domingo, 27 de setembro de 2015

QUEM NUNCA OUVIU O EVANGELHO PODE SER SALVO??

por DAVID PLATT

Verdade número um: Todas as pessoas conhecem o Deus Pai. Todas as pessoas o conhecem, todas têm conhecimento do Deus Pai. Paulo, em seus comentários introdutórios, faz a preparação nos primeiros 17 versículos, e então no versículo 18 [Rm. 1] ele começa a falar da “ira de Deus que se revela do céu contra a impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça, porquanto o que de Deus se pode conhecer”, ouça o que ele diz, “é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.” Desde a criação do mundo, os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, claramente se veem e são percebidas por meio do que foi criado. Portanto, os homens são indesculpáveis. Ele diz isso lá no versículo 21: “porquanto, tendo conhecimento de Deus”…

Pressuposição fundamental. Deus revelou a Si mesmo a todo homem. Cada pessoa no mundo, quer seja o homem na selva africana, em um vilarejo asiático, em qualquer lugar do mundo, cada pessoa tem conhecimento do Deus Pai que é claro, suficiente, e manifesto para que o homem seja indesculpável. Verdade fundamental número um.

Verdade número dois: Todas as pessoas rejeitam o verdadeiro conhecimento de Deus. Versículo 21: “Porquanto tendo conhecimento de Deus não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível por imagem à semelhança de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, aos desejos pecaminosos dos seus corações, para desonrarem seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira.” E esses somos nós. “Adorando a criaturas ao invés do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!” Eles rejeitaram o Deus Pai. E essa é a condição humana de todos nós. Nós neste lugar, as pessoas na África, Ásia, Oriente Médio, Austrália, todos nós rejeitamos o Deus Pai.

Deixe-me falar sobre essa pergunta que surgiu em um grupo de estudantes universitários, certa vez. Uma garota me perguntou: “E quanto, por exemplo, aos índios astecas? Índios astecas que não tinham a Bíblia, mas fizeram o melhor que podiam com o que eles tinham. Talvez eles tenham adorado o sol. Chamavam-no de deus sol. Mas isso foi o melhor que eles puderam com o que eles tinham. Isso não é bom o suficiente?” E eu penso que essa é uma boa pergunta. Mas a realidade é, Paulo diz muito claramente em Romanos: Certamente isso não é bom o suficiente. Essa é a essência do que todos nós fizemos. Nós tomamos a criatura e a adoramos no lugar do Criador. Idolatria não é bom o suficiente diante do Deus do Universo. Todas as pessoas rejeitam o verdadeiro conhecimento de Deus.

O que nos leva à verdade número três: Não há nenhuma pessoa inocente no mundo. Você lê de Rm 1:18 a 2:16 e vê uma acusação contra os gentios que não tinham a lei. Você quase pode ouvir os judeus cristãos dizendo amém a cada linha. Até quando ele chega ao capítulo 2, versículo 17 e diz: “Tu que te chamas judeu e repousa na lei e te glorias em Deus…” ele explode em cima deles. E então, no capítulo 3, versículo 9 até o versículo 20, ele entrega a terrível acusação colocando texto após texto do Velho Testamento dizendo: não há nenhum justo. Nenhum sequer. Ninguém que entenda ou busque a Deus. Todos se extraviaram. À uma se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem. Nenhum sequer.

Então, aqui vai… Se você me perguntasse: “David, o que acontece com o homem inocente na África que nunca ouviu o evangelho?” Minha resposta a você, baseada no que a Palavra de Deus ensina muito claramente, seria que esse homem indubitavelmente vai para o Céu. Sem dúvida. Ele iria para o Céu mesmo não tendo ouvido o Evangelho. O único problema é: tal homem não existe. O que acontece com o homem inocente na África? Esta pergunta é feita com muita frequência. A realidade é: não há nenhuma pessoa inocente na África. Se eles fossem inocentes, eles não teriam necessidade de ouvir o evangelho!

A razão pela qual eles precisam ouvir o evangelho é porque neste momento eles permanecem culpados diante de um Deus Santo. E é por isso que levamos o evangelho até eles. Estão me entendendo? Estou vendo vocês olhando um para o outro como: “Esse cara será apedrejado na capela!” Nós sempre inclinamos essa pergunta em nosso favor e contra a santidade de Deus. Enquanto procuramos por oportunidades de apontar a injustiça de Deus, a realidade é que cada um de nós neste lugar é culpado diante de um Deus Santo. Infinitamente culpados diante de um Deus Santo. Nenhuma pessoa inocente no mundo.

O que nos leva à verdade número quatro: Portanto, todas as pessoas são condenadas por rejeitar a Deus. Romanos 1:18 até 3:20 tem de ser uma das mais impressionantes partes da Bíblia toda. Depravação em cada frase. E Paulo resume tudo isso no capítulo 3, versículo 19, dizendo que: “Tudo o que a lei diz, diz aos que vivem na lei para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus.” Paulo diz que ninguém será justificado diante de Deus por observar a lei. Pela lei vem o conhecimento do pecado, em outras palavras, todos nós permanecemos condenados, e nossos esforços, todo “bom” esforço que temos em vencer nossa condenação, nos afunda em maior condenação. Nosso melhor esforço nos condena ainda mais.

