segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O DOM DE LÍNGUAS - COMO AS LÍNGUAS SE PROCESSAM DENTRO DE NÓS



         Para compreendermos mais detalhadamente como ocorre o fenômeno do falar em outras línguas dentro do ser, é necessário analisarmos e definirmos os termos: corpo, carne, alma, espírito, mente e coração. Definamos assim:
         Corpo. Meio de consciência e contato com o mundo físico, ou seja, através dos sentidos do corpo (visão, audição, paladar, tato e olfato) retiramos as impressões do mundo físico.
         Carne. O termo carne é aplicado em dois aspectos distintos: referente a composição física do ser humano (corpo), ou referente a natureza adâmica do ser humano não regenerado (“pecado”).
         Alma. Meio de consciência de nós mesmos, ou seja, através dos atributos da alma (intelecto, desejo, vontade e emoção) conhecemo-nos como seres humanos.
         Espírito. Meio de consciência de Deus, ou seja, através do espírito percebemos de maneira consciente ou inconsciente que existe uma dimensão superior a nossa ( o mundo espiritual) e um Ser Superior a nós (Deus).
         Mente. É o atributo da alma responsável pelo processo do pensamento e do raciocínio lógico. É a mente que recolhe as primeiras impressões externas que são absorvidas através dos sentidos do corpo.
         Coração. É a sede de toda a essência do ser humano, normalmente a Bíblia apresenta o coração como sendo sinônimo de espírito. Podemos dizer que o coração é a consciência do espírito humano unida à alma; “tudo está no coração”.

         Precisamos entender que a alma está entre o corpo e o espírito para servir de intermediário entre ambos. Portanto, até mesmo as coisas do mundo espiritual passam pela alma antes de chegarem ao espírito e manifestarem-se no corpo. Exemplo: A plenitude do Espírito Santo é ministrada ao espírito do homem, mas seu efeito inicial que é a glossolalia, passa pelo processo mental (alma) antes de manifestar-se na língua (corpo).
         Podemos dizer então que as línguas estranhas fluem na mente do homem (que no processo do batismo é espiritual como a mente de Cristo - 1ª Co2:16) antes de serem verbalizadas por ocasião do enchimento com o Espírito Santo. Não podemos nos esquecer, porém, que um conflito espiritual é travado na mente, portanto, o Inimigo da nossas almas tentará persuadir-nos a não recebermos a experiência alegando em nossa mente os cinco principais argumentos “lógicos”:

1-   “Isto é coisa da minha cabeça, não posso falar estas línguas.”
Esta argumentação é muito comum em mentes confusas e indecisas, e normalmente tais características são comuns nas pessoas ansiosas. Lembre-se, quando for cheio do Espírito Santo e as línguas fluírem em seu interior, isto não é coisa da sua cabeça, é coisa do seu espírito.
 
2-   “Esta língua se parece muito com a do outro irmão.”
Sabe, ao estudar inglês você perceberá que o seu inglês é semelhante ao inglês de seus colegas de classe. Usei esta redundância para lhe esclarecer que as línguas estranhas podem assumir as mais diversas variações de pronuncia, mas normalmente são sempre iguais entre os crentes, e isto não é imitação consciente, mas uma santa comunhão inconsciente.

3-   “Sou muito falho, e falar em línguas é muito santo.”
Sabendo que, assim como todas as bênçãos espirituais (Ef 1:3) são dádivas da graça, não há méritos humanos para recebê-las, mas meramente fé, simples e pura fé, senão vejamos: “Só quisera saber isto de vós: Recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?... Aquele, pois, que vos dá o Espírito e que opera maravilhas entre vós o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” (Gl 3:2, 5). Se crermos simplesmente na palavra, falaremos em línguas, mesmo sem merecermos.

4-   “Não creio que seja tão simples assim.”
O aspecto do evangelho que mais choca os racionalistas é a sua “quase absurda” simplicidade. Em Cristo os rituais são descartados, as extensas fórmulas religiosas são ignoradas, tudo está baseado em um único atributo, a fé. A religião é muito complexa e o apóstolo Paulo temia que esta complexidade contaminasse a fé. “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” (2ª Co 11:3). Creia, ser batizado no Espírito Santo com a evidência de falar em outras línguas é mais simples do que você possa imaginar. Creia e fale em línguas! Eu cri, por isso falei! (2ª Co4:13)

5-   “Mas isto não tem lógica para mim”.
Lamentavelmente a cultura da Grécia ainda hoje exerce muita influência no pensamento popular, e isto se torna ainda mais grave quando esta infame cultura filosófica dos “porquês” permeia a cristandade. A teologia cristã tem sido contaminada pelo “espírito da Grécia” que agrega o “elemento lógica” à fé bíblica, assim, tudo tem ter uma explicação lógica para ser comprovado. A chamada ciência moderna, que aderiu cegamente às idéias evolucionistas (ou darwinistas) e ao ceticismo ateísta tem sido um fator antagonista aos milagres, ao poder de Deus e aos relatos bíblicos do sobrenatural, ao que Paulo nos adverte: “...guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência.” (1ª Tm 6:20). Precisamos nos lembrar que todos os tesouros da sabedoria e da ciência estão escondidos em Jesus Cristo (Cl 2:3), e somente pelo Espírito Santo os podemos sondar (1ª Co 2:10). Pare de buscar lógica nas coisas do Espírito e receba por fé aquilo que Deus já proveu à Igreja (você) no dia de Pentecostes (At 2:1-4).

Observe que estes empecilhos mentais são colocados normalmente na primeira pessoa do singular, “eu”, pois é exatamente assim que os sistemas de crença e o próprio Satanás ataca os nossos pensamentos, ele diz: “você não pode!” e você responde ao argumento pensando: “eu não posso!

