sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O DOM DE LÍNGUAS


O termo técnico-teológico para o falar em línguas é “Glossolália”; é a fusão de duas palavras gregas: Lalia = “discurso”, “fala” e glossa = “língua”, “linguagem”.
         Ao contrário do “vento” e do “fogo” (Atos 2:1-4), as línguas estranhas são um padrão para todos os discípulos que são cheios do Espírito Santo e queiram andar em uma dimensão de fé sobrenatural, pois as línguas são a principal ferramenta de edificação espiritual do crente.

E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo concedia que falassem.
 (Atos 2:4)

Vamos trocar “...conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” Por “...conforme o Espírito Santo lhes concedia a verbalização inspirada.
Devemos entender que a “verbalização” é uma atitude pessoal e racional que cabia apenas aos discípulos, porém, tal verbalização foi inspirada pelo Espírito Santo.
Podemos então concluir com exatidão que o Espírito Santo inspira sobrenaturalmente o homem a falar em um idioma desconhecido, mas é o homem que decide se fala em outras línguas ou não, externando tal inspiração.
Vamos definir três aspectos fundamentais: (1) Línguas como manifestação do Espírito; (2) Línguas como sinal externo do batismo no Espírito Santo; e (3) Línguas como Dom.

Línguas como manifestação do Espírito. É uma expressão vocal inspirada pelo Espírito Santo na qual o crente fala em uma língua que nunca aprendeu (At 2:4; 1ª Co14:14-15). Podem ser línguas humanas (At 2:6) ou línguas desconhecidas na terra (1ª Co 13:1).

Línguas como sinal externo do batismo no Espírito Santo. O Espírito do crente se une ao Espírito Santo para louvar e/ou profetizar. Já no inicio da dispensação do Espírito o Senhor deixou claro que as línguas seriam o primeiro sinal da plenitude do Espírito Santo na vida do crente. Este foi um padrão na Igreja Primitiva, e é um padrão para a Igreja em todas as gerações e épocas (At 10:45-46). Sendo assim, podemos saber o local e o momento exato em que alguém recebeu o Batismo no Espírito Santo.

Línguas como Dom. Na lista de Paulo (1ª Co 12:4-10) as línguas estão descritas como um dom com dois objetivos principais:

(1) Línguas seguidas de interpretação pelo Espírito no culto público para a edificação da congregação (1ª Co 14:5-6, 13-17).

(2) Línguas para dirigir-se a Deus em adoração e para auto-edificação.
Obs.: No culto público, silenciosamente (com concessões); na devoção pessoal, à vontade.

O falar em línguas ocorre diversas vezes no N.T.:
         Falar em outras línguas – Atos 2:4
         Falar em línguas – Atos 10:46; 19:6; 1ª Coríntios 12:30; 14:5-6, 18
         Falar numa língua – 1ª Coríntios 14:2,4,13
         Falar em línguas de homens e de anjos – 1ª Coríntios 13:1
         Falar em novas línguas – Marcos 16:17
         Variedade de línguas – 1ª Coríntios 12:10,28
         Línguas – 1ª Coríntios 13:8; 14:22
         Uma língua – 1ª Coríntios 14:14,19,26

A Experiência Pessoal de Paulo

E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmãos Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo...
Atos 8:18a

         O objetivo da imposição das mãos de Ananias em Saulo era que ele fosse cheio do Espírito Santo.
         Lucas não relata nenhuma manifestação da glossolalia neste episódio. É certo, no entanto, que o apóstolo Paulo, depois da experiência na casa do irmão Judas, na Rua Direita, Paulo falava em línguas regularmente e freqüentemente desde então. “Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos.” (1ª Co 14:18). Se muitos teólogos tradicionais e céticos consideram as línguas inúteis, então porque o sábio e espiritual apóstolo Paulo era tão grato a Deus por esta preciosa dádiva. Acerca disso falaremos mais adiante.

         No livro de Atos dos Apóstolos a experiência de falar em línguas somente ocorre no momento do recebimento do Batismo no Espírito Santo, pois as línguas são a evidência marcante do mesmo. Parece, portanto, perfeitamente lógico que no exato instante da imposição de mãos do discípulo Ananias, Paulo foi batizado no Espírito Santo com a evidência do falar em línguas.

         Paulo desfrutava de uma singular comunhão com o Espírito Santo através da oração, especialmente da oração em línguas. Tal comunhão estava refletida em seu profundo anelo por ver a Igreja desfrutando desta intimidade com o Deus Trino, de sorte que Paulo ministrando a benção apostólica aos crentes da Igreja em Corinto expressou: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!” (2ª Co 13:13). A sublime graça de Jesus Cristo já se manifestou em seu ministério aos homens, Deus Pai já revelou a grandeza de seu inexplicável amor ao enviar seu único Filho para morrer por nós, mas a comunhão do Espírito Santo se manifesta hoje para a Igreja, na dispensação da graça, para que todo filho de Deus possa gozar de estreita e íntima comunhão com a Divindade por sua terceira maravilhosa Pessoa. Paulo queria que a comunhão do Espírito Santo fosse uma realidade plena e constante para os crentes, pois ele mesmo desfrutava desta dádiva graciosa.

         O segredo da intimidade de Paulo com o Senhor era justamente sua vida singular de oração, que incluía longos períodos de oração em línguas. Além disso, através da oração em línguas Paulo recebeu as mais profundas revelações doutrinárias que o nutriram espiritualmente para escrever suas treze cartas e desvincular a fé cristã do judaísmo ortodoxo. Aliás, todo conhecimento espiritual de Paulo não teve nenhuma espécie origem acadêmica; ele mesmo considerou todo seu conhecimento intelectual e religioso como esterco (Fl 3:8); sua ciência espiritual também não foi adquirida através de ensinos de homens, mas por revelação direta de Jesus Cristo (Gl 1:11-12).

         Os escritos doutrinários de Paulo são notoriamente caracterizados por sua compreensão de mistérios espirituais que somente poderiam ser absorvidos por meios divinos, o próprio Paulo escreveu acerca disso: “pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas.” (Ef 3:4-5).

         A principal característica espiritual de Paulo era sua profunda compreensão e conhecimento dos tempos, os escritos paulinos revelam que ele não estava deslocado no tempo, tanto em relação à sua própria vida e ministério, quanto à dispensação dos tempos da Igreja. O Espírito Santo revelou a Paulo o tempo oportuno que Deus escolhera para restaurar todas as coisas em Cristo.

descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra.
Efésios 1:9-10

         Paulo está aqui declarando que o mistério da vontade agora está revelado à Igreja de forma tão clara e cristalina, como jamais esteve, nem mesmo nos tempos de profetas como Moisés e Elias. Ele escreve que esta soberana vontade de Deus sempre foi preparar uma ocasião ideal para a manifestação do Filho Deus, no qual todas as coisas seriam congregadas. Este “tempo perfeito” ou “chronos pleroma” era bem conhecido por Paulo, que depois de uma veemente exortação aos romanos sobre amor, vigilância e pureza, alertou: “E isto digo, conhecendo o tempo...” (Rm13:11).

         Outro aspecto em que Paulo estava profundamente instruído e preparado era com relação à batalha espiritual e o papel da Igreja do Senhor na mesma, e a grande chave desta visão profética sobre o reino espiritual era justamente a oração no Espírito (em línguas): “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito...” (Ef6:18).
         Acerca da origem das revelações de Paulo na glossolalia estudaremos mais a frente.


Continua...

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