Agora, neste ponto pensamos sobre uma ideia comum não só em nossa cultura, mas eu diria em nossas igrejas. Existe essa ideia de que se as pessoas nunca tivessem ouvido o evangelho, Deus certamente não as permitiria, ou de uma maneira mais ativa, não as enviaria ao Inferno. Elas nunca ouviram. Então, certamente, por elas nunca terem ouvido, elas não podem ser responsabilizadas e, portanto irão para o Céu. É uma ideia que em essência nos faz pensar que por eles não terem ouvido, há um tipo de passe para o Céu. Mas pense sobre isso. Se isso fosse verdade… Em primeiro lugar, não achamos a evidência disso em nenhum lugar das Escrituras. Mas mesmo em nível prático, se lhes fosse garantido irem ao o Céu, simplesmente pelo fato de nunca terem ouvido o evangelho, então qual é a pior coisa que você e eu podemos fazer pelo estado eterno dessa pessoa? Levar a eles o evangelho! “Valeu por ter semana de missões!” “Estávamos muito bem, indo para a eternidade no Céu com Deus, até que esse missionariozinho chegou aqui e estragou tudo.” “Pare de fazer missões!” Obviamente isso mina toda a iniciativa evangelística da igreja. Mesmo aqui em nosso país, você vai a um campus universitário e inevitavelmente terá estudantes internacionais com pouco ou nenhum conhecimento do evangelho. Imagine dizer a um deles: “Você já ouviu falar do evangelho? Já ouviu falar de Cristo?” E eles olham para você e dizem: “Não.” E se você crê que essa pessoa vai para o céu justamente por nunca ter ouvido o evangelho, então o que você diria a ela? “Se alguém tentar lhe falar disso, coloque os dedos nos ouvidos, grite alto e corra.” Isso não faz sentido.

sábado, 26 de setembro de 2015

O REINO DE DEUS, DE VOLTA À VIDA ABUNDANTE


NA ESPERANÇA E NA CONVICÇÃO DE QUE O PREDOMÍNIO DA MENTALIDADE INSTITUCIONAL DA IGREJA MODERNA DÊ LUGAR À MENTALIDADE PLENA DO REINO DE DEUS E DE SEUS ETERNOS PROPÓSITOS, OFERECEMOS A VOCÊ ESTA LEITURA QUE CERTAMENTE TRARÁ LUZ E ENTENDIMENTO TRANSFORMADORES À SUA VIDA. VOCÊ NÃO SERÁ MAIS O MESMO DEPOIS DESSA LITERATURA DO 
PASTOR ENÉAS RIBEIRO.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

OS MISTÉRIO REVELADOS


Cada uma dessas orações (Efésios 1:16-20 e 3:14-19) representa a chave de acesso para o que chamaremos de “CANAL DA REVELAÇÃO DIVINA”. É a dimensão da espiritualidade cristã onde “mistério” é apenas uma terminologia mística, pois neste canal, tudo está revelado e patente, pronto para ser explorado pelos filhos de Deus (João 1:12), nascidos de novo (João 3:3,5), nova criaturas (II Coríntios 5:17). Este canal da revelação divina é o “interior de Deus”, são suas profundezas, podemos dizer que é o próprio coração de Deus pronto a ser explorado, coisa que na Antiga Aliança, estava restrita somente aos profetas (Amós 3:7).

Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam.

I Coríntios 2:9

Note que este texto acima (referência Isaías 64:4) isoladamente lido, dá-nos a entender que Deus tem preparado coisas para os que o amam, mas que ainda estão ocultas, porém, a sequência contextual do versículo afirma:

Mas Deus no-las revelou pelo se Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.

I Coríntios 2:10

Aleluia! Há algo extraordinário ao nosso respeito nas profundezas de Deus que está revelado, que nos está acessível. Ele nos deu o seu próprio Espírito em nosso espírito recriado, para que “...pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.” (I Coríntios 2:12).

Os heróis da Antiga Aliança não tinham conhecimento do plano divino para a humanidade, sua visão era meramente étnica, ou seja, toda sua mentalidade religiosa se restringia à Israel. Nem mesmo Moisés ou Elias, os ícones do A.T. tinham a revelação que temos acesso hoje. “o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória desse mistério entre os gentios...” (Colossenses 1:26-27).

Nem os anjos e demônios sabiam ou compreendiam o plano divino para o universo antes da manifestação da Igreja, mas agora, a Redenção e a convergência do cosmos à Cristo, está plenamente revelado, pela Igreja, aos principados e potestades nos céus. “e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde os séculos, esteve oculto em Deus, que tudo criou; para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus.” (Efésios 3:9-10). “descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra.” (Efésios 1:9-10).

Como estudamos acima, a revelação plena do Reino de Deus e de seu eterno propósito para a Terra e para o gênero humano, está revelado pelo Espírito Santo nas Escrituras (a Bíblia Sagrada), porém, a revelação particular sobre o papel de cada indivíduo neste plano não está na Bíblia, mas no canal da revelação divina. O filho de Deus que quiser entender seu divino propósito existencial, deve se embrenhar nesta incursão espiritual ao próprio coração do Criador. Lá existe um plano ao seu respeito escrito antes da fundação do mundo, e você precisa começar a conhece-lo.


Continua...

terça-feira, 8 de setembro de 2015

ABRINDO O CANAL DA REVELAÇÃO DIVINA


Você já imaginou a possibilidade de potencializar seu crescimento espiritual e aumentar o seu nível de conhecimento e compreensão dos mistérios de Deus? Não imagine apenas, creia. É possível!

Talvez você, como um cristão mais inteirado de sua fé e religiosidade diria: “Sim, eu sei como! Basta ler mais a Bíblia e orar mais!” A resposta não está longe da verdade, porém, é muito simplista pois há pessoas que possuem uma metódica devoção de leitura sagrada e oração, e ainda assim, seu conhecimento espiritual e compreensão mística são limitados ou já estão estagnados. O conhecimento de Deus não é “definitivo”, mas sim contínuo e crescente (Oséias 6:3)
A oração como resposta para este nível de revelação é verdadeira, mas não qualquer tipo de oração.

Assim como a oração ensinada por Jesus (Mateus 6:9-13) trata-se de um parâmetro para uma comunicação correta com o Pai, e não de uma reza sistemática, existem outros dois extraordinários modelos de oração, inspirados pelo Espírito Santo, que “completam” a grande Oração do Pai Nosso na vivência de um profundo relacionamento com Deus.

não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação, tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos e qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus...

Efésios 1:16-20

...me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome, para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior; para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.

