segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O DOM DE LÍNGUAS - EDIFICADOS EM AMOR


A base sustentadora de toda operação, dom e ministério, é o amor. Na verdade a função essencial do Espírito Santo é derramar o inexplicável amor de Deus em nossos corações, para que andemos em amor, “...o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Rm 5:5b).
Ao iniciar suas orientações apostólicas sobre o uso dos dons espirituais, Paulo esclareceu aos crentes da Igreja em Corinto que o amor é base e o “elemento introdutório” na busca dos dons espirituais. “Sigam o caminho do amor e busquem com dedicação os dons espirituais...” (1ª Co 14:1a – NVI) Note que a trilha espiritual que devemos seguir na busca dos dons é a “estrada do amor”. Se nos enveredarmos por outros caminhos, tudo será vão (1ª Co 13:1-3). Infelizmente, muitas são as pessoas que buscam os dons espirituais com interesses mesquinhos e egoístas, aliás, dois motivos ilícitos na busca dos dons são: (1) a fama que pode ser gerada pelo aspecto sensacional dos dons (At 8:18-24), e (2) a avareza de usar dádivas divinas com interesse comercial (2ª Tm 6:5).
Na verdade, todos os dons espirituais possuem um caráter altruísta, ou seja, sua utilização é em benefício alheio e sem “bônus” próprio. Exercemos os dons para abençoar as pessoas, porque as amamos com o amor de Jesus.
Imagine que os dons, ministérios e operações divinas, são meros tijolos de um grande edifício que está sendo gradualmente erguido. Perceba que sem esses tijolos espirituais, a estrutura do prédio pode continuar de pé. Porque? Porque o fundamento ou alicerce do edifício espiritual é que sustenta toda essa grande estrutura. Mas qual é o fundamento sobre o qual a vida espiritual está edificada? Medite na escritura abaixo:

para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.
Efésios 3:17-19
Note que para se referir ao amor, Paulo se utiliza de duas terminologias diferentes, um termo agrícola e um termo arquitetônico, arraigados e fundados em amor. Assim, Paulo declara que o fator de sustentação de todo aspecto da vida espiritual, inclusive os dons, é o amor, assim, nosso principal objetivo ao orar em línguas, é desenvolver o amor de Deus em nós. Portanto, oramos em línguas baseados nos amor e em busca do amor, do contrário, “ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou o sino que tine.” (1ª Co 13:1). Ainda no texto de Efésios 3:17-19, repare que somente estando arraigados e fundados em amor, poderemos, como Igreja, desfrutar de três maravilhosas dádivas eternas:
1-   A revelação em unidade. “...poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos...
2-   As dimensões da vida espiritual. “...qual seja a largura, e o comprimento, a altura, e a profundidade...
3-   A experiência com o amor de Cristo. “...e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento...
4-   A plenitude de Deus. “...para que sejais cheios de toda plenitude de Deus.
Todos podem e devem orar em línguas?

Um elo, ou vínculo é aquilo que interliga as coisas, promovendo a unidade. Qual é o vínculo que harmoniza toda a dimensão da espiritualidade cristã? “E, sobre tudo, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.
Antes de concluir este estudo, gostaria de esclarecer duas questões:
Em primeiro lugar, ao contrário do que ensinam alguns mestres mais conservadores, o orar em línguas é uma dádiva para todos os crentes em Jesus Cristo. Alguns gostam de utilizar isoladamente o texto de 1ª Coríntios 12:30: “...Falam todos diversas línguas?...” Paulo não se refere aqui às línguas para edificação, que são uma dádiva para todo discípulo de Jesus nascido de novo, ele está falando sobre um dos nove dons do Espírito Santo, a variedade de línguas. Paulo escreveu ainda: “Eu quero que todos vós faleis em línguas estranhas...” (1ª Co 14:5). Observe comigo três aspectos: (1) Quando ele disse todos, isso inclui você também (At 2:39; At 10:34). (2) Ele não desejaria tal coisa se o mesmo não fosse uma promessa confirmada (2ª Co 1:20). (3) A escritura de Paulo está no cânon sagrado porque é inspirada pelo Espírito Santo (2ª Pe 1:20-21), portanto, o desejo de Paulo aqui, expressa o desejo do Espírito Santo.
Em segundo lugar, devo dizer também que a despeito de alguém compreender esta dádiva ou não, ou de recebê-la em vida ou não, sua salvação não está ligada a nenhum dom, operação ou ministério, ela é uma graciosa dádiva que nos foi dada pela fé (Ef 2:8-9), portanto, à despeito de alguém falar em línguas ou não, se este alguém nasceu de novo (2ª Co 5:17), ela irá morar no céu, e assim, seja tradicional ou pentecostal, pode louvar a Deus dizendo: “Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável.” (2ª Co 9:15). Somente lamento que muitos estejam perdendo uma maravilhosa dádiva de edificação e fonte de poder espiritual que já lhes pertence.
Com equilíbrio e ortodoxia bíblica, podemos experimentar a mesma dimensão espiritual que experimentaram os apóstolos e os crentes primitivos. Não podemos separar as Escrituras do poder de Deus, tão pouco, podemos negligenciar a genuína experiência religiosa da alma em função da supervalorização de uma religiosidade meramente intelectual e racionalista.
As línguas são para hoje, são para você.

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