·        Tudo o que se tem no espírito é expresso através do coração. O coração é, portanto, o elo entre as obras do espírito e da alma.

Se você saturar o seu coração com a plenitude das coisas concernentes ao Espírito Santo e com os mistérios revelados do Reino espiritual, em dado momento seus lábios adorarão a Deus em línguas diversas e estranhas, “...Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca...” (Mt 12:34b)
Jesus ensinou ao doutor Nicodemus que o que faz com que o homem tenha comunhão com Deus e esteja apto a entrar no Reino de Deus, não é a “boa” religião, pois, “aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3:3b). Mas, neste processo do novo nascimento, o que se torna novo no homem? A resposta é: “E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo...” (Ez36:26a).

Na regeneração Deus nos dá somente um novo espírito e um novo coração, e não uma nova alma e um novo coração. Por que? Para que através do novo espírito nós tenhamos com Deus a mesma comunhão que Adão tinha antes da Queda, e um novo coração, para vivermos uma nova vida e termos novos desejos na alma (lembre-se que o desejo é um atributo da alma). A alma é uma parte que não precisa ser refeita; a alma corresponde a mente (são sinônimos) e precisa ser renovada constantemente pela Palavra de Deus  (Romanos 12:2; Hebreus 4:12). É o coração do homem que precisa ser recriado, pois nele estão as fontes da vida, “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida.” (Pv 4:23). Por exemplo, o que deve ser feito ao espírito e ao coração do crente após haver pecado? Davi responde com uma oração: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto.” (Sl51:10)

A glossolalia como todos os aspectos do cristianismo genuíno, é um ato de fé, se não crermos, não receberemos, e a fé não é um atributo mental, mas sim uma expressão do coração. Por exemplo, muitos gostam de dizer que a fé remove montanhas, mas a Bíblia não diz isso.

Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te ao mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito.
Marcos 11:23

         A fé não remove montanhas, mas sim, a palavra expressa com fé, a verbalização da fé. E, Jesus disse que esta fé não é intelectual (intelecto é atributo da alma), e sim, do coração.

         Paulo ratificou esta verdade quando disse acerca da salvação: “Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.” (Rm10:10) Ou seja, é com o coração que se crê, e com a boca se externa esta crença. Portanto, para receber o batismo no Espírito Santo e falar em línguas é preciso crer com o coração, e não com o intelecto. Surge então a pergunta: Se eu crer com o coração, qual a possibilidade de eu falar em línguas? A resposta é: Nenhuma. Quem pede recebe!

Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas...
Atos 1:8a

         Observemos três verdades esclarecedoras nesta promessa de Jesus:

         1ª Verdade: Mas recebereis...” Receber é um ato da vontade, ninguém recebe um presente se não quiser. Alguém pode vir até mim para entregar-me um presente, mas se eu não quiser aceitar, posso simplesmente dizer: “Obrigado, mas eu não quero receber.” E não estenderei as mãos para pegá-lo.
         2ª Verdade:...que há de vir sobre vós...” Sendo uma promessa de Deus, torna-se infalível. Se você crer haverá de vir independente de qualquer ardil do Inimigo, absolutamente há de vir. Glória a Deus!

         3ª Verdade:...ser-me-eis testemunhas...” A conotação do texto não testemunhas para mim, e sim, testemunhas de mim, ou seja, não faremos apenas o trabalho de falar sobre Jesus, nós o demonstraremos através de todo o nosso ser, pois a palavra testemunha aqui no original é “mártir”, ou “produtor de evidências vivas”. O Senhor tem pressa de que abramos as nossas mentes espirituais para receber esta dádiva, pois ele deseja usar-nos como poderosas testemunhas de sua ressurreição.

         Precisamos proteger o nosso coração (Pv 4:23), pois o coração é o primeiro a se corromper antes de um pecado consumado.

Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.
Mateus 15:19

Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo.
Hebreus 3:12

         Para se receber o “batismo pentecostal” é necessário crer, pois todos os aspectos do evangelho são manifestos através da fé. Mas o que é necessário para adquirirmos a fé ideal? “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” (Rm10:17)
         Não basta que os pastores e mestres ensinem que Jesus batiza com o Espírito Santo, é fundamental ensinar por que precisamos de tal batismo, como recebê-lo, e quais serão as implicações gerais que o cercam, e isto de maneira detalhada, através da palavra de Deus. Como poderemos crer plenamente no falar em línguas se não ouvimos ensinos bíblicos sobre o assunto?
         Não podemos esperar que uma “bola de fogo caia sobre nós” para recebermos esta maravilhosa dádiva, mas o grande problema é este, muitos estão aguardando uma experiência transcendental para falarem em línguas. O ser humano tende a querer ver alguma extraordinária para que possa abrir o seu espírito para as coisas de Deus, e se esquece que: “...andamos por fé e não por vista.” (2ª Co 5:7). Fé não é ver, fé não é sentir, fé é receber! “Por isso, vos digo que tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis” (Mc 11:24)
         Estas palavras de Jesus são muito expressivas, pois revelam a natureza infalível da fé bíblica.
         A tradução NVI (Nova Versão Internacional) torna este mesmo versículo ainda mais extraordinário:
         “Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá.
         Pode-se dizer então: Se você pedir em oração o batismo no Espírito Santo, crendo que esta é uma dádiva recebida, basta simplesmente falar em línguas estranhas.
         Se o que produz tal fé é a palavra de Deus (Rm10:17), então devemos encher o nosso coração, e não a nossa mente com a palavra de Deus (Sl 119:11).


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