Efésios 3:14-19

A epístola que Paulo escreveu aos efésios (cristãos da igreja em Éfeso), é sem dúvida alguma, dentre as treze acartas atribuídas à autoria do apóstolo Paulo, a mais reveladora no que tange à natureza, posição e autoridade da Igreja. Aliás, Paulo é o mais clarividente dos apóstolos bíblicos. Enquanto os doze apóstolos do Cordeiro receberam durante três anos e meio os ensinos fundamentais da Doutrina de Cristo encarnado, Paulo, mesmo entendo a importância dos rudimentos da fé (Hebreus 5:12-14; 6:1-3), recebeu de forma mística (II Coríntios 12:1-4), do Cristo glorificado, profundas revelações dos mistérios do Reino de Deus, o que ele mesmo reconheceu:

...tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como me foi este mistério manifestado pela revelação como acima, em pouco, vos escrevi, pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens...

Efésios 3:2-5

Sim, as epístolas paulinas e seus modelos de oração, constituem o maior legado de espiritualidade verdadeira e revelação divina da história da humanidade, e é sobre as duas orações de Paulo redigidas na carta ao Efésios que trataremos agora.


Continua...

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O DOM DE LÍNGUAS - EDIFICADOS EM AMOR


A base sustentadora de toda operação, dom e ministério, é o amor. Na verdade a função essencial do Espírito Santo é derramar o inexplicável amor de Deus em nossos corações, para que andemos em amor, “...o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Rm 5:5b).
Ao iniciar suas orientações apostólicas sobre o uso dos dons espirituais, Paulo esclareceu aos crentes da Igreja em Corinto que o amor é base e o “elemento introdutório” na busca dos dons espirituais. “Sigam o caminho do amor e busquem com dedicação os dons espirituais...” (1ª Co 14:1a – NVI) Note que a trilha espiritual que devemos seguir na busca dos dons é a “estrada do amor”. Se nos enveredarmos por outros caminhos, tudo será vão (1ª Co 13:1-3). Infelizmente, muitas são as pessoas que buscam os dons espirituais com interesses mesquinhos e egoístas, aliás, dois motivos ilícitos na busca dos dons são: (1) a fama que pode ser gerada pelo aspecto sensacional dos dons (At 8:18-24), e (2) a avareza de usar dádivas divinas com interesse comercial (2ª Tm 6:5).
Na verdade, todos os dons espirituais possuem um caráter altruísta, ou seja, sua utilização é em benefício alheio e sem “bônus” próprio. Exercemos os dons para abençoar as pessoas, porque as amamos com o amor de Jesus.
Imagine que os dons, ministérios e operações divinas, são meros tijolos de um grande edifício que está sendo gradualmente erguido. Perceba que sem esses tijolos espirituais, a estrutura do prédio pode continuar de pé. Porque? Porque o fundamento ou alicerce do edifício espiritual é que sustenta toda essa grande estrutura. Mas qual é o fundamento sobre o qual a vida espiritual está edificada? Medite na escritura abaixo:

para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.
Efésios 3:17-19
Note que para se referir ao amor, Paulo se utiliza de duas terminologias diferentes, um termo agrícola e um termo arquitetônico, arraigados e fundados em amor. Assim, Paulo declara que o fator de sustentação de todo aspecto da vida espiritual, inclusive os dons, é o amor, assim, nosso principal objetivo ao orar em línguas, é desenvolver o amor de Deus em nós. Portanto, oramos em línguas baseados nos amor e em busca do amor, do contrário, “ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou o sino que tine.” (1ª Co 13:1). Ainda no texto de Efésios 3:17-19, repare que somente estando arraigados e fundados em amor, poderemos, como Igreja, desfrutar de três maravilhosas dádivas eternas:
1-   A revelação em unidade. “...poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos...
2-   As dimensões da vida espiritual. “...qual seja a largura, e o comprimento, a altura, e a profundidade...
3-   A experiência com o amor de Cristo. “...e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento...
4-   A plenitude de Deus. “...para que sejais cheios de toda plenitude de Deus.
Todos podem e devem orar em línguas?

Um elo, ou vínculo é aquilo que interliga as coisas, promovendo a unidade. Qual é o vínculo que harmoniza toda a dimensão da espiritualidade cristã? “E, sobre tudo, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.
Antes de concluir este estudo, gostaria de esclarecer duas questões:
Em primeiro lugar, ao contrário do que ensinam alguns mestres mais conservadores, o orar em línguas é uma dádiva para todos os crentes em Jesus Cristo. Alguns gostam de utilizar isoladamente o texto de 1ª Coríntios 12:30: “...Falam todos diversas línguas?...” Paulo não se refere aqui às línguas para edificação, que são uma dádiva para todo discípulo de Jesus nascido de novo, ele está falando sobre um dos nove dons do Espírito Santo, a variedade de línguas. Paulo escreveu ainda: “Eu quero que todos vós faleis em línguas estranhas...” (1ª Co 14:5). Observe comigo três aspectos: (1) Quando ele disse todos, isso inclui você também (At 2:39; At 10:34). (2) Ele não desejaria tal coisa se o mesmo não fosse uma promessa confirmada (2ª Co 1:20). (3) A escritura de Paulo está no cânon sagrado porque é inspirada pelo Espírito Santo (2ª Pe 1:20-21), portanto, o desejo de Paulo aqui, expressa o desejo do Espírito Santo.
Em segundo lugar, devo dizer também que a despeito de alguém compreender esta dádiva ou não, ou de recebê-la em vida ou não, sua salvação não está ligada a nenhum dom, operação ou ministério, ela é uma graciosa dádiva que nos foi dada pela fé (Ef 2:8-9), portanto, à despeito de alguém falar em línguas ou não, se este alguém nasceu de novo (2ª Co 5:17), ela irá morar no céu, e assim, seja tradicional ou pentecostal, pode louvar a Deus dizendo: “Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável.” (2ª Co 9:15). Somente lamento que muitos estejam perdendo uma maravilhosa dádiva de edificação e fonte de poder espiritual que já lhes pertence.
Com equilíbrio e ortodoxia bíblica, podemos experimentar a mesma dimensão espiritual que experimentaram os apóstolos e os crentes primitivos. Não podemos separar as Escrituras do poder de Deus, tão pouco, podemos negligenciar a genuína experiência religiosa da alma em função da supervalorização de uma religiosidade meramente intelectual e racionalista.
As línguas são para hoje, são para você.

