Deus sempre anelou por uma geração profética, e Ele expressou isto através de dois grandes ícones, no Antigo Testamento, Moisés e no Novo Testamento Paulo de Tarso (Nm 11:29; I Co 14:5). O ministério profético é distintivo, mas o dom de profetizar é para todos os crentes, e deve ser anelado e buscado por todo crente zeloso, “Segui o amor e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar” (I Co 14:1).
            O ministério profético hoje não pode perder o seu foco e assumir características da Antiga Aliança, pois assim, não seria um ministério apostólico. Não é raro se ver hoje “profetas” vaticinando morte, caos e a ira divina, e isto não é um ministério profético genuíno, não obstante eu creio que Deus ainda exerce juízo sobre o pecado do homem, mas a implacável ira do Pai foi desviada da humanidade quando se deparou com o Filho na cruz do calvário. O extremo dessa situação são os “profetas do uma vez salvo, salvo para sempre”. Não quero me embrenhar aqui em uma discussão teológica sobre calvinismo e arminianismo, pois o conteúdo deste livro é de cunho profético, mas o profeta não somente anunciar a face graciosa e provedora de Deus e omitir seu juízo vindouro.
            Profetas não podem viver à “entregar chaves” de casas ou automóveis (embora Deus o possa fazer) e dizer falsamente: “Meu servo, estou me agradando de ti, diz o Senhor!” quando a pessoa está com a vida atolada no pecado. Este é o motivo de muitos “crentes” não se converterem de verdade. “Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito e coisas que não viram!” (Ez 13:3). O profeta apostólico limita-se a edificar os fiéis, exortar os desapercebidos e consolar os aflitos (I Co 14:3).
            Existem alguns critérios para se identificar a autenticidade de um ministro profético, mas o principal é dado pelo maior profeta que já existiu: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvores má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda arvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.” (Mt 7:15-20).
            Há um modelo típico e expresso deste tipo de ministro no livro de Atos (o paradigma para a Igreja moderna), trata-se de um de um profeta que também exerceu o ofício apostólico, Silas. “Depois Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram e confirmaram os irmãos com muitas palavras.” (At 15:32). Perceba que, o ministério profético de Silas conferiu-lhe o privilégio de ser escolhido por Paulo para uma missão apostólica “E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu...” (At 15:40), isto, logo após o “desligamento” ministerial de Paulo e Barnabé (At 15:39). Silas foi um PROFETA APOSTÓLICO.
            Precisamos de uma restauração no ministério apostólico para haja uma nova compreensão do que é um profeta na Aliança da Graça.
            EVANGELISTAS. Eis aqui o ministério que talvez expresse melhor a missão apostólica de Jesus e seus discípulos, afinal de contas, os doze apóstolos eram doze evangelistas. Refere-se a um dom especial de pregar ou testemunhar, de forma a trazer o descrente à experiência da salvação. Evangelista significa literalmente proclamador das Boas Novas, ou pregador do Evangelho.
            Este ministro é dotado de um zelo consumidor pela grande comissão, como se latejasse vinte e quatro horas no seu interior a ordem imperativa do Mestre: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Mc 16:15). Há apenas três menções ao termo evangelista no Novo Testamento (pois tal dom não foi mencionado no A.T.): em Atos 21:8 “...Filipe, o evangelista...”; Efésios 4:11 “Ele mesmo deu uns para...evangelistas...” e em II Timóteo 4:5 “...faze a obra de um evangelista...”
            A despeito de ser pouco referido na bíblia, o dom de evangelista detém uma posição de destaque na missão da Igreja, pois o propósito número um da Igreja é a evangelização.
            Diante de um fato meu espírito não pode se calar, temos observado nas hierarquias eclesiásticas uma designação paradoxal, ou seja, dons ministeriais atribuídos meramente como títulos honoríficos. Principalmente, pastores que não apascentam e evangelistas que não evangelizam, e isto está diametralmente oposto ao modelo apostólico de Atos e causa uma descaracterização no ministério da Igreja. Não me refiro ao sistema hierárquico, pois isto é uma questão dogmática, refiro-me a inversão de valores ministeriais que é patente em muitos ministérios.