O DOM DE LÍNGUAS - UM REGULAMENTO BÍBLICO EQUILIBRADO


A maior ênfase na Bíblia às línguas estranhas é dada na primeira epístola do apóstolo Paulo aos crentes da cidade de Corinto. O fato é que os irmãos coríntios estavam dando demasiada importância às línguas em relação aos dons espirituais, além de usarem as línguas sem interpretação.
         Vamos observar no capítulo catorze desta carta, sete aspectos importantes para o regulamento do uso das línguas estranhas.
(1) A profecia edifica a igreja, mais do que a língua sem interpretação. (vv.1-4)
(2) A profecia e as línguas com interpretação têm igual importância na igreja. (v.5)
(3) Falar em línguas [alto] no culto público, sem interpretação, não beneficia os outros. (vv.6-12)
(4) Os que falam ou oram em língua na igreja, devem orar pedindo o dom da interpretação, para assim edificarem a igreja. (v.13)
(5) Na vida pessoal de Paulo, falar com Deus em línguas era um meio importante de adoração e de crescimento espiritual. (vv.14-19)
(6) A profecia é mais útil do que as línguas sem interpretação, visto que a profecia leva a convicção do pecado e a consciência da presença de Deus. (vv. 20-25)
(7) O falar em línguas e o profetizar devem ser regulados a fim de que prevaleça a ordem na igreja. (vv.26-40)

Outras observações do apóstolo Paulo são dignas de nota mais clara:

                   “E eu quero que todos vós faleis línguas estranhas...”(v.5)

Paulo deixa claro nesta declaração que as línguas não estão restritas a uma classe especial da igreja de “supercrentes” ou “superdotados espirituais”. Não. Absolutamente não! A glossolalia está disponível a todos os crentes que ardentemente desejam esta dádiva e crêem nela. Os critérios primordiais para receber são o ser salvo e o crer.

                   “E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.”(v.27)

         Este texto tem gerado acalorados debates entre cristãos piedosos, pois, embora sua abordagem seja bastante clara, envolve fatores de tempo, espaço e circunstancia. Paulo estava dizendo que durante um culto publico, não devem os crentes falar em línguas de maneira desorganizada. Vejamos algumas diretrizes:
(1) Numa só reunião não deve haver mais do que dois ou três que falem, orem ou louvem em línguas audivelmente, e isto somente com interpretação.
(2) Falar em línguas deve ser feito por uma pessoa de cada vez.
(3) Toda enunciação audível em línguas deve ser julgada pela igreja, quanto a sua autenticidade.
(4) Não havendo ninguém presente com o dom de interpretar, o crente pode, em silencio, falar em línguas em oração pessoal dirigida a Deus.
Observemos outros três aspectos importantes sobre as orientações de Paulo:
(1) Tempo: Eram os primeiros anos do movimento do Espírito Santo na igreja, e, havia muito a que aprender, pois o ministério público nas sinagogas desde então, estavam restrito aos líderes religiosos, mas agora o Espírito Santo estava sobre toda a carne. (At 2:17)
(2)  Espaço: a igreja/templo/casa é lugar primordial do cristão racional (Rm 12:2), mas os coríntios estavam cometendo excessos na utilização do dom de línguas, e isto era inadmissível, haja vista que os não crentes participavam do culto. Daí a importância do regulamento do apóstolo Paulo.
(3) Como já foi dito, a circunstancia em questão era a incoerência espiritual dos coríntios em relação a ordem do culto. Paulo se dirigiu especificamente a esta igreja, pois a desordem era demasiada.
“...não proibais falar em línguas.”(v.39)

Paulo foi claro em afirmar que não se pode proibir o falar em línguas na igreja. Haverão momentos de profundo enlevo e êxtase espiritual na igreja, movido pelo aspecto transcendental da religião,  que longe de causar escândalo, causará admiração aos de fora. Porém, no versículo posterior, Paulo impõe um limite as manifestações e reações dos crentes na igreja.

“Mas faça-se tudo decentemente e com ordem.”(v.40)

Não é raro observarmos manifestações humanas escandalosas e desordeiras nos cultos pentecostais, e isto trás grande prejuízo a obra de Deus. Estes excessos, porém, não devem ser coibidos com rigor demasiado, e sim, sanados através de ensino paciente, mansidão e muito amor por parte da liderança, do contrario, muitos podem ser entristecidos e escandalizados por líderes intolerantes.

“E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.” (v.32)

Não é raro ouvirmos “ensinadores” incoerentes ou ignorantes dizerem que o Espírito Santo está sujeito ao profeta, quando o que está sujeito ao profeta é o espírito [humano] do profeta. Entendemos que ninguém é “tomado” pelo Espírito Santo para falar em línguas, falaremos se quisermos, porém, se não quisermos, conteremos o nosso espírito. Mas quando o Espírito Santo decide se mover com poder na coletividade da igreja, o homem tem seu ser saturado pela graça divina e se entrega as reações mais diversas, é ai que surgem os pulos, as quedas, as “coreografias” e todo tipo de manifestação extravagante, porém, inofensiva.
Em fim, esta dádiva é para você. Não retarde a promessa de Deus e quando a receber, não a retenha.

“Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.” (II Coríntios 3:17)

PORQUE DEVEMOS ORAR EM LÍNGUAS


         O apóstolo Paulo não poupou satisfação e júbilo ao dizer para os crentes da Igreja de Corinto: “Dou graças a Deus, porque falo em outras línguas mais do que todos vós.” (1ª Co14:18)
         Paulo conhecia a importância fundamental de se orar no Espírito Santo (Rm8:26,27; Ef 6:18; Jd 20). A glossolália era parte indispensável na vida devocional do apóstolo dos gentios, visando auto-edificação (1ª Co 14:4a).
         O contexto histórico da primeira epistola aos coríntios nos deixa claro que a única coisa que eles queriam fazer, era falar em outras línguas. Agora vamos entender algo significativo aqui, se Paulo falava mais línguas que os coríntios, podemos deduzir então que Paulo acordava falando em línguas, falava em línguas ao dormir, falava em línguas entre as refeições... Preocupo-me muito com o fato de muitos crentes que receberam o dom não utilizá-lo, pois estão perdendo uma tremenda fonte de gozo e crescimento espiritual. Vejamos, portanto, alguns motivos porque todo crente, discípulo de Jesus deve orar em línguas estranhas.

         1º Motivo: As línguas são para edificação espiritual. A palavra edificar, do grego “oikodome”, significa literalmente construir uma casa ou edifício. Fala-nos da construção minuciosa e gradual de uma vida espiritual poderosa. Essa construção envolve o aperfeiçoamento do caráter e o aprofundamento no relacionamento com Deus. Portanto, as línguas são o mais precioso canal para uma vida espiritual mais dinâmica e real. “O que fala em língua estranha edifica-se a si mesmo...”(1ª Co 14:4a). Outro fato maravilhoso sobre as línguas, é que, mesmo que não as compreendamos é o mais perfeito meio de comunicação com Deus. “Porque o que fala língua estranha não fala aos homens, senão a Deus...” (1ª Co 14:2a). E a segunda parte deste versículo nos trás outra revelação esclarecedora para aqueles que temem falar em outras línguas e serem reprimidos por alguém. “...porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios.” (14:2b)

         2º Motivo: As línguas são uma evidência do batismo no Espírito Santo. Línguas demonstram-se em três narrativas claras do livro de Atos, provam de maneira irrefutável que elas são a marca do verdadeiro revestimento espiritual de poder. Alguém até pode estar realmente cheio do Espírito Santo sem falar em línguas, mas a evidência de uma vida profunda e crescente é a constante oração no Espírito. Línguas é como o transbordar de um vaso que foi cheio até a boca, sabemos que transbordou quando a água cai pelas bordas do  vaso (At 2:4; 10:45; 19:6).

         3º Motivo: Falar em línguas é uma das provas da ressurreição e glorificação do Senhor Jesus. Pregando a respeito da ressurreição nos versículos 24 e 25 de Atos 2, Pedro citou as Escrituras do Salmo 16 assim: “por isso, se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou...” (At 2:26). O mesmo poder da ressurreição, é o poder que influencia crentes de todas as gerações a falarem em línguas misteriosas. (Rm8:11; Jo 16:7)

         4º Motivo: Falar em línguas é o cumprimento óbvio das profecias de Isaías e Jesus. Isaías profetizou: “Porque, por lábios estranhos e por outra língua, falará a este povo.” (Is28:11) e Jesus disse que as línguas acompanhariam a pregação do evangelho pela fé. “E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome... falarão novas línguas.” (Mc 16:17)

         5º Motivo: As línguas nos relembram a presença do Espírito Santo que habita em nós. Como Pedro e sua comitiva sabiam que os gentios haviam recebido o Espírito Santo? Atos 10:46 diz: “Pois os ouviam falando em outras línguas e engrandecendo a Deus.” Ou seja, tratava-se da evidência sobrenatural ou inicial da presença do Espírito Santo neles.

         6º Motivo: Orar em línguas estimula a fé. Falar em línguas me ajuda a confiar mais plenamente em Deus. Não nos dará fé, mas acrescentará e ajudará a nossa fé. Vejamos o que disse o discípulo Judas (não o que traiu, mas o irmão do Senhor) em sua carta: “Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo.” (Jd 20). Sendo o Espírito Santo quem dirige sobrenaturalmente a nossa oração quando oramos em línguas, a fé precisa ser exercitada para falá-las, porque não sei qual virá a ser a palavra seguinte. Confio e espero em Deus para que inspire em mais e mais palavras sobrenaturais, e confiar e esperar em Deus em algum aspecto, nos ajudará a confiar e esperar em outros aspectos, isto desenvolve ainda mais a fé.

         7º Motivo: Orarem línguas é um meio de nos proteger da contaminação mental imposta pelo mundo. Falar em línguas é um modo eficaz de nos mantermos “alienados” às conversas ímpias, profanas, grosseiras e maledicentes que acontecem ao nosso redor, além de proteger nosso subconsciente de imagens concupiscentes que casualmente se colocam diante dos nossos olhos. Podemos então, falar em línguas silenciosamente, em particular com Deus. Independentemente de onde estivermos, podemos proceder conforme o apóstolo Paulo orientou: “Mas, se não houver interprete,...fale[em línguas] consigo mesmo e com Deus.” (1ª Co 14:28). Não importa onde você está você pode falar consigo mesmo e com Deus em mistérios, assim, sua mente estará alheia e livre das contaminações do mundo.

         8º Motivo: Falar em línguas submete a nossa língua ao senhorio de Cristo. Quando oramos em línguas estamos sujeitando a nossa língua à vontade do Espírito Santo. Falar em línguas é um passo importante no intuito de entregar totalmente o corpo a Deus, afinal, nenhum homem pode domar sua própria língua. “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o seu corpo. Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.” (Tg 3:2,8)

         9º Motivo: As línguas são uma forma incomparável de gozo e regozijo espiritual na comunhão entre dos santos. Observemos Efésios 5:18 e 19: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito Santo, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração.” Estando cheios do Espírito Santo, podemos numa reunião de oração render ao Senhor cânticos espontâneos nascidos nas profundezas do nosso espírito, até que de maneira natural, nos encontramos louvando a Deus em línguas estranhas. Está é uma experiência de profundo deleite espiritual e geradora de poder e unidade.

10º Motivo: Orar em línguas é uma forma singular de refrigério espiritual. Isaías 28:11 e12 diz: “Pelo que, por lábios estranhos e por outra língua, falará a este povo, ao qual disse: Este é o descanso, daí descanso ao cansado; e este é o refrigério...” De forma que esta profecia é mencionada por Paulo justamente quando escreve aos coríntios sobre o uso das línguas (1ª Co 14:21-22) Tenho observado que realmente a melhor maneira de descansar a alma fadigada pelos infortúnios e tempestades da vida, é orando no Espírito Santo, bendizendo-o em línguas. Esta prática tem um poder terapêutico insubstituível. Nestes dias conturbados de perplexidades, tumultos e inseguranças, precisamos nos livrar de todas as nossas sobrecargas e opressões. Acredito que Jesus se referia também a isto quando convidou os cansados e oprimidos para um alívio singular (Mt 11:28).

11º Motivo: Orando em línguas, damos graças com perfeição. Não há melhor maneira de render louvor e agradecimento a Deus do que através das línguas estranhas. É evidente que ao darmos graças por uma refeição que nos foi oferecida em casa alheia e outras situações, devemos dar graças com o entendimento, para que todos possam dizer o amém. Mas em nossa devoção diária precisamos exercitar com afinco o dar graças no Espírito, pois é o único meio perfeito para isso, como disse Paulo: “Porque realmente tu dás bem as graças...” (1ª Co 14:17).

12º Motivo: Orar em línguas é orar em perfeita harmonia com a vontade de Deus. A maior deficiência de muitas orações é o “eu”, ou seja, o egocentrismo que nos leva à orações egoístas, sempre buscando a mão de Deus e não a sua face. A verdade é que quanto mais eloqüentes e formais forem as nossas orações, ainda assim não sabemos orar como convém (Rm 8:26), por isso, ao orar em línguas, inconscientemente, oferecemos orações realmente agradáveis a Deus.

13º Motivo: A oração em línguas faz a verdade “explodir” dentro de nós. Um dos nomes distintivos do Espírito Santo está intimamente ligado a verdade: “o Espírito da verdade...” (Jo 14:17a). Uma das missões do Espírito Santo é promover a verdade dentro de nós, e existem mentiras tão enraizadas em nossa natureza carnal que nós mesmos acreditamos nelas. A verdade não é uma mera declaração externa, é uma revelação interna. E esta revelação só pode ser dada pela atividade do Espírito Santo em atuando em nós. Não podemos receber a verdade no âmbito natural, mas seremos guiados de forma sobrenatural através da oração que o Espírito Santo cria em nosso espírito. “Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade...” (Jo 16:13a). Tenho descoberto que quando oramos no Espírito a verdade “explode” dentro de nós, de forma que manifestamos a verdade em três níveis: (1) Manifestamos toda a verdade para nós mesmos; (2) manifestamos toda a verdade para os outros; e (3) manifestamos a verdade diante de Deus e sobre Deus. Além disso, através da oração no Espírito conhecemos a verdade suprema, JESUS (Jo 14:6).

14º Motivo: A oração em línguas revela e manifesta a nossa vocação no Senhor. A Igreja possui uma vocação missiológica coletiva, mas cada crente em particular também possui uma vocação espiritual pessoal. No âmbito da Igreja não existe um teste vocacional sistemático; a vocação de cada um é outorgada e revelada pelo Espírito Santo. A oração de Paulo pelos crentes da cidade de Colossos era “para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação, tendo iluminados os olhos do vosso entendimento...” (Cl 1:17 e 18a) Agora surge a indagação: porque Paulo desejava que os colossenses desfrutassem deste nível de revelação espiritual? A resposta está na seqüência do texto: “...para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos.” (v. 18b). Note duas coisas aqui: (1) Devemos saber qual a esperança de nossa vocação e (2) Saber quais as riquezas da glória da sua herança nos santos.
Em primeiro lugar a esperança da nossa vocação é a eternidade e o céu, mas em um plano temporal refere-se à nossa missão específica aqui na terra.
Em segundo lugar, as riquezas da glória desta herança espiritual referem-se ao nosso honroso papel no corpo de Cristo (nos santos). E isto somente pode ser manifesto no homem interior (Ef 3:16 - ler). O que Paulo estava realmente desejando é que o mistério mais profundo, que fora ocultado de todos os patriarcas e profetas, fosse revelado a cada um de nós. Mas que mistério é este? “o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecerquais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória.” (Cl 1:26-27). Sabemos que a unção que estava sobre Jesus enquanto homem, era sem medida (Jo3:34), assim, Jesus possuía em si todos os dons, ministérios e operações do Espírito Santo. Nós, como membros do corpo de Cristo não possuímos essa vocação total deste corpo místico de Cristo (1ª Co 12:12-30), por isso, precisamos descobrir em que dom, ministério e operação encontraremos a plenitude de nossa vocação entre os santos. Cada uma das facetas ministeriais de Jesus atua em cada um de nós de maneira distinta, precisamos descobrir qual dos muitos ministérios de Jesus operam em nós:
AS OPERAÇÕES (Rm 12:8-10, 28) – Dons do Pai, propósito e motivação básica da vida.
(1) Profecia (Mt 16:21)
(2) Ministério (Mt 20:26; Jo 13:13-16)
(3) Ensino (Mt 5-7:29)
(4) Exortação (Mt 23:1-39; Lc 9:41; Jo 3:3)
(5) Liberalidade (Mt 14:3-21; Jo 6:1-15)
(6) Liderança (Mt 28:19; Mc 16:15; Lc 24:49)
(7) Misericórdia (Mt 14:14; Jo 11:38)