            Constatemos isso no prisma do dom de evangelista. Existe em nossos dias um pseudo-ministério evangelístico que permeia o cenário evangélico internacional. Proponho-me aqui, como profeta, a fazer uma denúncia no afã de despertar-lhe para enxergar melhor os fatos que estão passando desapercebidos e se tornando “normais”. Vejamos algumas características de um ministério de evangelista “duvidoso”:
1-      A MENSAGEM. Não é raro vermos alguns que se intitulam evangelistas, cuja mensagem não tem como foco primordial o alcance das almas. A principal característica da mensagem do evangelista é a cruz, pois a cruz deve ser a nossa responsabilidade de renúncia (Mt 16:24); mais do que isso, é uma responsabilidade diária (Lc 9:23); a cruz não pode se tornar vã (I Co 1:17); a cruz é o nosso estandarte (Gl 6:12); a cruz é a nossa única glória (Gl 6:14); a cruz é instrumento de reconciliação (Ef 2:16); na cruz nossa sentença foi anulada (Cl 2:14), em fim a cruz não pode estar ausente da mensagem inflamada de um verdadeiro evangelista. Eu pergunto, será que esta chamada “teologia da prosperidade” externa algum vestígio de cruz, eu mesmo respondo, NÃO! Podemos perfeitamente incorporar elementos e aspectos da Antiga Aliança na mensagem evangelística, porém, ela deve ser absolutamente cristocêntrica, ou seja, Cristo é o assunto mais importante da pregação. Esta foi a chave do ministério de Filipe: “E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo” (At 8:5), e o segredo do ministério de Paulo: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.” (I Co 2:2). Alguns “evangelistas” fazem uso dos dons espirituais como uma espécie de show, para se auto-promoverem, e sujeitarem as pessoas ao seu carisma pessoal, ao contrário de Paulo: “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus” (II Co 4:5).
2-      A MOTIVAÇÃO. Estariam corretas as motivações de alguns “evangelistas”? O que motiva o trabalho e o ministério do verdadeiro evangelista é o amor Cristo, “Porque o amor de Cristo nos constrange...” (II Co 5:14). Pregar para ser o mais famoso? Pregar para ser o mais aplaudido? Pregar para ser o mais rico? Não, absolutamente não! O evangelista prega, impulsionado por um zelo consumidor que o compunge, quase como uma obrigação, mas com profundo prazer. “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho! E, por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é confiada.” (I Co 9:16-17)
3-      DINHEIRO. Posso dizer em tom vociferante que profissionalizaram a vocação, e isto é conseqüência do espírito de avareza que permeia a vida e o ministério dos falsos pregadores, que pregam a verdade, mas não a vivenciam. São os “fariseus pós-modernos”. “Na cadeira de Moisés, estão assentados os farizeus. Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam” (Mt 23:2-3). Esta avareza tem dois lados que não podem ser omitidos, primeiro por parte de certos pastores que se esquecem que: “...Digno é o obreiro do seu salário. Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.” (I Tm 5:18; I Co 9:14), e em segundo lugar por parte de certos evangelistas que são “...homens corruptos de entendimento e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho...” e se esquecem das palavras de Jesus: “...de graça recebestes, de graça daí.” (I Tm 6:5; Mt 10:8). Quero citar três casos de “ministros” avarentos da bíblia, que muito se assemelham com alguns “evangelistas” mercenários da atualidade: (1) Balaão, que queria aceitar dinheiro ímpio (propina) para profetizar aquilo que o Senhor não havia determinado, pelo que lhe sobreveio a ira Deus (Nm 22:21-35); (2) Geazi, que cobiçou as dádivas de Naamã pelo ministério de Elizeu, pelo que lhe sobreveio a lepra de Naamã (II Rs 5:20-27); (3) Simão o mágico, que tentou comprar o dom de ministrar o batismo  no Espírito Santo, para, com certeza, renegocia-lo como um produto de venda, o que lhe custou uma séria ameaça profética de Pedro (At 8:18-24). Aos verdadeiros proclamadores do evangelho, que dedicam suas vidas integralmente à causa do Mestre, haverá recompensa nesta vida e na vindoura, segundo a promessa Dele mesmo: “Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e filhos, e campos, com perseguições, e, no século futuro, a vida eterna.” (Mc 10:29-30)
PASTORES. Nenhum ministério expressa melhor o relacionamento entre Deus e seu povo. “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.” (Sl 23:1). Houve uma curta época em minha vida, quando desempenhei um ministério itinerante intenso, como evangelista-profeta (o qual ainda desempenho, com menos intensidade por ser pastor), e acreditava que o ministério de um evangelista era mais difícil, hoje, como pastor, eu posso dize que estava enganado. Evangelistas e profetas vem, e vão, alegram a igreja, deixam uma marca de despertamento e glória, mas, quando eles se vão, as vidas das ovelhas continuam aos cuidados do pastor. Infelizmente há em nossos dias muitos “pastores” que não são motivados pelos sentimentos de Cristo, e sim pelo seu ego, não têm amor pelas ovelhas e sim por sua lã. Alguns pastores são verdadeiros déspotas tiranos, que oprimem e afugentam as ovelhas com palavras afrontosas, fazendo do púlpito o lugar de seus desabafos emocionais, a estes, Deus diz: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor.” (Jr 23:1). O ministério da visitação (quando necessária) é uma incumbência do pastor, pastores que não visitam, serão visitados por Deus de forma indesejada. “...Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as visitastes; eis que visitarei sobre vós as maldades das vossas ações, diz o Senhor.” (Jr 23:2). Outra responsabilidade que cabe ao pastor, é preveni-las do erro, com uma mensagem recheada de doutrina e teor profético, porém alguns pastores irresponsáveis pregam o que lhes convém, e fazem errar o povo. “Ovelhas perdidas foram o meu povo; os seus pastores as fizeram errar...” (Jr 50:6). A conseqüência dessa omissão pastoral é desvio das ovelhas para seitas heréticas e o perambular pelo mundo, “...para os montes as deixaram desviar; de monte em outeiro andaram, esqueceram-se do lugar de seu repouso.” (b). O sábio pregador Salomão orienta: “Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre o gado.” (Pv 27:23). O pastor não pode ser um mero administrador eclesiástico, como se a igreja fosse uma empresa, seus membros funcionários, o dízimo uma mensalidade e a tesouraria, seu “cofrinho pessoal” O bom pastor não é feito nas salas das universidades, nos seminários teológicos, ou nos gabinetes presidenciais bajulando pastores mais graduados. O bom pastor não é aquele que faz a receita financeira de uma igreja aumentar, pois isso é uma conseqüência. Aliás, já tiver desprazer de conversar com pastores que indagados sobre a qualidade de seu rebanho, logo se reportaram a este aspecto dizendo: “Quando eu assumi entrava tanto, hoje subiu para tanto!” Isto me enoja! Este é um pastor inútil (Zc 11:17). Mas afinal, o que é um bom pastor? Jesus nos deixa um modelo: “...o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” (Jo 10:11) e “Eu sou o bom pastor, e conheço as minhas ovelhas...” (Jo 10:14). Jesus é o verdadeiro e Sumo Pastor (Hb 13:20; I Pe 2:25; 5:4). O escritor aos hebreus nos dá algumas credenciais de um pastor: “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para sua maneira de viver...Obedecei a vossos pastores e sujeita-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria, e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” (Hb 13:7, 17).
1-      Pregam a palavra. “...que vos falaram a palavra de Deus...”
2-      São exemplos de fé. “...a fé dos quais imitai...”
3-      São modelos de vida. “...atentando para a sua maneira de viver.”
4-      Cuidam das almas. “...porque velam por vossas almas...”
5-      Prestarão contas das almas. “...hão de dar conta delas...”
6-      Pastoreiam com alegria. “...para que o façam com alegria e não gemendo...”
O pastorado tem perdido seu referencial apostólico em nossos dias, pois alguns pastores têm se tornado meros “dirigentes de cultos”, restringindo seu ministério ao âmbito interno. Pastores apostólicos são pregadores em potencial. “Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.” (II Tm 5:4). Esta exortação de Paulo foi dada ao jovem pastor da igreja em Éfeso, Timóteo. Um certo pastor disse: “Quem gera ovelha é ovelha”, mas eu pergunto, não será o pastor também uma ovelha do Sumo Pastor Jesus Cristo? Portanto, pastores devem ser pregadores. Glória a Deus!
            Jesus enxergou em Pedro uma sólida liderança apostólica, à ponto de chamá-lo de “PEDRA”, Pedro, o medroso, Pedro o impulsivo, Pedro o precipitado, Pedro o falador. Não importam os adjetivos negativos que outros atribuíram a ele, Jesus o escolheu para ser pastor de suas ovelhas e cordeiros (Jo 21:15-19).
            Pedro foi um pastor apostólico, pois inaugurou a era apostólica com uma pregação de proporções históricas.

“E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados, e recebereis dom do Espírito Santo...E com muitas outras palavras isto testificava e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e, naquele dia, agregaram-se quase três mil almas.”
Atos 2:38,40,41
            MESTRES. Ensinadores são ministros apostólicos. O próprio Jesus teve seu ministério de ensino reconhecido pelo fariseu Nicodemus (Jo 3:2). O ministério de Jesus era tríplice, Jesus ensinava, pregava e curava. “E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinado nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.” (Mt 4:23). Perceba que pregar e ensinar são coisas distintas.
            Além disso, na comissão apostólica dos discípulos, o ensino foi enfatizado. “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinado-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho manadado...” (Mt 28:19-20).
            Não podemos esquecer também, que o ensinar, na essência da palavra, é um dom específico que nem todos possuem, “de modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada...se é ensinar, haja dedicação no ensino.” (Rm 12:6, 7).
            O movimento pentecostal precisa restabelecer seus alicerces doutrinários através de um despertar do ensino nas igrejas, para que a ortodoxia pentecostal não seja atacada por ventos de doutrina, afinal, os ministérios bíblicos têm este objetivo (Ef 4:11-14).
            Uma restauração no ministério apostólico é acima de tudo uma restauração do ministério de mestre na igreja. Chega de deduções, conjeturas e teologias forjadas pela conveniência humana, precisamos de ministério de ensino genuinamente apostólico, isto irá desencadear uma série de avivamentos ao redor do globo terrestre.
“Para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios.” (II Tm 1:11).
            Paulo foi um ensinador apostólico, e isso, dentre outras coisas, fez dele um modelo de apóstolo como veremos em postagens posteriores.
            Todos os ministérios, departamentos e facetas da Igreja estão ligados ao ministério apostólico, restaurar o ministério apostólico é restaurar a Igreja. Aleluia!