OS MINISTÉRIOS (Ef4:11; 1ª Co 12:28) – Dons do Filho, para edificar e equipar o corpo da Igreja.
(1) Apóstolo (Hb 3:1)
(2) Profeta (Lc7:16)
(3) Evangelista (Lc4:18-19)
(4) Pastor (Jo10:11)
(5) Mestre (Jo 3:2; 13:13)
(6) Missionário (Mc 1:38)

OS DONS (1ª Co 12:1-11) – Dons do Espírito Santo, distribuídos pela soberania do Espírito.
(1) Palavra de Sabedoria (Lc20:25; Jo 8:7)
(2) Palavra de Conhecimento (Mt 17:24-25; Mc 2:8; Lc 9:46-47)
(3) Discernimento de espíritos (Mc 9:29)
(4) Profecia (Mt 24:2)
(5) Variedade de Línguas (Mc 16:17) Obs.: Dom pós ascensão.
(6) Interpretação de Línguas (Mt 15:24-28)
(7) Fé (Mc 11:12-24)
(8) Dons de Cura (Mc 1:34; 3:10; 6:55-56)
(9) Operação de Milagres (Lc8:22-25; Jo 11:38-45)

GRAÇAS ESPECIAIS. Restrito às pessoas com um nível diferenciado de dedicação e consagração.
(1) Hospitalidade.(Mt 25:35-40;Hb 13:1-3; 1ª Pe 4:10-11)
(2) Celibato. (Mt 19:10; 1ª Co 7:7-9,27; 1ª Tm 4:3; Ap 14:4)
(3) Martírio. (Mt 20:28; Hb 11:37-38; 1ª Pe 4:12-13; Ap 6:9-11)

Jesus possuía em seu chamado e missão a totalidade destes atributos espirituais e ministeriais, e hoje, Ele habita em nós pelo Espírito e nos cabe descobrir nossa vocação no Senhor.
A oração constante e perseverante em línguas é a chave para encontrarmos e desenvolvermos a plenitude do nosso chamado em Cristo, ou seja, o que Cristo é em nós e o que somos nele.

15º Motivo: A oração em línguas é uma profunda fonte de revelação profética. A presença de Deus é como um profundíssimo abismo de gozo e plena satisfação, que, quanto mais nos aprofundamos, mais desejamos nos aprofundar, o salmistaentendia isso, aliás, este é o verdadeiro significado de: “Um abismo chama outro abismo, ao ruído das catadupas...” (Sl 42:7). Rios, cachoeira e correntezas, são manifestações impetuosas da água, que representam a poderosa operação do Espírito Santo (Is 44:3; Jo7:38-39). Há um texto escrito pelo profeta Isaías (59:19b), cuja tradução em português tem um erro de concordância em relação ao original hebraico. Vou transcrevê-lo duas vezes para que você note a diferença:

...vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará contra ele sua bandeira.

         Vejamos agora a maneira correta:

...vindo o inimigo, como uma corrente de águas o Espírito do Senhor arvorará contra ele a sua bandeira.

Percebeu? O que virá como uma corrente de águas não é o inimigo, mas sim o Espírito Santo. A diferença está na vírgula após a frase: “vindo o inimigo,...
O salmista (Sl 42:7) estava declarando que em meio ao som das correntezas do Espírito Santo, o desejo de sua alma por ir mais profundo na revelação de Deus aumentava. Esta é uma das missões do Espírito Santo, nos revelar “...as profundezas de Deus.” (1ª Co 2:10).
Quando oramos em línguas, estamos “vasculhando” o coração de Deus com sua permissão, ainda que não percebamos em que nível de revelação estamos. Na oração em línguas podemos atingir em dado momento, uma dimensão de esclarecimento tão grande, que visões podem surgir em nosso espírito, a respeito de coisas, situações e pessoas. Tenho vivido a experiência de receber revelações proféticas nos mais diversos níveis, enquanto oro em línguas, assim, tenho podido abençoar muitas pessoas com palavras proféticas, algumas muito enigmáticas, outras muito claras. Não posso provar isso, mas gosto de conjeturar que Paulo teve sua experiência no terceiro céu quando orava em línguas, já que orava em línguas mais do que qualquer um em seu tempo (1ª Co 14:18).
A oração em línguas te levará a um nível muito profundo de revelação profética e discernimento espiritual.

16º Motivo: As línguas são um sinal do projeto de Deus para a restauração da unidade. Nos primórdios do pentecostalismo, obviamente houve uma divisão em função da religiosidade que sempre foi característica da índole humana, mas com o tempo passamos a compreender que paradoxalmente oposto à tudo o que possamos imaginar com nossas mentes “teologicamente corretas”, a experiências do falar em línguas vem promovendo uma inesperada unificação eclesiástica. Vamos pensar com a mente de Cristo. No livro de Gênesis temos o relato da única coisa que causa real preocupação em Deus, a UNIDADE para projetos ímpios.

Aí disseram: Agora vamos construir uma cidade que tenha uma torre que chegue até o céu. Assim ficaremos famosos e não seremos espalhados pelo mundo inteiro. Então o Senhor desceu para a cidade e a torre que aquela gente estava construindo. O Senhor disse assim: Essa gente é um povo só, e todos falam uma só língua. Isso que eles estão fazendo é apenas o começo. Logo serão capazes de fazer o que quiserem.
Gênesis 11:4-6 – NTLH

         Isso pode não ser teologicamente razoável, mas seja sensível e note o tom de preocupação do Senhor. Ele viu que o governo humano instituído pela “proclamação de independência” de Adão, não teria mais limites agora que o homem conhecera o poder da UNIDADE. Deus Todo Poderoso chega a dizer: “...Logo eles serão capazes de fazer o que quiserem.” Entendemos que além da fé, outro elemento que abole as limitações humanas é a unidade em direção a uma visão comum.
         Deus, então, reúne-se com a Trindade e a Plenitude da Divindade descem pessoalmente para solucionar o problema da globalização ímpia. “Vamos descer e atrapalhar a língua que eles falam...” (v. 7A). A diversidade idiomática foi a solução de Deus para espalhar os homens, mas o Senhor já tinha um plano para unir os homens outra vez, agora, não para a implantação do poderio humano, mas para a implantação do Reino de Deus entre os homens: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, de acordo com o poder que o Espírito Santo dava a cada pessoa.” (Atos 2:4 – NTLH).
         É inevitável, o mover do Espírito Santo é um poder irresistível, que tem varrido a terra, muitos ainda resistem, mas a despeito de aceitarem ou não, os céticos devem reconhecer que a plenitude pentecostal está unindo a Igreja neste tempo do fim. A questão é a VISÃO. Assim como Babel possuía uma visão de unidade para estabelecer a Dispensação do Governo Humano, o Pentecostes possui uma visão de unidade para estabelecer a Dispensação do Milênio, que é o pleno Reino de Deus.

17º Motivo: A oração em línguas mortifica a natureza adâmica. Reconhecer e se entregar à Jesus Cristo como Senhor e Salvador pessoal de nossas vidas gera um milagre espiritual chamado “nascer de novo” (Jo 3:1-8), trata-se do nascimento de um novo homem, criado outra vez à imagem de Deus, embora, ainda com a natureza adâmica habitando em seu corpo. Jamais nos veremos livres da natureza caída enquanto vivermos nessa terra. Na verdade, a plenitude da vida espiritual em Cristo só pode ser vivida se passarmos por um processo de três etapas: (1) Mortificar; (2) Despojar e (3) Revestir. (Cl 3:5,8,10,12,14). Ao nascermos de novo nossa velha natureza é mortificada e dá lugar a uma nova natureza (1ª Pe 1:3; 2ª Pe 1:4; 1ª Jo 2:29; 4:7; 5:1,4,18) à imagem de Deus e com o caráter de Jesus (Gl 5:22), mas a natureza adâmica, ainda que morta, está em nós, e só será destruída por ocasião da glorificação (1ª Co 15:52-58). O apóstolo Paulo vivenciou a terrível e constante batalha da mortificação da natureza carnal (Rm 7:7-25). No meu limitado entendimento, existem pelo menos sete maneiras básicas para se mortificar a carne:
(1) Nascendo da Semente da Palavra (1ª Pe 1:23)
(2) Dedicar-se a uma vida de renúncia (Lc14:33)
(3) Aborrecendo o sistema mundial (Tg 4:4; 1ª Jo2:15-17)
(4) Vivendo uma vida de fé (Hc 2:4; Rm 1:17; Gl 3:11; Hb 10:38)
(5) Amando e vivendo pela Palavra (Sl 119:11; Mt 7:24-27; Hb 4:12; Ap 3:8)
(6) Imitando a Jesus Cristo (1ª Jo 2:6; 1ª Co 11:1; Ef 5:1)
(7) Andando no Espírito (Gl 5:16-18)
Preferi deixar o tópico “Andando no Espírito” por último, pois aqui temos informações preciosas para uma vida espiritual profunda e vitoriosa. O andar no Espírito não é um acontecimento específico, é uma experiência gradual também composta por alguns passos práticos:
(1) A comunhão com o Espírito Santo (2ª Co13:13; At 13:2-4; 15:28)
(2) A santificação pelo Espírito Santo (Tt 3:5; 1ª Pe 1:2)
(3) O batismo no Espírito Santo (Mt 3:11; Mc 1:8; Lc 3:16; Jo 1:33; At 1:5)
(4) O falar pelo Espírito Santo (2º Sm 23:2; Mt 10:20; At 4:13)
(5) A oração no Espírito Santo (Ef 6:18; Jd 20; 1ª Co 14:14a)
A constante oração no Espírito complementa todos os demais passos anteriores, e tem o poder de mortificar e conservar morta a natureza caída.

18º Motivo: A oração em línguas vivifica a nova natureza. Não basta morrer o velho Adão em nós sem que se desenvolva Jesus Cristo em nós. Isto é a edificação: “querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” (Ef 4:12-13). As sete palavras sublinhadas representam o ininterrupto processo de vivificação da Nova Natureza:
(1) Aperfeiçoamento. A nova natureza em Cristo Jesus deve ser aperfeiçoada continuamente (2ª Co 7:1; Hb13:21; Mt 5:48).
(2) Ministério. A nova natureza se desenvolve à medida que desenvolvemos a capacidade de servir (Gl 5:13).
(3) Edificação. O desenvolvimento da nova natureza acontece à partir do fundamento para cima (Ef 2:20; 1ª Co 3:11).
(4) Unidade. O entendimento do princípio divino da unidade revela o nível de desenvolvimento da nova natureza (Jo17:21).
(5) . A vida de fé e pela fé cresce à medida que o novo homem cresce.
(6) Conhecimento. O conhecimento possui muitos níveis (Os 6:3a), que são alcançados à medida que o novo homem se relaciona com Cristo.
(7) Completude. Ser espiritualmente completo em Cristo (Ef3:19) deve ser a busca prioritária daquele que nasceu de novo.
O coração e o espírito de uma nova criatura são novos (Ez36:26; 2ª Co 5:17).
Davi exultaria por conhecer os nossos dias, e viver a graciosa experiência do novo nascimento. Em arrependimento avassalador ele clamou a Deus pela dádiva que hoje desfrutamos: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto.” (Sl51:10). Mas ele sabia que para essa experiência ser uma realidade em sua vida, ele precisava desesperadamente da permanência do Elemento vital: “Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo.” (v.11).
         Ao orarmos em línguas o Espírito Santo promove o crescimento do novo espírito recriado e renascido, levando-o a uma dimensão de revelação e conhecimento de Deus que não podem ser conquistados nos melhores seminários teológicos. A nova natureza possui um novo idioma oculto no interior do espírito de cada crente (todos), basta calar os clamores da alma e quebrar o silêncio do espírito, que será vivificado dia após dia. Glória a Deus!